Para Drubsky, no Brasil, há uma distância entre a prática do trabalho em campo e o conhecimento acadêmico (Foto: Twin Alvarenga)

Para Drubsky, no Brasil, há uma distância entre a prática do trabalho em campo e o conhecimento acadêmico (Foto: Twin Alvarenga)

A falta de sintonia entre os dirigentes dos clubes e os técnicos, a ausência de regulamentação da profissão e o despreparo de alguns colegas que também exercem o cargo estão entre os vários desafios da atividade de treinador de futebol no Brasil. Esta leitura do cenário nacional foi feita nesta quarta pelo treinador do Tupi, Ricardo Drubsky, em palestra para alunos e profissionais na Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da UFJF.

Drubsky abordou o tema “O treinador e o professor, competências que se completam”, apresentou metodologias para a formação de treinadores e falou sobre as dificuldades que devem ser superadas no país. “No Brasil, há uma distância entre a prática do trabalho em campo e o conhecimento acadêmico. Isto porque nós, professores, podemos ser treinadores, mas o ex-atleta também pode e os leigos – jornalistas, simpatizantes do futebol, personalidades da mídia -, também”, criticou.

Como incentivo aos alunos que veem o futebol como área de atuação, o treinador ressaltou as muitas oportunidades nesta esfera do esporte e que os profissionais precisam buscar seu espaço. “Ocupar o futebol é direito e obrigação do profissional de educação física!”, afirmou o professor, que atualmente integra uma equipe responsável pelo curso de formação e qualificação de treinadores de futebol da CBF, já reconhecido pela Conmebol, e que caminha para a legitimação também da UEFA.

A solução para o problema da desvalorização do treinador formado profissionalmente, segundo Drubscky, está exatamente na capacitação de “amadores”. “O passo mais direto para vencermos este obstáculo é justamente a valorização da escola que está sendo desenvolvida na CBF como sendo um curso obrigatório e essencial para estes profissionais”, observou.

Defendendo o conhecimento acadêmico como um diferencial, o treinador reconheceu que a interferência de teorias na prática do futebol brasileiro não é bem aceita. De acordo com ele, não se enxerga, atualmente, a necessidade da formação profissional dos treinadores, apesar de se respeitar a bagagem acadêmica de professores. Drubscky, que é formado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), começou sua carreira no futebol em 1983, como preparador físico do Cruzeiro. “Me interessei pelo futebol desde cedo e, como não tive sorte ‘chutando a bola’, vi na Faculdade uma oportunidade de me aproximar desse universo.”

Coordenador de Futebol da Faefid e organizador do evento, o professor Marcelo Matta ponderou, ao final da fala de Drubscky, que a intenção da formação acadêmica não é que a ciência tome lugar no futebol, mas que ajude a estruturá-lo. Matta expôs também que eventos como esse mostram a preocupação da Faculdade com a formação dos alunos. “Nestes momentos, evidenciamos o nosso compromisso com o desenvolvimento de profissionais. Também nos preocupamos com as críticas ao futebol brasileiro e à formação da modalidade, que pode ser bem estruturada, se aliarmos o conhecimento ao jogo.”