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Divulgação – Estudo mostra que aprender a escutar é importante na escola básica

Estudo mostra que aprender a escutar é importante na escola básica

 

Por: equipe do Grupo de Pesquisa LEPS

grupoleps.ufjf@gmail.com

 

Você já percebeu que nos comunicamos no dia a dia pela linguagem, falando e escutando, mas que a atividade de escutar pode ser refinada? É o que mostra a pesquisa realizada pela Profa. Ms. Vanessa Titonelli Alvim, em sua dissertação de mestrado defendida em 2015 pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFJF, “Práticas de oralidade no ensino fundamental: características e funções das atividades de escuta”. A docente investiu em estudos de oralidade porque este eixo de ensino costuma ser menos abordado que a leitura e a escrita. Assim, na percepção da docente, às vezes os alunos não fazem relações entre a linguagem verbal e a não verbal, como gestos, expressões faciais, aspectos sonoros em entrevistas e propagandas, o que pode comprometer a compreensão de textos.

Para realizar sua pesquisa, Vanessa Alvim usou a metodologia de pesquisa-ação. Ela analisou primeiramente programa de ensino de Língua Portuguesa, além de se embasar em especialistas do campo do ensino de oralidade e análise linguística. Em seguida, a docente criou “guias de escuta” para usar com uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental de uma escola estadual de Juiz de Fora; os alunos participaram de atividades de “escuta ativa” de entrevistas, propagandas e notícias televisivas, que revelam maneiras para fazer intervenções precisas a fim de que os estudantes percebam elementos não-verbais da comunicação. As crianças foram envolvidas em um projeto das disciplinas de Língua Portuguesa e Ciências, intitulado “Ideias para salvarmos o planeja”, em função da situação precária de excessivo lixo no entorno da escola. Vários exercícios de leitura e escrita de textos, como cartilhas, leis e narrativas foram usados, ao longo de 5 meses de trabalho. 

Após a criação deste procedimento, os alunos perceberam que é possível investir em postura corporal, tom de voz e planejamento da fala para conseguir maior desenvoltura para falar em público. Segundo Alvim, “o estudante consegue relacionar a preparação da fala a elementos extralinguísticos como não ficar pensando nem gaguejando”. Ao analisar debates e entrevistas, os alunos aprendem também que há diferentes formas de falar em público, que cada um deve falar de uma vez, e que é necessário escutar com atenção, respeitar a fala do colega e opinar em momentos oportunos. Nesse sentido, a docente reforça que precisamos sair do senso comum e entender que falar em público é uma atividade que precisa ser ensinada desde a infância.

Os impactos do trabalho, segundo Vanessa Alvim, são promissores, uma vez que exercitar a fala em sala de aula, em vez de gerar a tão assustadora indisciplina, torna-se uma aliada no ensino. Como perspectivas futuras, ela ressalta a necessidade de testar as atividades em outros contextos, porque, com muitos desafios nas escolas públicas, os resultados podem ser diferentes em outras instituições.

 

A dissertação da Profa. Vanessa T. Alvim está disponível no Repositório Institucional da UFJF

Link: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/183

Resultados da pesquisa também podem ser encontrados no livro “Oralidade, formação docente e ensino de Língua Portuguesa”, ebook de acesso gratuito. Link: https://www.letraria.net/oralidade-formacao-docente/