Seminário durou 3 dias bateu o recorde de inscritos, totalizando 544 projetos e 2032 pesquisadores (Foto: Caique Cahon)

Seminário durou 3 dias bateu o recorde de inscritos, totalizando 544 projetos e 2032 pesquisadores (Foto: Caique Cahon)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou nesta quinta-feira, dia 3, a cerimônia de encerramento do 21° Seminário de Iniciação Científica (Semic), evento tradicional da Instituição voltado para celebrar as pesquisas realizadas no âmbito acadêmico e premiar os trabalhos elaborados pelos estudantes de iniciação científica. Este ano, o Seminário bateu o recorde de inscrições, totalizando 544 projetos e 2032 membros inscritos.

Realizada no Anfiteatro da Reitoria, a cerimônia contou com os pronunciamentos do vice-reitor em exercício da reitoria, Marcos Chein, do pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini, e com a palestra “Integridade em Pesquisa”, do professor Alexandre Leitão. A solenidade de premiação dos trabalhos de destaque do evento consagrou, no total, 20 pesquisas. Destas, seis foram destinadas aos bolsistas do Ensino Médio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Probic-Jr), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e 14 destinadas a bolsistas de graduação das áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias, Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Línguística, Letras e Artes.

O cuidado com a pesquisa

O professor Alexandre Leitão, do Departamento de Química da UFJF, foi o responsável pela palestra de encerramento do evento, “Integridade em Pesquisa”. Entre os dias 31 de maio e 3 de junho deste ano, Leitão representou a Universidade no maior evento mundial sobre integridade na ciência, a 4ª Conferência Mundial sobre Integridade Científica (4th World Conference on Research Integrity), realizada na cidade do Rio de Janeiro.

O pesquisador Alexandre Leitão alertou para a responsabilidade ao se fazer ciência (Foto: TwIn Alvarenga)

O pesquisador Alexandre Leitão alertou para a responsabilidade ao se fazer ciência (Foto: Twin Alvarenga)

Em sua fala, o professor abordou as nuances da ética e da integridade dentro do contexto científico, frisando as pressões que os pesquisadores podem passar durante esse processo. “Vivemos pressionados constantemente pela busca de resultados, que é motivada pela competição por novas publicações e aumento de currículo”, aponta, emendando em uma constatação sobre como os programas de iniciação científica ajudam os alunos a lidarem melhor com essas questões desde cedo. “Essa iniciação é uma contrapartida que os pesquisadores das universidades devem proporcionar aos cursos de graduação, oferecendo aos estudantes essa oportunidade única já durante esse período.”

O palestrante também citou questões delicadas, como o que chamou de “o trio de problemas” relativos à integridade na ciência: o plágio, a fabricação e a apropriação de resultados. “O ambiente competitivo, a busca pelo reconhecimento, poder e liderança pode fazer com que as pessoas apelem para esses caminhos”, afirma. “Hoje em dia, no entanto, é mais fácil e prático identificar quem está fazendo uso disso, como através de softwares que identificam plágio.”

“Precisamos ainda pensar e questionar várias faces das nossas pesquisas, o que é uma responsabilidade que temos com o recurso público”, colocou Leitão. “Elas são aplicáveis economicamente? Se encaixam na cadeia produtiva, geram recursos humanos de qualidade? Também existem ponderações sobre questões de gênero, por exemplo. Ainda não existe uma equiparação entre homens e mulheres fazendo ciência. Todos estes são pontos que devemos pensar.” O professor afirmou que seu argumento mais forte atualmente seria pelo “estabelecimento de um escritório de integridade em pesquisa” na UFJF e em demais universidades, além de “formação de rede de discussão entre elas e preparação de cartilhas explicativas.”

Premiação

Cada área de conhecimento do evento premiou suas respectivas pesquisas de destaque e menções honrosas. A conclusão foi feita através da avaliação de 24 consultores externos, todos bolsistas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os prêmios foram entregues pelo pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini, pela pró-reitora de Pesquisa, Nádia Raposo, e pela coordenadora de Pós-graduação, Iluska Coutinho.

Manuela Filgueiras acompanhada, da esquerda para direita, pelo orientador, Ivo Silva Júnior, pela coordenadora de Pós-graduação, Iluska Coutinho, e pelo pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini (Foto: Twin Alvarenga)

Manuela Filgueiras acompanhada, da esquerda para direita, pelo orientador, Ivo Silva Júnior, pela coordenadora de Pós-graduação, Iluska Coutinho, e pelo pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini (Foto: Twin Alvarenga)

A aluna do 4° período de Engenharia Elétrica, Manuela Costa Filgueiras, foi uma das prestigiadas, recebendo o prêmio de destaque na área de Engenharia com o trabalho “Planejamento diário da operação de sistemas térmicos de geração”. “Participar do Semic é algo de muita importância pra mim, uma vez que é bom para despertar ainda mais o interesse pela minha área e incentivar a cultivar o caminho da carreira acadêmica”, pondera Manuela, que ingressou na iniciação científica já no 2° período de faculdade. Segundo ela, o objetivo do seu projeto é minimizar o custo de geração de unidades térmicas de geração de energia. “É ótimo já ter contato com a parte prática da engenharia, algo que ainda é apresentado na teoria para nós no início do curso.”

Elogios dos avaliadores

O vice-reitor em exercício da reitoria, Marcos Chein, frisou a intensa dedicação tanto dos estudantes quanto da organização do evento. “É importante o reconhecimento daqueles que são comprometidos com a pesquisa”, declarou. “É através de noções da ciência, da pesquisa e da inovação que a UFJF vai progredir. Quando é compartilhada, a ciência funciona e gera empatia pelos outros. É assim que se muda a sociedade e se constroem as grandes revoluções.”

“Espero que este seja um dos vários prêmios que vocês ganharão ao longo da vida”, Chein dirigiu aos estudantes reconhecidos pela avaliação do evento, afirmando que testemunhou jurados alegando a dificuldade de escolher os trabalhos de destaque devido à alta qualidade de todos presentes do Seminário. O pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação, Lyderson Viccini, fez coro a essa colocação. “Me disseram que o projetos apresentados já estavam em nível de mestrado”, compartilha. “Foi um saldo muito positivo, e não medimos esforço para que isso acontecesse. Para mim, a melhor forma de ensinar é através do exemplo. E meu desejo é que a UFJF faça o seu, cada vez mais se tornando referência em pesquisa e ciência.”

Veja mais fotos da premiação no álbum na página da UFJF no Facebook.