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De 2000 a 2010, a doutoranda apontou uma queda drástica nos números paulistas (em especial na Grande São Paulo), contrastando com a estagnação dos números nacionais (Foto: Visual Hunt)

A aluna do Programa de Pós-graduação em Economia, Maria Viviana de Freitas Cabral, defendeu hoje sua tese de doutorado: “Avaliação do impacto do Infocrim sobre as taxas de homicídio nos municípios paulistas: uma aplicação do método de diferenças em diferenças espaciais”, no qual apurou o papel desse sistema digital – que mapeia as ocorrências criminais no estado de São Paulo – no combate ao crime.

Maria Viviana investigou o tema sob o prisma da teoria econômica do crime – proposta, em 1968, pelo Prêmio Nobel de Economia, Gary S. Becker -, considerando a atividade ilegal como uma escolha tomada por indivíduos racionais e, portanto, determinada por fatores econômicos. A doutoranda, ainda, apontou a criminalidade como um “problema multidimensional”, influenciado pelo cenário político e social. Dessa forma, esse indivíduo hipotético pesaria os prós e contras da atividade ilícita.

Considerando idade, escolaridade e renda como variáveis desse processo de escolha (além de fatores ambientais, como taxa de desemprego e desigualdade de renda), a doutoranda passou a apurar a relevância das políticas de segurança pública como fator. Segundo ela, a eficiência e o rigor da aplicação da lei servem como um dos “contras” para a atividade ilegal.

A criminalidade no Brasil e no Estado de São Paulo

Comparando os índices de crimes em todo o território brasileiro com os de São Paulo, de 2000 a 2010, a doutoranda apontou uma queda drástica nos números paulistas (em especial na Grande São Paulo), contrastando com a estagnação dos números nacionais. O bom desempenho do estado na segurança pública (que passou do 4º estado mais violento para o 3º menos violento no ranque nacional) seriam o Estatuto do Desarmamento (iniciativa do Governo Federal, em vigência desde 2003) o conjunto de políticas específicas do estado, em especial o Infocrim.

Desenvolvido em 1999, a partir da digitalização dos boletins de ocorrência, este sistema mapeia as áreas mais problemáticas da cidade, permitindo um planejamento mais preciso dos recursos policiais.

Maria então coletou e avaliou dados que indicassem o real papel desse sistema na notável redução de crimes letais, utilizando as técnicas da econometria espacial para uma pesquisa qualitativa. Dessa forma, ela considerou os demais fatores e as particularidades do espaço a ser investigado.

A Banca Examinadora – composta pelos professores Ricardo Freguglia (UFJF); Marcelo Justus dos Santos (Unicamp); Alexandre Sartoris Neto (Unesp); Eduardo Simões de Almeida (UFJF), que também orientou o trabalho; e pela professora Flávia Lúcia Chein Feres (UFJF) –  elogiou a originalidade da ideia e da metodologia do trabalho.