O acervo do museu é constituído de peças tridimensionais, documentos, fotografias e material bibliográfico. As peças tridimensionais são instrumentos didáticos de engenharia e física remanescentes, em grande parte, da extinta Escola de Engenharia de Juiz de Fora. Outros objetos do Instituto de Ciências Exatas, de Departamentos e Faculdades da Universidade foram incorporados ao acervo no decorrer do tempo. Grande parte dessas peças tem origem na segunda metade do século XIX e início do XX. O acervo documental é composto de cerca de 30.000 documentos da extinta Escola de Engenharia de Juiz de Fora, tais como atas, regimentos, notas fiscais, catálogos, cadernetas dentre outros. Parte desses documentos já foram descritos, classificados, micro filmados e digitalizados.
O material iconográfico do MDCT é composto por 735 fotografias que retratam o cotidiano da extinta Escola de Engenharia de Juiz de Fora, o funcionamento dos laboratórios, oficinas, gabinetes, aulas práticas e de campo. As fotos registram também as visitas de autoridades, inaugurações, formaturas e solenidades ocorridas desde a fundação da Escola. Já a biblioteca do MDCT conta com aproximadamente 5.500 exemplares de obras destinadas ao ensino de engenharia, arquitetura, eletricidade, desenho e topografia dos mais expressivos e importantes engenheiros alemães, franceses, ingleses e brasileiros que apresentam os mais variados aspectos do desenvolvimento dos estudos das ciências da engenharia e da natureza.
Objetos Científicos
Neste vídeo, o Sociólogo e Tecnologista Sênior III do Museu de Astronomia e Ciências Afins MAST/MCTI, Paulo de Melo Noronha Filho, apresenta algumas reflexões sobre registro de objetos científicos no Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia da UFJF.
Considerações sobre a exposição de Ciência e Tecnologia do MDCT
Por Paulo de Melo Noronha Filho
¹Um dos principais enfoques da exposição é o conceito de interdisciplinaridade, a qual se constitui em um dos imperativos mais importantes das novas condições da produção do conhecimento científico. A ciência e tecnologia são, igualmente, interdisciplinares por natureza, uma vez que fazem parte de um modelo social que lhes confere suporte e legitimidade, além de representarem um novo campo de produção de discursos, os quais interagem com os diversos campos sociais.
Pretendemos com o processo de montagem desta exposição, demonstrar e enfatizar que os documentos e os instrumentos de ciência e tecnologia carregam inúmeros e diferentes valores imputados através de um processo social de construção histórica. Este processo compreende que os documentos, em conjunto com os instrumentos, são os principais suportes de informação, e é a pesquisa e a comunicação, representada por uma exposição, que determina o significado dos documentos.
Toda exposição, é de certa forma uma reinterpretação da realidade que recria fatos e acontecimentos a partir de operações ideológicas objetivando causar através da narração expositiva algum tipo de emoção. É do movimento das exposições e de suas constantes alterações que possibilita ao visitante realizar diferentes interpretações da realidade, pois a construção destas narrativas está intimamente associada as mais diversificadas visões de mundo.
É justamente destes movimentos que o discurso museológico proposto pelo MDCT busca reconhecer que o visitante é parte fundamental, seja como emissor de suas próprias narrativas ou de como percebe o museu e a exposição. É uma função da exposição reconhecer a pluralidade de visões contribuindo para que a prática museológica possa de alguma forma, encontrar-se associada a cada indivíduo ou grupo que vivencie o museu.
As diferentes linguagens a serem utilizadas na expografia constituem-se em um poderoso instrumento de informação, estando intimamente associado ao tempo e ao espaço através de uma nova criação discursiva, a qual define suas articulações, sempre buscando apresentar uma compreensão estruturada pelo rigor e coerência histórica que deve definir uma exposição de objetos de ciência e tecnologia.
É a capacidade de envolvimento do discurso museográfico, associada aos acervos historicamente contextualizados que torna fascinante uma exposição de objetos de ciência e tecnologia. Este conjunto de informações devidamente organizado é o aspecto essencial da relação entre o visitante a exposição e o museu tornando-se um processo que não se esgota, fazendo da exposição de instrumentos tecnológicos um processo em permanente construção.