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Professores Leonardo Willer e Bruno Dias relacionam dados de concessionárias de energia, modelos de carro elétrico e de usinas (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Pequenos e com design modernos, carros elétricos vêm ganhando popularidade no mundo e atenção de ambientalistas e pesquisadores. Professores e alunos de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) iniciaram estudos para investigar os impactos que serão gerados, no sistema energético, pela inserção desse tipo de veículo na frota brasileira nos próximos cinco a sete anos. São estimados de 30 mil a 40 mil carros leves movidos a energia, no Brasil, até 2020, conforme a Associação Brasileira de Veículos Elétricos.

O projeto de pesquisa objetiva encontrar uma variável que indique como motoristas poderão recarregar seus carros sem prejudicar o sistema. Ou seja, achar o equilíbrio tarifário e de produção elétrica. Para isso, o grupo utiliza dados de concessionárias de energia para traçar possíveis cenários e, a partir disso, estimar como deverá ser o sistema elétrico. Isso porque a implementação do novo modelo de mobilidade poderá requerer o uso de outros tipos de fonte de energia, como usinas termelétricas, eólicas e nucleares, e exigir a reestruturação da forma de distribuição de energia.

O grupo de pesquisa baseia-se em países onde o emprego de veículos elétricos está mais avançado, como Estados Unidos, Inglaterra e Japão, que utilizam estrutura de produção energética diferente do Brasil, onde hidrelétricas são usadas predominantemente. O estudo correlaciona os dados externos para adaptar a tecnologia à realidade brasileira. O consumo de energia por um carro elétrico varia conforme o modelo e a marca – saiba mais nos quadros abaixo. 

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Consumo de 30 kWh pelo carro equivale ao gasto médio mensal de geladeira de uma porta


Para o Brasil, são estimados 40 mil veículos elétricos leves até 2020

Para o Brasil, são estimados de 30 mil a 40 mil veículos elétricos leves até 2020

Segundo o professor da Faculdade de Engenharia e coordenador do projeto, Bruno Dias, o projeto também auxiliará no diagnóstico sobre o impacto na qualidade da energia, em que vários parâmetros poderão ser avaliados a fim de indicar, por exemplo, quais usinas poderão ser empregadas. Ouça a explicação do professor sobre qualidade de energia:


Consequências ambientais

Ainda restam dúvidas em relação aos carros elétricos quando o assunto é meio ambiente. Alguns ambientalistas defendem que, para conseguir atender à demanda, será preciso investir em novas fontes de energia, como hidrelétricas e termelétricas. No entanto, o uso de mais termelétricas, por serem poluentes, traz questionamentos sobre a viabilidade de todo o sistema.

Segundo a professora do departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFJF Aline Sarmento Procópio, a emissão de poluentes deverá ser muito mais controlada, já que a fonte deixa de ser móvel (automóveis) e passa a ser fixa (empresas). Caso a regulamentação não seja cumprida, a usina poderá sofrer sanções e multas. “De acordo com a expectativa para o Brasil [40 mil carros elétricos até 2020], o impacto sobre o clima ainda será baixo, porque a frota brasileira é enorme em relação ao que será colocado nas ruas”, avalia Aline. Existem 50 milhões de veículos leves circulando no país, conforme o Departamento Nacional de Trânsito.

Mas nos grandes centros que estimularem a mudança, a redução de emissão de gases de efeito estufa poderá ser mais sentida, conforme Aline, pois 75% da poluição é de origem veicular e apenas 25% é oriunda de indústrias. Os carros movidos a energia elétrica “são o futuro das cidades modernas e os responsáveis por apresentarem opção excelente de mobilidade urbana sustentável”, ressalta o professor Bruno Dias.

Interfaces
A pesquisa na UFJF é interdisciplinar, justamente por tratar de assunto complexo e que exige conhecimento de diversas áreas de atuação. Tem interface com Matemática, Estatística, Engenharia Ambiental e com outras instituições, como a Universidade Federal Fluminense e o Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais. O professor Leonardo Willer de Oliveira, também da Faculdade de Engenharia, atua com Bruno Dias. Ainda não foram lançados resultados porque o projeto está em fase inicial. A proposta de pesquisa foi aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) em dezembro de 2015.