A arte como espelho da alma; como reflexo material e visível de uma realidade interior, porém reconhecível e manifesta. É o que os visitantes da mostra “Faces da Anima” podem ver na Galeria Renato de Almeida do Centro Cultural Pró-Música/UFJF. A exposição, que vai até 11 de setembro, reúne obras do artista paranaense Rogério Esmanhotto que tratam do tema do psiquismo sob viés da psicologia analítica de Carl Jung. A mostra pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, com entrada franca.
Nos 14 trabalhos em tinta acrílica, de dimensões que marcam presença – o menor dentre eles é de 80x100cm -, figuras anônimas de mulheres gordinhas preenchem as telas, nas mais diversas situações: dançando; de biquíni na praia, banhando-se ao sol; deitadas em casa, penteado os cabelos ou tomando sorvete. Erotismo e cores quentes não faltam às personagens do artista. Em algumas obras, há homenagens e referências a mulheres icônicas como Tarsila do Amaral, em “Buipu e Boia”, e Marilyn Monroe, em “Antônia e o Vento”.
De acordo com Esmanhotto, há duas razões para pintar mulheres em molde plus size. A primeira vem da memória. “Na festa de formatura da minha irmã, tinha uma convidada, uma moça gordinha acompanhada do namorado, mas que era a mais bela das mulheres. A imagem daquela mulher ‘fora dos padrões’, mas segura de si, realizada, brilhante, chamou a minha atenção e não mais a esqueci. O impacto foi tão profundo que isso aconteceu em 1998 e comecei a pintar essas figuras somente sete anos depois.”
A segunda razão é de ordem teórica, vem ao encontro da primeira e dá o acabamento à explicação de Esmanhotto: “Sou arquiteto de profissão e nesse trabalho eu aplico a teoria junguiana da psicologia analítica. Dentro desse escopo teórico do Jung, todo ser humano integralmente concebido tem um lado masculino e outro feminino. Um aspecto visível de criação, extroversão, de contato com o mundo, e outro de passividade, acolhimento, de interiorização. Todo ser humano tem um lado Yang e um lado Yin, que ele chama de animus (masculino) e anima (feminino). Neste sentido, as obras são uma projeção inconsciente da minha anima, do meu lado feminil”.
Prosseguindo no argumento, Esmanhotto detalha como os traços curvos de suas musas são identificados, na psicologia complexa, com o eixo feminino do ser, e os traços retos dos objetos, com os masculinos. Jung à parte, o artista reconhece no geometrismo de suas figuras humanas influências do Cubismo e do Expressionismo, escolas das quais absorveu a linguagem da pintura.
O artista
Rogério Esmanhotto é arquiteto e servidor do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, há 11 anos, onde exerce sua formação acadêmica. O contato com a arte começou pelo desenho na adolescência, ainda de forma contida. Após a morte do pai, em 1999, o artista resolveu dar mais espaço à sua vocação. Desde então, Esmanhotto acumula participação em várias coletivas e mostras individuais, além de prêmios como o primeiro lugar no júri técnico do 7º Salão de Artes Visuais de Guarulhos-SP.
O Centro Cultural Pró-Música-UFJF fica localizado na Avenida Rio Branco, 2.329, no Centro da cidade.
Outras informações: (32) 3218-0336 (Centro Cultural Pró-Música-UFJF)