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Divulgação – Estudo auxilia alunos a ampliarem suas habilidades em Língua Portuguesa com reflexões sobre variação linguística

Estudo auxilia alunos a ampliarem suas habilidades em Língua Portuguesa com reflexões sobre variação linguística

 

Notícia escrita por  

Alano Oliveira Coelho e Julia Oliveira Vicente 

Alunos do curso de Letras da UFJF

(alanodiovani@outlook.com ; juliaoliveirav1@gmail.com)

 

Como podemos mostrar aos alunos que a língua é variável e heterogênea, ao contrário do que muitos pensam? Uma pesquisa na perspectiva da sociolinguística – área que estuda a relação entre linguagem e sociedade – foi realizada com adolescentes de uma escola de Juiz de Fora para evidenciar as variações de uso da língua e, consequentemente, ampliando as competências linguísticas dos estudantes. O projeto, intitulado Sociolinguística educacional: ampliando a competência de uso da língua, realizado pelos pesquisadores Luís Carlos de Oliveira e Lúcia Cyranka, foi publicado na Revista Soletras, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

A pesquisa foi feita com o objetivo de apontar a importância de implementar no ensino de língua portuguesa estudos sobre diversidade linguística, ampliando a competência dos alunos na compreensão da língua. Além disso, o estudo demonstrou que a tradição escolar não pode se sujeitar apenas ao ensino da norma padrão – que reafirma, cada vez mais, o conceito de homogeneidade linguística. Os pesquisadores utilizaram a metodologia de pesquisa-ação com uma turma do 9º ano de uma escola particular de Juiz de Fora (MG). Foram selecionados textos jornalísticos para que os discentes pudessem analisar o processo de variação do uso dos pronomes relativos no português do Brasil. Os estudantes pesquisaram em jornais, de circulação nacional e local, dados sobre o uso dos pronomes relativos e, a partir desta pesquisa, apontaram quais pronomes são utilizados em diferentes variedades linguísticas.

Com a pesquisa, os alunos concluíram que o pronome relativo ‘que’ é usado predominante em textos de circulação mais restrita, regional, como o jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora, que atende a um público leitor específico. O ‘cujo’, por outro lado, surgiu em textos extraídos de jornais de circulação mais abrangente (como O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo) que atendem a um público mais diversificado.  Segundo um estudante que participou da pesquisa, “Tem pessoas que não têm muita escolaridade e, por isso, até sabem que ‘o qual’ existe, mas não sabem a função dele no texto. Por isso que esse pronome não aparece em muitas notícias de jornal aqui da nossa cidade porque muita gente nem sabe o que ele significa. Mas acho que pode aparecer em textos mais detalhados e com outros assuntos como política ou economia que são lidos por outras pessoas que estudam mais”, afirma.

Os participantes, com o auxílio do professor de matemática da escola, fizeram gráficos para demonstrar os resultados obtidos, o que tornou a atividade interdisciplinar. Eles também aprenderam noções gerais de Estatística para observar a frequência com que eram utilizados os pronomes relativos e suas flexões, reproduzida em gráficos e tabelas. Os alunos, então, concluíram que o processo de mudança linguística se dá em todas as instâncias, a partir de diversos textos, em diversas classes sociais e econômicas, como ocorre com os pronomes relativos que, segundo eles, estão em processo de modificação.

A pesquisa é bastante importante pra a área porque mostra como ampliar a competência linguística dos alunos com um ensino de língua portuguesa pautado nas concepções da sociolinguística. Ampliar o domínio da língua em situações de usos reais é um caminho em direção a uma aprendizagem que pode reduzir as diferenças sociais e o preconceito linguístico, que surgem de pensamentos e ideologias discriminatórias. Desse modo, o estudo desconstrói uma visão de preconceito linguístico, sendo, por isso, importante também para a formação de novos professores de Língua Portuguesa. 

 

Veja a pesquisa completa no link: url.gratis/QAAfRr