Fechar menu lateral

Divulgação – Seminário na escola: vida e obra de Luiz Gonzaga

Seminário na escola: vida e obra de Luiz Gonzaga

Por Rafaela Soares

Profa. de Língua Portuguesa e bolsista do Grupo de Pesquisa LEPS

rafaa_soarees@hotmail.com 

 

O seminário é uma prática muito comum na escola, certo? Mas, infelizmente, nem sempre a inserção deste gênero em sala é realizada de maneira adequada para promover uma real significação aos autores envolvidos, o que pode gerar lacunas na aprendizagem do falar em público. O seminário, muito utilizado nas escolas e nas universidades, leva ao empoderamento dos alunos, por proporcionar aos estudantes a vivência do papel de “especialista”, que é responsável pela construção de saberes, e de “espectador”, que vivencia o papel de audiência, que requer também comportamento específico. Foi neste tema que as pesquisadoras Fabrini Katrine Bilro e Débora Costa-Maciel, da Universidade de Pernambuco, realizaram pesquisa que foi publicada no artigo “Didatização do gênero seminário: análise do relato da prática docente”, na Revista de Estudos Linguísticos Veredas, da Universidade Federal de Juiz de Fora.  

Na escola, é preciso ensinar a falar em público, o que não é muito comum, segundo os especialistas na temática, já que os gêneros orais (como o seminário, a entrevista e o debate) não costumam ser abordados porque são considerados como um conhecimento já internalizado, nato dos falantes. Entretanto, o que tais especialistas abordados na pesquisa mostram é que o desenvolvimento de habilidades comunicativas orais necessita de um trabalho sistematizado de estudo e produção constantes. Para compreender como a oralidade é ensinada na escola, as docentes analisaram a prática de uma de professora de Língua Portuguesa de Pernambuco, que lecionava no 9° ano do Ensino Fundamental, sobre o processo de ensino do gênero oral seminário, que envolveu a vida e a obra de Luiz Gonzaga. 

Para atingir os objetivos da pesquisa, Fabrine e Débora entrevistaram a professora pernambucana, que atua na sala de aula como mediadora do ensino, aproximando a temática do seminário ao dia a dia dos alunos, juntamente com a inserção da figura de Luiz Gonzaga. Ela afirmou que para ensinar os alunos a falar em público, produzindo o seminário, guiou sua classe usando várias estratégias, como slides, documentários, músicas e imagens. Assim, ela desenvolveu um trabalho interdisciplinar, abordando os recursos não-verbais da oralidade (como os gestos, as expressões faciais, a postura corporal que deve ser assumida na apresentação, o uso de recursos para dar suporte à fala, como cartazes ou slides), promovendo uma aprendizagem significativa para os seus alunos. Ao término do trabalho sequencializado, a professora levou os estudantes ao Museu do Cais, como culminância do trabalho.

Falar em público, como em um seminário ou outros tipos de exposição oral, ainda que comum na vida escolar e no trabalho profissional, não é algo natural aos indivíduos. Desse modo, é necessário auxiliar a promoção da autonomia dos alunos, que lidam com variados tipos de comunicação diária, para que ocorra uma ressignificação do ensino de oralidade. O ensino do seminário pela docente colaboradora da pesquisa mostrou que ele dá margens para a construção de outras formas orais mais abrangentes da comunicação. Segundo Fabrini e Débora, “ao lançarmos um olhar sobre o discurso da docente e estabelecermos uma reflexão sistematizada sobre sua proposta de ensino do gênero seminário, pautada em um planejamento com objetivos claros, percebemos que em seu saber-fazer, o seminário apresenta-se como uma prática de linguagem que se constitui como objeto autônomo de aprendizagem”, comentam as pesquisadoras. 

Os resultados desta pesquisa podem ter impactos positivos para outras realidades escolares. Por não ter alcançado um largo número de entrevistados, a investigação abre oportunidade para pesquisas futuras que se comprometam em dizer se há, nos dias correntes, mudança da concepção de ensino de oralidade não só a partir do gênero seminário, mas de outros gêneros orais. Além disso, os resultados mostram que é possível realizar um trabalho minucioso e sistematizado na escola, em que o professor realmente use estratégias para ensinar os alunos a falar em público em situações formais de uso da Língua Portuguesa.  

Leia o resultado da pesquisa completa, de Fabrini K. S. Bilro e Débora A. G.  Costa-Maciel no link https://url.gratis/9AzamJ