Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pretende identificar quintais em Juiz de Fora, avaliar o estado em que se encontram e listar critérios para manter a qualidade e a conservação deles.
O estudo, coordenado pela professora Ana Aparecida Barbosa, pode contribuir para a elaboração de planos setoriais de planejamento urbano, com recomendações para cada área da cidade, conforme diretrizes do novo Plano Diretor de Juiz de Fora, a ser aprovado.
No primeiro ano da pesquisa, o foco é a região de planejamento Centro – divisão do Plano Diretor que engloba mais de 60 bairros, como Alto dos Passos, Poço Rico, Bairu, Mariano Procópio e Dom Bosco. Uma das primeiras atividades é comparar o estado atual dos quintais, por meio de imagens de satélites, com mapas, fotos e desenhos selecionados desde 1853.
O trabalho tem entre os objetivos verificar como a paisagem urbana foi se alterando, a partir do desenvolvimento da cidade, com foco em quintais ocupados por vegetação ou vazios, em casas, prédios públicos e privados, fábricas e outros estabelecimentos. A partir dessa constatação, é possível apontar locais com pouca presença de quintais, recomendar a conservação deles, indicar melhor distribuição paisagística e contrapartida ecológica. “Atualmente há visão integrada de paisagem, considerando os componentes naturais e culturais em conjunto, não mais separadamente.”
O jardim, a horta ou mesmo áreas vazias permitem que a água se infiltre no solo, contribuem para a formação de corredor ecológico para a fauna, trazem conforto ambiental e podem remeter a vínculos afetivos, históricos e de identificação das pessoas com o bairro ou a cidade. “Só há vantagens em mantê-los”, sintetiza Ana Barbosa. Ressalva, no entanto, que o projeto paisagístico não é estanque, transforma-se no decorrer da história. Ao mapear os quintais, “é possível requerer contraponto ambiental quando for preciso adensar uma área”.
Transformação
A imagem acima ilustra a transformação de trecho próximo ao Parque Halfeld, no fim do século XIX e na atualidade. “Percebe-se que as áreas caracterizadas como quintais, aquelas não edificadas nos lotes ou quadra, são significativamente reduzidas em relação à sua origem. Essa realidade evidencia a importância da permanência delas, tanto para a qualidade de vida das pessoas que habitam e circulam na região, quanto para a manutenção desses espaços em suas diferentes relações para as gerações futuras, colaborando para uma adequada conservação urbana.”
A professora cita também como exemplo o parque histórico do Museu Mariano Procópio, que exerce papel preponderante no equilíbrio urbanístico e ecológico local. Mas, segundo Ana Barbosa, está ocorrendo adensamento urbano no entorno, com a inserção de novos conjuntos habitacionais, parcelamento do solo e outras formas de urbanização.
O projeto ainda ajuda, segundo a professora, os alunos a compreenderem o impacto da atividade profissional dos arquitetos e urbanistas para a coletividade.