Os pesquisadores Antonio Colchete, da pós-graduação em Ambiente Construído da UFJF e seu convidados da universidade de Berkeley, Mehran Madani. (Foto: Stefânia Sangi)

Os pesquisadores Antonio Colchete, da pós-graduação em Ambiente Construído da UFJF e seu convidados da universidade de Berkeley, Mehran Madani. (Foto: Stefânia Sangi)

Para apresentar uma das novas teorias relacionadas à organização da paisagem como elemento principal na formação das cidades, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu o professor da Universidade de Berkeley (EUA) Mehran Madani. Em palestra, nesta quinta, 10, Madani introduziu os alunos e professores presentes a uma disciplina que vem sendo estudada por algumas das principais universidades norte-americanas, chamada de Landscape Urbanism, inicialmente entendida pelos professores brasileiros da área como Urbanismo da Paisagem.

Com ajuda de uma tradutora, ele apresentou as raízes da teoria e seus criadores, usando como exemplo a relação entre sociologia e ecologia como conexão da estrutura das cidades. Ele também abordou temas e conceitos muito discutidos atualmente, como as cidades jardins e as definições de subúrbio, levando em conta sua formação e relação com o ambiente.

Segundo o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo, Antonio Colchete Filho, o que existe de comum entre o trabalho apresentado por Madani e as pesquisas feitas na Universidade é o interesse e reconhecimento da cidade e da paisagem como lugares de intervenção ou de possibilidades de uma melhor vida coletiva, mas alega que o convidado traz algo novo e muito atual, que certamente estará nas grades curriculares dos cursos de arquitetura no futuro. “Pudemos aprender que os projetos urbanos e os projetos sobre a paisagem, especialmente no hemisfério norte e Estados Unidos, já encontram reconhecimento facilitado por parte da academia e da própria sociedade. Nesse sentido, ainda temos um caminho a percorrer, sobretudo, com a promoção de concursos públicos que convoquem arquitetos e equipes multidisciplinares a pensar essas questões das cidades”. Colchete também afirma que esse tipo de diálogo é fundamental, pois pode trazer insumos para os trabalhos desenvolvidos no âmbito da graduação em arquitetura e nas pesquisas que estão sendo realizadas no mestrado em Ambiente Construído.

A vinda do professor Madani faz parte de uma iniciativa da Universidade para o reforçar a inserção de seus professores no diálogo internacional. Colchete afirma que “a partir deste trabalho feito localmente, com reuniões entre os professores, o curso estuda a possibilidade de fazer projetos integrados, inclusive com outros pesquisadores de outros lugares do mundo”.

Para a ex-professora da UFJF, atualmente na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Maya, o tema tratado por Madani é importante para a questão das teorias relacionadas a projetos das cidades e projetos paisagísticos, fundamental para os alunos de arquitetura, pois se reflete nas questões teóricas que eles têm que desenvolver e nas soluções de projetos que devem ser pensadas. Ela aproveita e usa o exemplo de Juiz de Fora para tratar o assunto. “Isso tudo tem a ver com a questão ambiental mais premente de hoje, que é a dispersão urbana e o espalhamento da cidade. Inclusive, em Juiz de Fora, eu vejo esse exemplo na situação dos condomínios, que funcionam da mesma forma que os subúrbios americanos citados por Madani, subúrbios de classe média alta, diferente dos subúrbios ligados à pobreza que nós estamos acostumados”.

Madani elogiou a postura dos estudantes do curso, afirmando ter ficado impressionado com a receptividade e interação que os alunos tiveram com ele. “Apesar da barreira da linguagem, eu senti um engajamento muito grande por parte dos alunos. É fenomenal ver que os estudantes estão muito envolvidos e cada vez mais curiosos com essa área da arquitetura”.

O aluno de Arquitetura e Urbanismo Luan Carvalho acredita que, apesar das dificuldades, será possível aplicar essas teorias no futuro. “As pessoas têm que começar a aceitar esse novo urbanismo, pois é um fato que nossas cidades são falhas, e devemos abrir nossas cabeças para novos pensamentos e aplicá-los, mas existe sim uma barreira para chegarmos a esse ponto”. Ele também afirma que foi muito positivo aprender com alguém que está lá fora, estudando nos grandes centros ideológicos do mundo sobre arquitetura e urbanismo. “Ver que essas ideias estão acontecendo lá fora e que é possível torná-las realidade, é muito importante para nossa formação profissional, especialmente para mostrar que podemos fazer o novo, propor novas ideais, propor uma nova cidade”.

Já a estudante Natália Silva espera que as teorias apresentadas na palestra possam fazer parte da grade curricular do curso em breve. “É importante a gente se abrir para essa nova disciplina para começarmos a pensar na aplicação dela na arquitetura e tentar englobá-la ao máximo em outras matérias”, opina Natália.

Mehran Madani é engenheiro formado no Irã (Universidade de Shiraz, 1994), com mestrado em Arquitetura Paisagística no Canadá (Universidade de Toronto, 2005) e Doutorado em Design nos Estados Unidos (universidade de Washington, 2012). Tem experiência na área de comunicação visual, no desenvolvimento de projetos de desenho urbano e paisagismo sustentável.

Outras informações: (32) 2102-3405

mestrado.aconstruido@ufjf.edu.br