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O Prédio

O Espaço do MDCT

Autoria: Iverson Morandi de Oliveira

O Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia está instalado em um imóvel histórico de Juiz de Fora, localizado na Av. Getúlio Vargas. Um dos logradouros mais antigos da cidade, a Getúlio, como é carinhosamente conhecida pela população local, era originalmente parte do trecho urbano da Estrada União e Indústria, construída no sec. XIX para ligar Juiz de Fora à Petrópolis. Sua curiosa direção diagonal, em relação ao eixo norte-sul da cidade, aproximou-a do traçado do rio Paraibuna, o que facilitava o tráfego das carruagens da estrada na época.

Rapidamente o trecho foi adotado pela cidade como Rua de fato, e terminou por delimitar o formato do centro da cidade, juntamente com a Av. Rio Branco e a Rua Espírito Santo. A proximidade com o Rio Paraibuna tornava a área de difícil edificação devido à várzea inundável do Rio. Aterros e drenagens, ao longo da década de 1880, permitiram um impulso ao crescimento da região.

E foi na esquina da Avenida, que na época se chamava Rua do Imperador, com a rua que hoje se chama Floriano Peixoto, que o município ergueu em 1894 um imóvel para sediar uma autarquia municipal destinada a cuidar da saúde pública e do saneamento da cidade: a “Inspectoria Municipal de Hygiene”. O local era bastante adequado, dado o fato de que a parte baixa da cidade, delimitada justamente pela área entre a avenida e as margens do Paraibuna, estava sujeita a todos os males que a proximidade com a água acarretava na época, como infestações por mosquitos e outros animais, alagamentos e contaminações por esgotos.

Rapidamente a região se tornou uma área popular, onde o menor custo dos terrenos, vendidos pela Companhia União e Indústria, atraiam empreendedores que ergueram espaços comerciais, geralmente caracterizados pela presença do comércio no andar térreo e moradias nos andares superiores. Quase tudo na Avenida foi edificado por uma grande construtora localizada próxima, às margens da Estrada União e Indústria. A Cia. Pantaleone Arcuri e Spineli, misto de escritório de engenharia e arquitetura, construtora, fábrica e comércio de materiais de construção e acabamento, durante toda sua existência ditou os rumos do estilo arquitetônico da região central da cidade, agregando elementos ecléticos e decorativos às chamativas fachadas da região. E o imóvel da “Inspectoria Municipal de Hygiene” foi uma destas obras, na qual o estilo neoclássico das edificações da época se fez presente.

Devido ao fato de a Avenida ser diagonal em relação à Rua Floriano Peixoto, o terreno tem um ângulo 45 graus numa das divisas, o que prejudicaria em muito o perfil da edificação. A engenhosa solução de fazer a fachada voltada para a esquina, com um “bico” na entrada, é o maior diferencial do imóvel. As fachadas laterais, à beira da rua, seguiam o padrão da época, no qual as janelas se abriam diretamente para as calçadas. Como era uma autarquia pública, não se previu uma planta comercial como as da vizinhança, e o prédio tem um único pavimento, como uma casa térrea.

A Inspectoria  tinha portões de acesso, construídos em ferro e de grande porte – em uma época onde ferro e aço eram importados e cuja manipulação exigia conhecimentos apurados – estes portões e as grades decoradas delimitavam o pátio interno da Inspectoria, onde provavelmente se recolhiam animais e carroças a serviço da autarquia, e denotavam o cuidado com o projeto. As muitas janelas e portas, espaçadas harmoniosamente, e o pé direito, comuns na época nesse estilo de construção, garantiam a ventilação e a luminosidade da repartição. Telhados, beiras e acabamentos em cimento e compostos de gesso delimitavam os volumes, e o revestimento externo, em argamassa de cal e areia, curiosamente reproduzia uma alvenaria de tijolos aparentes, tornando a manutenção externa mais simples e também embelezando o imóvel.

Obra Consultada: Juiz de Fora em 2 tempos. Tibuna de Minas. 1996. (Livro).

 

A restauração do prédio da Fábrica de Aparelhos da Escola de EngenhariaPREDIO DCE velho

Autoria: Paulo de Melo Noronha Filho

¹Na busca de soluções para os graves problemas de saúde pública, que assolavam Juiz de Fora, a Câmara Municipal adquiriu um terreno na esquina das ruas Quinze de Novembro (atual Av. Getúlio Vargas) e Floriano Peixoto para erguer, em 1894, um prédio destinado a Diretoria e Inspetoria de Hygiene, para se responsabilizar pelos problemas sanitários da cidade. Os serviços realizados pela Diretoria de Hygiene foram considerados secundários e sem grande impacto na saúde pública do município, sendo, executados prioritariamente, a fiscalização da coleta de lixo e verificação dos ambientes de trabalho. Neste período, Havia por parte da população, restrições quanto à competência e a eficácia da Diretoria relacionada à solução efetiva de problemas de saneamento e saúde pública.

A partir de 190VISTA INTERNA FRONTAL DO PRÉDIO7, a Diretoria de Hygiene passou a compartilhar o prédio com o “Tiro Brasileiro Afonso Pena”, instituição militar que permaneceu nestas dependências até 1917. Em relação à saída definitiva da Diretoria de Hygiene da sua sede, não se tem informações precisas. Provavelmente, esta mudança poderia ter ocorrido antes de 1921, já que quando é solicitada a cessão deste imóvel para a Escola de Engenharia o Prof. José da Rocha Lagoa justifica, em 1931, para o Prefeito Municipal “que este prédio está há mais de dez anos fechado”.

Documentos constantes do arquivo de ciência e tecnologia do museu e de arquivos públicos da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, podemos verificar que nas reformas, não foram levados em consiDSC07876deração às modificações ocorridas principalmente nas obras executadas em 1943 e 1953 realizadas pela Escola de Engenharia. Foram, justamente, estas alterações em parte do conjunto arquitetônico original realizado pela Escola, que passaram a possuir significação histórica e principalmente científica para o prédio.

A modificação arquitetônica, realizada no período de ocupação do imóvel pela Escola com as sucessivas intervenções, tornou-se um dos fatores determinantes no processo de implantação da Fábrica de Aparelhos. Neste sentido, o que de fato caracterizava as intervenções existentes e que possibilitava uma compreensão histórica de uma “fábrica” de equipamentos científicos foi parcialmente desconsiderado, já que se privilegiou a preservação da volumetria original. As alterações executadas ao longo das décadas de 40 e 50 em alguns dos seus aspectos mais relevantes foram parcialmente desconsideradas, especialmente os espaços onde funcionavam as oficinas da Fábrica de Aparelhos.

No projeto executadDSC07570o foram preservadas e recuperadas a fachada frontal e lateral, o prédio principal com sua volumetria original e quase a totalidade de suas características internasDSC00231. Foi construído um anexo onde anteriormente era ocupado por parte da Fabrica de Aparelhos Do anexo original preservou-se somente a fachada lateral externa. Internamente, este espaço passou por alterações significativas sendo construído um segundo andar.

Na parte interna do prédio principal foram preservadas as modificações realizadas pela Escola de Engenharia, onde foram erguidas paredes para separação dos diferentes laboratórios, o que verificamos pela marcas no piso. Algumas das paredes construídas no período de ocupação pela Escola de Engenharia foram posteriormente desmanchadas pelo DCE durante a sua permanência no prédio, algumas portas e janelas foram vedadas, sendo necessária a realização de obras para o retorno às suas características originais.

Processo de tombamento do prédio: 0866/1986  Decreto

JFPatrimônio

Nota:
1 – Texto retirado do trabalho intitulado “A restauração arquitetônica do prédio da antiga fábrica de aparelhos da Escola de Engenharia de Juiz de Fora e sua adaptação para o Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Juiz de Fora”, disponível em: <http://site.mast.br/hotsite_anais_ivspct_2/pdf_01/11%20%2014%20CONGRESSO%20MAST–revisado.pdf>.