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LMD apresenta resultados das pesquisas e projetos na IV Jornada Internacional do GEMInIS

Por: Monique Campos

 

Laboratório de Mídia Digital (LMD) participou da IV Jornada Internacional do GEMInIS – Grupo de Estudos sobre Mídias Interativas em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que na edição deste ano teve como tema principal Entretenimento Transmídia Multiplataformas. Na tarde do dia 22 de setembro, integrantes do LMD estiveram em uma das sessões online relativas às apresentações de resultados e debates destinados aos grupos de pesquisa. 

 

O professor líder do Laboratório de Mídia Digital, Carlos Pernisa Júnior, fez um breve relato sobre a trajetória do grupo antes das apresentações, destacando o surgimento no ano 2000, já ligado ao CNPQ, com o nome Comunicação e Novas Tecnologias. Em 2010, foi estabelecida uma parceria com o Laboratório de Aplicações e Inovação em Computação (LApIC) do Departamento de Ciência da Computação daUFJF, de modo que as atividades de pesquisa e desenvolvimento passaram a ligar as áreas da comunicação e da computação de forma mais decisiva. A parceria se desenvolveu em pesquisas sobre interatividade no Sistema Brasileiro de Televisão Digital, transmídia, jogos eletrônicos, sinestesia, Internet das Coisas (IoT) e, mais recentemente, narrativas pervasivas.

 

Na sequência, o mestrando em Ciência da Computação pela UFJF e integrante do LMD, Pedro Ventura, apresentou Lux Ferre: uma experiência interativa em podcastum  projeto coletivo do grupo que também faz parte das pesquisas do mestrando na área da computação e da parceria entre LMD e LapIC. A iniciativa de produção de um podcast envolveu vários estudos sobre interatividade e pervasividade no contexto de criação de histórias para serem contadas por meio de tecnologias, além das possibilidades advindas com os dispositivos de IoT interconectados. 

 

 

 

 

Ventura explicou que a pervasividade cria uma imersão narrativa em que os elementos de interação são transparentes ao interator. O conceito de transparência refere-se ao fato de as pessoas não perceberem que estão utilizando tecnologias e disassociam sua experiência narrativa dos objetos de manipulação, como se estes tornassem extensões dos seus próprios corpos. Os jogos são os que mais se estruturam no contexto da pervasividade, pois os jogadores se sentem cada vez mais dentro daquelas narrativas, segundo a afirmação do mestrando, sendo que as ferramentas de interação possibilitam a tomada de decisões e definições dos rumos da narrativa. Jogos com recursos de interação pelo celular são bons exemplos de experiência pervasiva, de acordo com Ventura, já que misturam ambientes reais, virtuais e, desse modo, formas de interação social via ferramentas dos smartphones. Jogos interativos que se utilizam de geolocalização ganharam força ultimamente, como o caso do Pokémon Go

 

O LMD realizou estudos sobre a criação de roteiros interativos para a construção de histórias não-lineares. Os jogos foram parte das inspirações, assim como vídeos e podcasts existentes. O grupo também pesquisou as possibilidades de envolver os vários dispositivos IoT, que hoje são conectados em rede, para desenvolver as narrativas. Portanto, a tela de um computador ou a televisão passam a ser um dos dispositivos controladores e não o principal. Temos toda uma experiência com jogos, variados dispositivos para poder utilizar, temos como permitir o usuário a tomar uma decisão, mas como fazemos para representar isso? Precisamos modelar como essas coisas podem ser feitas, explica o mestrando sobre o processo de desenvolvimento de uma narrativa pervasiva, trabalhando com a ideia de não-linearidade. Ainda de acordo com Ventura, o LMD optou por construir uma narrativa em que o interator possa reproduzir, de forma assíncrona, várias situações possam acontecer simultaneamente e que esteja em diversos dispositivos. O grupo também decidiu investir no aumento de popularidade do podcast no cenário comunicacional atual e definiu a criação de uma narrativa pervasiva utilizando o áudio como linha principal. 

 

Lux Ferre” é o nome do podcast interativo que o LMD vem desenvolvendo, cujo enredo envolve um padre que resolve auxiliar uma policial em uma série de investigações criminosas. O padre vive em constante comunicação com seus alter egos, representantes da bondade e da maldade, sendo que a história se desenvolve com base nas decisões desse personagem, determinadas pelas escolhas dos interatores. De acordo com Ventura, os sons são produzidos por meio de um microfone binaural, e a narrativa é integrada a dispositivos de IoT, com o objetivo de proporcionar diferentes experiências sensoriais, como as possibilitadas pela alteração da iluminação ou da temperatura do ambiente. Além disso, as escolhas do interator ficam armazenadas, compondo o perfil daquele usuário. 

 

 

 

 

Aspectos da narrativa na plataforma Youtube 

 

Também durante a sessão de apresentação do LMD, a mestranda pelo PPGCOM/UFJF e integrante do grupo, Cristiane Turnes Montezano, apresentou sua pesquisa sobre narrativas em mídia digital e os caminhos para a análise de lives, considerando a plataforma Youtube. Primeiramente, elencou alguns conceitos de narrativa para, em seguida, relacioná-los ao ciberespaço, em uma compreensão que vai além do uso da Internet, já que se volta para os diversos dispositivos compondo toda uma ambiência digital.  

 

Nessa perspectiva, a mestranda se volta para a análise do Youtube enquanto lógica e ambientação para a construção narrativa, tanto no que diz respeito à criação de personagens quanto às relações comunicativas estabelecidas entre narrador e interlocutor. O que é esse espaço em que a narrativa está inserida e como esse espaço vai afetar a construção narrativa são questões que Cristiane leva para a pesquisa sobre a plataforma. Ela destacou três características do ciberespaço que são mais exploradas e mais presentes no Youtube: interatividade, hibridismo e interface exploratória com poucas limitações.  

 

 

 

 

Pesquisa sobre mobilizações por meio de hashtags 

 

Já na tarde de 24 de setembro, a egressa do LMD e hoje doutoranda pelo PPGCOM/UFMG, Larissa Natalino, apresentou os resultados da sua pesquisa de mestrado Feminismo em rede: mobilizações por meio de hashtags. A apresentação aconteceu no painel 7 da IV Jornada Internacional GEMInIS. As informações sobre os estudos realizados pela Larissa Natalino estão na notícia Dissertação analisa feminismo em mobilizações transmídia por meio de hashtags.  

 

 

A JIG 2021 

 

IV Jornada Internacional GEMInIS (JIG 2021) foi realizada entre os dias 20 e 24 de setembro de 2021, na modalidade online, com o tema principal Entretenimento Transmídia Multiplataformas. O evento teve a proposta de consolidar um espaço de diálogo e debate entre os Grupos de Pesquisa do campo da comunicação e do audiovisual. 

 

O evento recebeu os conferencistas: o professor da Universidade de Amsterdam e diretor da Área de Pesquisa Prioritária em Culturas Digitais Globais, Thomas Poell; a professora da PUC-SP, Lúcia Santaella; o crítico de mídia e fundador do Institute of Network Cultures, Geert Lovink; o professor de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará, João de Lima Gomes e o pesquisador e especialista em comunicação e mídias digitais, interfaces e ecologia da comunicação, Carlos Scolari. A JIG 2021 também foi composta também por mesas-redondas, apresentações dos grupos de pesquisa e painéis temáticos.