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Olyvia Bynum em performance O Mito da Diversidade Étnica (Foto: Divulgação)

Quantas artistas mulheres você conhece? Conhece Lygia Pape, Olyvia Bynum, Anna Maria Maiolino e Sara Panamby? Sentindo a falta da presença de mulheres como referências para o ensino das artes, as alunas do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), integrantes do Coletivo Artemísia, lançaram uma galeria virtual com esses e outros nomes representativos no mundo das artes.

O projeto tem a intenção de apresentar, especialmente, artistas, críticas e historiadoras brasileiras e mostrar a grande contribuição de cada uma na história da arte. Duas vezes por semana são feitas publicações na página do Facebook do grupo com a foto das artistas e um pequeno texto introdutório sobre elas com links para seus trabalhos e outras informações. O meio virtual foi uma alternativa à exposição física, pensada para a Galeria Guaçui, do IAD,   que não pôde ser realizada por coincidências de agenda.

“A falta de representação feminina nas artes sempre foi um problema discutido no coletivo. Portanto, aproveitamos a situação, para tentar suprir essa falha. Inicialmente, as mulheres foram sugeridas pela comissão organizadora do projeto. Mas, a partir de um post feito no último mês, estamos organizando novas postagens com base em pedidos e recomendações das pessoas”, explicam as integrantes do grupo que preferem responder coletivamente.

A intenção do projeto é, nos próximos meses, figurar também a produção artística das meninas que fazem parte do coletivo, por meio de edital a ser lançado em breve. O Coletivo destaca a importância de questionar como as mulheres são representadas no ambiente acadêmico e o espaço das mulheres dentro das exposições artísticas. “Historicamente há uma divergência muito grande entre os papéis do homem e da mulher no campo das artes. A História da Arte Geral possui poucos nomes de mulheres. E não pela não-existência, mas pelo apagamento. São homens falando sobre homens, constituindo a ideia de ‘mestres’. As disciplinas acadêmicas perpetuam este fato. Há várias questões em que o feminismo pode atuar em nossa área. A quantidade de mulheres expostas em museus, como as mulheres foram retratadas na arte, principalmente pelo corpo nu, até a dificuldade que mulheres enfrentaram pra entrar pra Academia de Belas Artes. Trazer esses nomes é rever a história, dar voz a mulheres artistas”.

A iniciativa do coletivo é importante, segundo a pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria, pois chama atenção para uma discriminação que existe sobre as mulheres no campo artístico de uma maneira geral. “Considero bastante relevante a iniciativa do Artemísia. Porque há ainda uma discriminação muito grande na sociedade contra as mulheres. Então, se uma mulher é artista, ela é ainda discriminada. Mas talvez não por ser artista, e sim por ser mulher. Digo isso porque no campo da linguística, letras e artes, as mulheres hoje já são maioria, ultrapassam os 60% dos pesquisadores. Há cada vez mais mulheres investindo seu trabalho no universo da arte com muita seriedade e competência. É grande o número de artistas visuais que se destacam no cenário da arte atual, tanto no contexto nacional quanto estrangeiro”.

Sobre o Artemísia

O Artemísia é uma iniciativa das mulheres do curso de Artes e Design da UFJF e surgiu com o objetivo de cuidar de demandas internas do curso, de forma coletiva, organizada e conjunta. O coletivo abrange todas as mulheres que de alguma forma interagem com o curso de Artes e Design: alunas, técnicas, terceirizadas e professoras.

A principal atuação do coletivo é dentro do curso, porém, isso não impede a sua interação com o restante da comunidade acadêmica, participando de eventos e manifestações e  atuando no combate ao machismo, à transfobia, ao racismo entre outras opressões existentes na sociedade.

Confira o Artemísia no Facebook