Amilton Sinatora - prof USP - Encontro Mineiro de Engenharia de Produção (Foto: Alexandre Dornelas)

Amilton Sinatora: “É nosso papel, como pesquisadores, buscar uma interação entre a base de conhecimento e as oportunidades de mercado” (Foto: Alexandre Dornelas)

Com o tema “Desafios da inovação para um futuro sustentável”, começou nesta quinta-feira, dia 26, o XII Encontro Mineiro de Engenharia de Produção, neste ano, realizado na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento surgiu como uma reunião regional e cresceu com a participação de congressistas de outros estados, conquistando espaço no cenário nacional.

A mesa de honra que abriu o encontro ressaltou a importância da inovação no atual cenário de crise econômica. Nesse contexto, foi destacado o papel da Universidade em promover o fomento das iniciativas de inovação, em parceria com as empresas, e dos alunos, como agentes centrais desse processo. Na mesa de abertura estavam presentes o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFJF, Eduardo Antônio Salomão Condé; o secretário de Governo da Prefeitura de Juiz de Fora, José Sóter de Figueiroa Neto; o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Produção, Milton Vieira; o presidente do Fórum Mineiro de Engenharia de Produção, Ângelo Rocha de Oliveira; a coordenadora da Faculdade de Engenharia de Produção da Doctum, Tássia Vieira; e o coordenador do evento e do curso de Engenharia de Produção da UFJF, Luiz Henrique Dias Alves.

Figueiroa Neto pontuou a herança de Juiz de Fora como pioneira no desenvolvimento de inovações, com a criação da primeira hidrelétrica da América Latina, a Usina de Marmelos, e da primeira linha rodoferroviária de Minas, a Estrada União Indústria. Segundo ele, o evento sediado na cidade representa o necessário movimento de produção de conhecimento e aproximação da comunidade acadêmica com as demandas da Indústria.

Dando continuidade ao Encontro, o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Amilton Sinatora, ministrou a palestra “A eficiência energética por meio da colaboração Universidade-Empresa: o caso dos motores flex”, na qual expôs os métodos e os  desafios de trabalhar em conjunto com o setor empresarial.  Ele utilizou como exemplo seu próprio projeto, desenvolvido na USP, voltado para a melhoria do rendimento dos motores flex.

Inovação e melhoria

Inicialmente, o professor Amilton expôs a diferença entre inovação e melhoria: “Pesquisa é a ferramenta de resolução de problemas, quando não se pode usar o estoque de conhecimento já existente. Ao utilizar uma solução inovadora, a empresa garante uma vantagem competitiva. Nem sempre o empresário enxerga por essa perspectiva, tendo suas prioridades no balanço trimestral da empresa (no curto prazo). É nosso papel, como pesquisadores, lembrá-los disso, buscando uma interação entre a base de conhecimento e as oportunidades de mercado”.

Uma das formas que Sinatora encontrou para diminuir o fosso entre universidade e Indústria foi criando uma conexão física entre as duas entidades. Conforme ele, na crise econômica de 2008, quando as fábricas reduziram a carga horária de seus funcionários, a USP convidou os engenheiros para trabalharem nos laboratórios durante o tempo livre. Essa relação foi se estreitando e, atualmente, a parceria de empresas nos projetos de pesquisa tem como pré-requisito a presença de algum funcionário no quadro de doutorandos ou mestrandos. Dessa forma, existe um diálogo entre os conhecimentos práticos e acadêmicos, e a inovação técnica passa a abranger, também, a formação e a capacitação de profissionais já inseridos na indústria.

 pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFJF, Eduardo Antônio Salomão Condé - Encontro Mineiro de Engenharia de Produção (Foto: Alexandre Dornelas)

O pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Eduardo Antônio Salomão Condé (segundo à esquerda), representou a UFJF (Foto: Alexandre Dornelas)

Seu atual projeto, iniciado em 2008 e programado para conclusão em 2017, tem como foco a melhora do desempenho de motores flex no longo prazo, baseado no desenvolvendo de conhecimentos e técnicas inovadoras. Apoiada por diversas empresas do setor, a pesquisa foi o primeiro Consórcio da Fapesp. Nos desafios que o professor encontrou, a burocracia para proposição e tramitação da pesquisa foi o que tomou mais tempo, necessitando de uma estrutura de regulamentação inteiramente nova.

Sinatora concluiu reforçando sua expectativa de continuidade de projetos similares, que trabalhem com necessidades específicas do Brasil (como pesquisas sobre o uso do etanol) que sejam combinadas com as demandas das empresas, tendo estas não só como financiadoras, mas como coorientadoras e parceiras. Dessa forma, a pesquisa deverá se tornar parte do planejamento estratégico das empresas.

Confira a programação completa do  XII Encontro Mineiro de Engenharia de Produção

Outras informações: (32) 2102-3498 (Departamento de Engenharia de Produção-UFJF)