Penny Werthner - membro equipe olímpica canadense Foto Alexandre Dornelas

Penny Werthner : “A partir do autoconhecimento, nasce a reflexão do que é bom e do que não é bom para o atleta, levando em consideração a personalidade de cada jogador e o tipo de esporte praticado” (Foto: Alexandre Dornelas)

A renomada consultora de Psicologia do Esporte canadense, Penny Werthner, que trabalha para o Comitê Olímpico do Canadá e atende equipes olímpicas desde 1985, encerrou a programação do Congresso Ciência do Esporte, realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Penny expôs trabalhos relacionados à preparação mental de atletas para uma plateia atenta, que lotou a sala 1 do Prédio Itamar Franco, na Faculdade de Engenharia da UFJF. O professor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) Renato Miranda foi o responsável por moderar a palestra, que contou com tradução simultânea.

De acordo com a pesquisadora, este é um momento propício para se discutir a Psicologia do Esporte, por se tratar das vésperas dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o maior evento esportivo do mundo, que coloca em cheque toda a preparação psicológica do atleta. “O esporte competitivo demanda que o atleta esteja em seu nível máximo de concentração, e isso é trabalhoso, porque ele não escolhe as datas das competições. Então, é preciso fazer com que esteja em sua melhor forma naquele momento específico da competição.”

Penny ponderou que a parte psicológica é apenas uma das variáveis que cercam um atleta de alto rendimento e seu técnico, tais como a preparação física, os equipamentos de competição, os treinos e a preparação técnica, tática e física, além de seu meio social. “A questão é que todos os atletas se preparam e chegam ao ápice no momento da competição. Estão todos física e taticamente preparados. O  psicológico do atleta pode ser um fator decisivo, que pode determinar a vitória e o ouro nos Jogos Olímpicos, por exemplo.”

Para a especialista, que também competiu em alto nível, nos tempos de atleta, o trabalho com o esporte de ponta é complexo, porque floresce o lado introspectivo do atleta, ao mesmo tempo em que favorece um contato mais íntimo entre ele e sua equipe. “Este processo é uma espécie de autoconsciência. A partir do autoconhecimento, nasce a reflexão do que é bom e do que não é bom para o atleta, levando em consideração a personalidade de cada jogador e o tipo de esporte praticado. Esta é a parte mais divertida, porque cada ser humano é diferente do outro, então se aprende um pouco sobre a vida e o jeito de cada um, ao longo do tempo.”

Porém, o contato com o atleta e o desenvolvimento do trabalho nem sempre são fáceis. “Trabalhei com um que demorou três ciclos olímpicos para compreender as etapas do plano traçado para ele. Logo no segundo passo, ele deixava de se comprometer com o que foi estabelecido, pois julgava o plano simples demais e começava a fazer o que outros atletas faziam, ao invés de praticar o plano, e os resultados nunca vinham. No terceiro ciclo olímpico, ele se comprometeu com o que foi estabelecido, com o mesmo ‘plano simples’ e conseguiu  seu melhor resultado, que foi a medalha de bronze nos Jogos de Londres, em 2012.”

A aluna do curso de Jornalismo da UFJF, Marina Urbieta, diz ter se surpreendido com os ensinamentos adquiridos durante o evento. “Penny Werthner trouxe informações sobre como funciona o preparamento psicológico deles e como isso é fundamental. O que eu gostaria de destacar é o que vários treinadores e fisioterapeutas também são unânimes: não adianta todo treinamento de força se o psicológico do atleta nos últimos momentos antes da competição não corresponder. Esse é o grande diferencial. Além disso, ela mostrou imagens e vídeos para exemplificar seus estudos e o trabalho que aplica nos seus alunos.”

Já a estudante de Educação Física no Instituto Federal Sudeste, em Rio Pomba (MG), Irismar Almeida, que estuda Educação Física no IF veio a Juiz de Fora apenas para acompanhar o Congresso na UFJF, disse estar satisfeita com a oportunidade de presenciar o trabalho de atletas e comissões técnicas, que participarão dos Jogos do Rio. “Gostei muito de ter vindo, porque vi essa oportunidade única de interagir, escutar profissionais super qualificados, de várias partes do mundo. Pude conhecer um pouco da experiência deles, suas histórias, até eles chegarem aonde se encontram atualmente. Tenho certeza que, com essa experiência, consegui implementar e abrir meu campo de visão, em relação à área da Educação Física, identificando várias possibilidades dentro de minha formação.”

Durante o congresso, atletas, chefes e membros das delegações que estão treinando na UFJF compartilharam suas rotinas e experiências com os participantes. O evento foi inteiramente gratuito e contou com grande participação do público.

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