Arlindo Daibert - sem título Técnica Mista Foto Divulgação

Obra sem título, de Arlindo Daibert, realizada em técnica mista (Foto: Divulgação)

A marca da produção artística da universidade é o papel vanguardista para o cenário das artes visuais. É o que se pode concluir da exposição “Testemunhos Possíveis”, com inauguração marcada para sexta-feira, dia 13, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com entrada franca. A mostra celebra os dez anos do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF, reunindo mais de 70 obras de 36 artistas, entre alunos e professores, que atualmente participam da escola ou que já passaram por ela.

Ocupando as três galerias do Mamm, a ideia é mostrar como os conceitos e as propostas dos mentores repercutem ao longo do tempo no estilo dos alunos, muitos dos quais já consagrados, formados no âmbito da academia. A coletiva retrata, passo a passo, a evolução da arte em Juiz de Fora e no Brasil, trazendo os antecedentes da criação do IAD, com a obra da primeira professora do ainda curso de Desenho e Plástica, Vilma Pasqualini, até os elementos contemporâneos utilizados pela nova geração de professores e alunos.

Em termos de linguagem, a evolução histórica é nítida, com a presença de trabalhos mais tradicionais, como cerâmica, desenho, gravura, pintura, passando pelos recursos fotográficos, chegando até às formas digitais e instalações.  

Mudanças graduais

Ricardo Cristófaro - Sem título madeira e ferro Foto Divulgação

Ricardo Cristófaro – Sem título madeira e ferro Foto Divulgação

 

Como ressalta o curador da mostra, diretor do Mamm e também professor do IAD, José Alberto Pinho Neves, desde o início a proposta foi romper com o elemento mais clássico que vinha de escolas de artes existentes na cidade, e criar um diálogo com que havia de mais moderno nas artes. “A função da academia é ensinar, fazer a travessia de um ponto ao outro. Tirar as pessoas do estado de desconhecimento de um assunto ao estado de conhecimento. Acrescentar algo que falta à cidade e, com isso, oferecer uma produção nos termos daquilo que está recebendo.”

As mudanças foram graduais, porém, importantes e com grandes consequências. O primeiro curso de Desenho e Plástica era alocado no Instituto de Ciência Exatas (ICE) e dava ênfase ao aspecto técnico, formando os alunos para atuarem, sobretudo, como desenhistas de projetos. Mas o desejo de docentes e discentes inflamou o espaço para a vocação artística. O antigo Desenho depois transformou-se em curso de Educação Artística e, posteriormente,  tornou-se o Instituto de Arte e Design (IAD) , com curso de música e artes, com habilitações em diversos instrumentos, além das áreas audiovisual, moda e design.

Para o atual diretor do IAD, Ricardo Cristófaro, “Testemunhos Possíveis” serve de amostra de tudo o que foi realizado. “A mostra tem o recorte das artes visuais, e mesmo assim, trazendo o trabalhos de alguns alunos e professores. É uma amostragem, porém, significativa de como o projeto que foi pensado e começou a caminhar há mais de 50 anos deu certo. Por meio da exposição, percebemos como os atores que participam e participaram do IAD conseguiram se estabelecer no mercado.”

A fala do diretor não é simplesmente retórica. Na lista constam nomes de repercussão nacional como Leila Danzinger, Arlindo Daibert, Marcos Varela, Leonino Leão, Fabrício Carvalho, entre outros.

Se a arte é um legado deixado pelo artista à sociedade, uma herança cultural para usufruto dos povos que dela se aproveitam, é também, antes de tudo, uma lição para aqueles vocacionados para seu ofício. Uma linha de transmissão antiga, entre mestre e discípulo, que mantém viva a chama desse dom humano.  

Francisco Brandão__ Peitá Mondrian_2016_ Foto Divulgação

Obra Francisco Brandão__ Peitá Mondrian_2016_ Foto Divulgação

Por essa razão, “Testemunhos Possíveis” trata “de um tributo ao saber, que ilumina e expande a produção criativa, reiterando que é através da arte que se vence o tempo, que se delineia a memória revelada na interpretação pessoal do artista para os fatos do universo, seja ele interior ou exterior”.

Participantes da mostra

Participam da exposição os professores que atuam ou já atuaram no IAD:  Afonso Rodrigues;  Arlindo Daibert; Edna Rezende;  Fabrício Carvalho; Leila Danzinger; Leonino Leão; Letícia Bertagna; Marcos Varela; Pilar Domingo; Pinho Neves; Priscila de Paula; Ricardo Cristofaro; Ricardo Dubinkas; Sandra Sato;  Valéria Faria; Vilma Pasqualini ; e os alunos que já passaram pelo IAD ou que ainda estudam no Instituto: Adriana Lopes; Adriana Pereira;  Amaury de Batisti;  Cassio Tassi; Eduardo Borges; Fernanda Cruzick; Francisco Brandão; Gerson Guedes; Guilherme Melich; Gustavo Machado; Julia Vitral; Lei Galvão; Matheus de Simone; Paulo Alvarez; Ramon Brandão; Renato Abud; Suzana Lima; Tiago Macedo; Tonil Braz; e Washington da Silva.

O Mamm fica localizado na Rua Benjamin Constant 790, no Centro da cidade.

Outras informações: (32) 3229-9070 (Mamm-UFJF)