O início do Simpósio “Crise do capital e conflitos de classe no contexto mundial latino-americano”, sediado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nesta quinta-feira, 3, foi marcado pela palestra dos professores João Claudino Tavares, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Felipe Abranches Demier, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Promovido pela Faculdade de Serviço Social e pelos programas de Pós-Graduação em Serviço Social da UFJF e da UERJ, o evento visa discutir as implicações dos governos ditatoriais ocorridos entre as décadas de 1960 e 1980 no Brasil e em países da América Latina e da Europa.
O professor João Claudino Tavares, da UFF, abordou questões sobre a crise na conjuntura política e econômica das décadas de 1960 e 1980 e como elas estão presentes na forma como o capitalismo se reproduz nos dias de hoje. Ele explica que a crise é um elemento da reprodução do capital, que tem sido mais persistente do que os aspectos positivos de desenvolvimento do capitalismo. “As condições de vida da classe trabalhadora têm sido, cada vez mais, dificultadas depois dos anos 60, em que pensou-se que o capitalismo havia conquistado um desenvolvimento progressivo. Contudo, a crise se institucionalizou. O que o capitalismo faz é tentar administrá-la e fazer com que as pessoas achem que ela vai passar.”
Tavares atentou, ainda, para a relação estabelecida entre a crise do capital e as ditaduras latino-americanas. “Para administrar a crise do capital, tivemos que passar por uma ditadura muito incisiva. Hoje, a crise ainda não foi resolvida e as ditaduras estão voltando disfarçadas, mas cruéis”, afirma.
Com a proposta de discutir as ditaduras latino-americanas sob uma perspectiva conceitual teórica, o professor Felipe Abranches Demier abordou o sentido histórico de regimes políticos e formas de dominação que o Estado capitalista pode assumir em determinadas conjunturas. “O debate sobre as ditaduras ajuda a entender o processo histórico que nos levou a esse tipo de democracia restrita, antipopular, que tem como eixo o ataque aos direitos sociais. Portanto, essa discussão afeta, diretamente, não só os profissionais do Serviço Social, mas toda a comunidade”.
A professora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, Ana Paula Procópio da Silva, conta que veio ao evento por considerar que a discussão sobre o tema é importante para a compreensão do atual momento do Brasil. “É necessário munir os sujeitos com informações e reflexões para que possam compreender esse momento político e econômico do país e do mundo, de modo que se possa pensar análises, mas também saídas coletivas, formas de enfrentamento aos desdobramentos da crise do capital.”
Outras informações: (32) 2102-3561 – Faculdade de Serviço Social