Fechar menu lateral

Dissertação analisa feminismo em mobilizações transmídia por meio de hashtags

 IMAGEM: LARISSA RODRIGUES

 BANNER SITE LMD (1024x300)- defesa larissa (2)

  

 

Por Monique Campos

 

A integrante do Laboratório de Mídia Digital, Larissa Rodrigues Natalino, é uma das mais novas mestres pelo PPGCOM/UFJF. Orientada pelo professor Carlos Pernisa Júnior, ela defendeu, no dia 25 de fevereiro, a dissertação intitulada “FEMINISMO EM REDE: Mobilizações transmídia por meio de hashtags“. A banca virtual teve a participação das professoras convidadas Raquel Paiva (UFRJ) e Iluska Coutinho (UFJF).

 

A pesquisa analisou as hashtags #PrimeiroAssédio, #BelaRecatadaeDoLar, #UnVioladorenTuCamino e #GravidezAos10Mata, que marcaram protestos feministas nos últimos anos. Os estudos evidenciaram a circulação transmídia dessas hashtags, bem como discutiram os aspectos do net-ativismo, do fenômeno da midiatização e das novas formas de organização do movimento feminista.

 

Larissa Rodrigues buscou compreender se as hashtags, que têm potencial para a venda de produtos, trariam essa capacidade de mobilização para o discurso feminista; se há no fenômeno algo benéfico para o empoderamento feminino ou se o movimento “estaria surfando numa onda, aproveitando-se de um potencial de viralização”. Desse modo, a pesquisadora buscou analisar se o ativismo digital, em manifestações marcadas por hashtags, poderia trazer efeitos reais para a sociedade. “Essas manifestações marcadas por hashtags se organizam e se desenvolvem no ambiente digital. Foi possível perceber, a partir da minha análise, que quando esse ambiente não é utilizado para que exista uma organização de manifestação nas ruas, essa manifestação acontece exatamente nesse ambiente. O que tem impacto nos processos sociais em virtude dessa relação entre mídia e sociedade”, comenta.

 

A integrante do LMD pretende seguir com os estudos sobre net-ativismo feminista no doutorado. Ela foi aprovada em dois processos seletivos e começará, em breve, sua pesquisa como doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG, instituição escolhida. O objetivo, a partir de agora, será focar no papel das mídias na construção de um imaginário feminista no Brasil.

 

Trajetória de pesquisa e influências do LMD

 

Larissa Rodrigues desenvolve pesquisas na interface comunicação – questões de gênero desde a graduação. Publicitária formada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE), ela atuou como aluna de iniciação científica em estudos focados em relações de discurso e violência simbólica de gênero. O tema foi levado ao seu trabalho de conclusão de curso, em que construiu uma linha do tempo sobre a presença da mulher na publicidade. “A partir desse trabalho, pude apontar algumas conclusões que me levaram à ideia do projeto que eu trouxe para o mestrado na UFJF”, conta.

 

Ela acrescenta que a descoberta de conceitos e a compreensão do que é feminismo, no campo teórico, a fez se encontrar enquanto pesquisadora. “A partir disso, pude perceber que a minha contribuição para a sociedade, para a comunidade científica, estaria justamente em carregar esse tema, juntamente com a comunicação”.

 

Desde 2019, ano em que Larissa iniciou a pesquisa, houve um desmonte das organizações que buscam diminuir as diferenças de gênero, além da ausência de investimentos em políticas que lutam pelo fim das muitas violências contra a mulher, das desigualdades entre os gêneros no mercado de trabalho, entre outros tipos de vulnerabilidades nas quais as mulheres se encontram. “Por isso, acho muito necessário e relevante escolher como objeto de pesquisa hashtags feministas que marcam protestos, que de certa forma buscam por alterar esse quadro de desigualdades”, justifica.

 

A partir da orientação do professor Carlos Pernisa Júnior e da participação no grupo de pesquisa LMD, Larissa teve contato com outros conceitos teóricos e objetos de análise, o que a incentivou a definir sua pesquisa baseada em hashtags que marcaram protestos feministas e também a estudar como o processo transmidiático das hashtags se desenvolvia. “Os ativismos feministas nos espaços de mídia digital, dada a influência da mídia na sociedade, acabam por propiciar contatos sociais também. Ou seja, são importantes para entender as relações entre a comunicação e os processos sociais nessa medida”, explica a mestre em Comunicação.

 

Larissa conta que a participação no LMD possibilitou um enriquecedor aprendizado junto aos pesquisadores, professores e alunos, nas apresentações e desenvolvimento de projetos conjuntamente. “Recebi um importante apoio, acadêmico e também de amizade”, ressalta. Ela atribui ao grupo de pesquisa contribuições teóricas essenciais para a sua pesquisa, como os estudos sobre transmídia, os conceitos de interação e imersão. “Os outros objetos que analisamos no grupo de pesquisa foram importantes para trazer conceitos a que eu não teria chegado apenas a partir da minha pesquisa”.

 

Do outro lado, o LMD obteve as contribuições teóricas trazidas pela Larissa Rodrigues, como as discussões sobre ativismo digital, ativismo transmídia e o feminismo enquanto objeto de pesquisa. No dia-a-dia do grupo, ela atuou em produções técnicas, criações em design gráfico, produções para as redes sociais, além do desenvolvimento do novo logotipo do LMD, que, segundo a integrante, “é motivo de muito orgulho”.