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Divulgação – Pesquisa aponta o rap nacional como um facilitador nas práticas letradas com alunos da periferia

 

Pesquisa aponta o rap nacional como um facilitador nas práticas letradas com alunos da periferia

 

Notícia escrita por Pedro Rodrigues Barbosa

Aluno do curso de Letras da UFJF

pedrorodrigues.barbosa@estudante.ufjf.br

 

O rap nacional trabalhado dentro da sala de aula é um veículo de resistência e de combate ao preconceito racial, permitindo identificação ao jovem negro. Além disso, as atividades com o gênero musical proporcionam um trabalho com a oralidade a fim de enriquecer a escrita, inserindo o aluno periférico no mundo letrado. Foi nessa perspectiva que as professoras Ana Cláudia Florindo Fernandes, Raquel Martins e Rosângela Paulino de Oliveira desenvolveram o artigo “Rap nacional: a juventude negra e a experiência poético-musical em sala de aula”, publicado na revista do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) em 2016.

De acordo com as autoras, o objetivo central da pesquisa visa a problematização do sujeito periférico, o qual, a partir do ambiente de configuração do rap, é marginalizado histórica e socialmente. Isso é feito para que os alunos pensem sua condição social e existencial de forma crítica. Na realização do estudo, as pesquisadoras utilizaram oficinas para tratarem do rap (baseadas no rap dos Racionais MC ‘s) com jovens de baixa renda na idade de 13 a 15 anos que cursavam, em escola pública, o ensino fundamental (7º, 8º e 9º anos) e o 1 ª ano do ensino médio.

A primeira etapa da pesquisa foi desenvolvida durante os anos 2011 e 2012 na ONG Casa do Zezinho, localizada no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. A segunda etapa ocorreu no 2º semestre de 2013, na EMEF Desembargador Amorim Lima, situada no Butantã, zona oeste de São Paulo. Nas oficinas, as professoras trabalharam a linguagem do rap atrelada à criação musical dos alunos. Nesse sentido, primeiramente, as pesquisadoras desenvolveram atividades e discussões sobre a configuração do hip-hop e, depois, focaram no trabalho com a escrita. Portanto, ocorreram atividades de audição de rap nacional; atividades de análise das letras dos raps com discussões acerca disso; atividades de composição de raps pelos alunos participantes; atividades de improvisação musical, as quais eram acompanhadas por instrumentos de percussão afro-indígenas; leitura de entrevistas e análise de comentários de rappers brasileiros etc.

O estudo desenvolvido permitiu às pesquisadoras observar que os alunos, a partir das discussões realizadas, tiveram grande empenho nas suas composições com bases rítmicas. Elas também apontaram que o trabalho com o rap refletiu representatividade na vida dos alunos, pois ao se tratar de hip-hop, os jovens eram os verdadeiros professores do assunto, uma vez que veem a história deles refletidas na música. No final, elas apresentaram a constatação de que o currículo escolar deve ser construído a partir da vida dos jovens e da bagagem social, cultural, familiar que eles trazem. Assim, as pesquisadoras expuseram a necessidade de se inserir a cultura do negro nos currículos escolares e provaram o efeito disso na vida dos estudantes negros periféricos, os quais, através das atividades da pesquisa, viram no rap nacional uma maneira de identificarem-se e resistirem cultura e socialmente através de práticas letradas com a música.

Nessa perspectiva, o estudo das pesquisadoras é significativo, pois a partir dele os jovens reconhecem o rap como um veículo de resistência que possibilita aos “griots da periferia” preservar suas tradições e reforçar sua identidade afro-brasileira através de um trabalho com a oralidade para a produção de práticas letradas entre os alunos. Dessa forma, a pesquisa é relevante dentro do campo da educação e pode inspirar pesquisas futuras nessa área, pela forma como protagoniza o aluno periférico e, também, porque permite ao professor explorar os gêneros orais pensando em práticas de letramento.

 

Leia a pesquisa completa, acessando o artigo no link:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0020-38742016000200183&script=sci_abstract&tlng=pt

 

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