Uma das pesquisas mais avançadas na área de modelos computacionais cardíacos é desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com instituições internacionais. O grupo é responsável pela criação de modelos personalizados em pacientes com problemas relacionados ao funcionamento do coração. Como fruto desta parceria, a Universidade está recebendo o professor da Universidade de Graz (Áustria) Ernst Hofer para uma palestra sobre o avanço dos estudos na área, que acontece na próxima quinta, 23, às 14h, no anfiteatro de Engenharia Computacional. O nome da palestra é “Medição e análise da sequência de ativação atrial com micro mapeamento”, aberta a toda comunidade.
Atualmente, os tratamentos para a insuficiência cardíaca são baseados na tentativa e no erro, firmado em cima de estatísticas gerais. As terapias que apresentam bons resultados em um paciente podem não funcionar em outros, mesmo quando os sintomas apresentados são parecidos. O trabalho de Hofer consiste na criação de um modelo capaz colher dados fisiológicos pessoais e transferi-los para o computador. A partir daí, o sistema computacional coleta todos esses dados e, baseado em cálculos matemáticos pré-estabelecidos, consegue encontrar qual o melhor tratamento para cada paciente.
Segundo Hofer, o objetivo é desenvolver experimentos em modelos computacionais para tentar entender melhor os aspectos das principais doenças relacionadas ao coração, dentre elas a arritmia cardíaca, e, dessa forma, propor curas ou tratamentos para essa doença. “A computação relacionada à medicina foi criada para estabelecer um modelo de um paciente específico. Daí, em vez de tomar drogas gerais, que funcionam na maior parte das pessoas, a proposta é que tenhamos um modelo individual de coração, para testar qual a melhor droga ou tratamento individual”.
Outro aspecto lembrado por Hofer está ligado a aplicação desses novos conceitos e tecnologias na formação acadêmica dos futuros médicos. “Acredito que em um futuro próximo, vai ficar cada vez mais importante que estudantes de medicina sejam educados com as tecnologias médicas. Na Alemanha, por exemplo, existe um esforço nacional para introduzir obrigatoriamente estudos de habilidades técnicas, para que eles possam usar a alta tecnologia, conhecendo os mecanismos e aparatos para diagnósticos e terapias, não apenas os aspectos farmacológicos”.
Quem também ressalta a importância da participação dos graduandos de medicina em relação aos trabalhos ligados aos modelos computacionais é o professor do Laboratório de Fisiologia Computacional (Fisiocomp) da UFJF Rodrigo Weber dos Santos. “O quanto antes o médico for exposto a este tipo de trabalho, melhor e mais peparado ele será no futuro. Por isso, é importante a participação dos alunos da Medicina e Biologia nas atividades que o professor Hofer vai ministrar na Universidade”.
A colaboração da Universidade no trabalho de Hofer já é antiga, e começou com o ex-aluno da UFJF Fernando Campos. Ele foi bolsista de iniciação científica do professor e atual pró-reitor de Obras, Sustentabilidade e Sistemas de Informação, Rubens de Oliveira, e, durante o mestrado, sob a orientação do professor Weber, participou das pesquisas em Graz. Já no doutorado em engenharia biomédica, Campos foi orientado pelo próprio Hofer. “Acho que uma questão importante do doutorado do Fernando foi a interdisciplinaridade. Ele foi a ligação entre experimentos eletrofisiológicos e modelos computacionais. Não apenas nas trocas de informações entre os artigos acadêmicos, mas na presença em vários experimentos para ter bases nas simulações e discussões sobre o tema”.
Outras informações:
Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional – (32) 2102-3481
Laboratório de Fisiologia Computacional (Fisiocomp): (23) 3229-3305
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