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Divulgação – Estudo investiga dificuldades no ensino de oralidade na escola

Estudo investiga dificuldades no ensino de oralidade na escola

Por Emily Souza Mattos

Aluna do curso de Letras – UFJF

emilysmattos_@outlook.com

 

Apenas o “saber falar” garante que o aluno desenvolva atividades orais com excelência na  escola? Infelizmente, muitas pessoas, inclusive profissionais da educação, consideram que o  conhecimento internalizado da língua é capaz de tornar o aluno apto a desenvolver uma fala pública em qualquer situação. Entretanto, essa questão vem ocupando mais espaço nos estudos sobre as concepções e as estratégias de ensino da fala. Foi pensando em entender os aspectos que influenciam o ensino desta  modalidade, a partir da visão dos professores, que Tânia Magalhães e Ana Paula Lacerda, realizaram uma pesquisa durante um projeto de extensão ministrado na Universidade Federal de Juiz de Fora para professores da educação básica. O artigo, publicado em 2019 na Revista Horizontes, da Universidade São Francisco, com o título “Concepções e práticas de  oralidade na escola básica na perspectiva dos docentes”, revelou que a precariedade na formação dos  professores e a supremacia da escrita, que coloca esta prática como mais valorizada que a fala, são as principais causas para a escassez de exercícios orais. 

As pesquisadoras analisaram como os professores compreender as práticas de oralidade na escola (com o uso do seminário, da entrevista e do debate, por exemplo), em diferentes disciplinas, considerando os desafios e as possibilidades de propor exercícios.  Para isso, a equipe de pesquisa, com base na vertente da linguística aplicada, elaborou um questionário  aplicado a 28 professores, do ensino fundamental e médio, com 5 questões sobre práticas de falar em público.  A orientação era para que eles respondessem de acordo com suas próprias opiniões e com a realidade em sala de aula. 

Logo na primeira pergunta, ficou evidente que as concepções dos professores estão, na maioria das vezes, associadas à espontaneidade e  informalidade. A pesquisa apontou que 42% das respostas se referiam  ao “falar livremente”, ou seja, uma parte considerável dos docentes aderem à ideia de que “basta falar” para  cumprir satisfatoriamente tarefas orais, sem necessidade de um ensino sistematizado. As demais respostas apresentadas chamaram atenção para a necessidade de  melhor formação dos professores. Boa parte deles declarou a falta de conhecimento para a tarefa, além de um currículo centrado na escrita, que possui predominância nos materiais didáticos e é vista em um lugar de “superioridade” em relação à fala. 

Por outro lado, a pesquisa traz um ponto positivo em relação à percepção dos professores  quanto à importância da educação da oralidade para o desenvolvimento e formação cidadã dos alunos.  Maior capacidade de apropriação do conhecimento e de argumentação e melhor interação social foram  os motivos mais citados na pesquisa para ensinar a falar em público em diferentes situações. Para Tânia e Ana Paula, isso é um indicador de que, mesmo com os  problemas apresentados, o ensino de oralidade está alcançando avanços para o desenvolvimento das habilidades comunicativas dos estudantes. Elas destacam também que é preciso romper com a ideia de oralidade como um conteúdo sem situações de uso e reflexão. Então, as pesquisadoras afirmam que é possível explorar práticas para além dos gêneros tradicionalmente utilizados no ambiente escolar, como o seminário e o debate,  promovendo assim uma aprendizagem mais ampla e significativa aos alunos. 

Os resultados desta pesquisa colaboram para os estudos que buscam meios de reduzir as  dificuldades no ensino da oralidade. Uma melhor capacitação aos professores, por exemplo, pode trazer  benefícios tanto para eles, quanto para os alunos e a sociedade em geral, já que possibilita autonomia aos  indivíduos para se posicionarem nos diferentes contextos de fala. Além disso, as autoras apontam que  tais resultados podem contribuir para futuras pesquisas com novas formas de aprimorar as estratégias de  ensino, enriquecendo ainda mais os conhecimentos nesta área. 

Leia a pesquisa na íntegra: https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/view/664 (abre em nova aba)