Autor
- Gabriel Aly Baraky (gabriel.aly@estudante.ufjf.br)
Figura 1: Motivações de jogadores segundo o Bartle Test of Gamer Psychology.
O conceito de motivação de jogadores vem do estudo do professor e pesquisador Richard Bartle criado em junho de 1996, que visou entender o que leva as pessoas a jogarem e gostarem dos jogos online. O professor criou um teste simples chamado Bartle Test of Gamer Psychology que explica muito bem como são divididas as motivações de quem joga. Na época do estudo, o foco era nos MUD (Multi user Dungeons). A Figura 1 apresenta as quatro categorias de jogadores, sendo elas: os matadores (killers); os conquistadores (achievers); os exploradores (explorers); e os socializadores (socializers).
Bartle explica que, mesmo após ter criado esse gráfico, não se deve resumir tudo em uma só dessas opções, por serem somente estereótipos que resumem o básico do que aquele estilo de jogador deve esperar ao jogar algum jogo.
Os arquétipos de Bartle
Os conquistadores são um estilo de jogador que quer ter status e conseguir mostrar que conseguiu algo que depende de tempo e habilidade. Ele sente prazer em ter insígnias ou conquistas que demandam tempo e esforço para poder mostrar aos outros como ele se empenhou em conquistar aquilo. Bartle estipulou que cerca de 10% dos jogadores se encaixam nesse estilo.
Os matadores são bem parecidos com os conquistadores, mas o jeito de conquistar as coisas é diferente: eles querem ser diretamente melhores que os outros jogadores. Em jogos conhecidos como jogador contra jogador (JvJ ou PvP, player versus player), buscam mostrar que eles estão acima de quem joga contra eles, trazendo a honra e glória de uma vitória como motivação. Esse estilo de jogador parece ser o mais comum, mas ironicamente, segundo Bartle, eles representam menos de 1% dos jogadores.
Os exploradores apresentam um estilo de jogo mais pacífico, que não se importa em ser melhor do que ninguém em nada. Seu prazer está em descobrir tudo que o jogo tem a oferecer, seja um item muito bem escondido ou uma referência, ou um easter egg bobo que faça ele dar uma risada por achá-lo. A motivação deles está na ideia de explorar um mundo desconhecido e achar tudo que foi criado naquele universo. Bartle diz que esse estilo de jogo adere a 10% dos jogadores.
Os socializadores ocupam 80% de todos os jogadores. Este grupo vê diversão na interação social no jogo. Muitos jogam jogos em que se você ajudar um amigo, acabará ganhando algo em troca. O estilo de jogar se baseia em se juntar com aliados e conseguir criar um organismo que seja autossuficiente entre eles, fazendo com que progridam no jogo e em seus próprios objetivos. Vale lembrar que, mesmo sendo passivos, os socializadores ainda têm ambições, então ainda existe uma parcela de conflitos entre os jogadores.
Após explicar por cima cada uma das categorias você pode estar se perguntando: “qual é a minha?, eu acho que não me encaixo em nenhuma direito”. Mas fique tranquilo, o gráfico criado pelo Bartle é uma base simples desse estudo e atualmente existem estudos um pouco mais complexos que adicionam mais categorias e vertentes dentro dessas categorias, fazendo assim com que mais pessoas achem uma que combina de um jeito mais específico com seu estilo de jogo.
E qual é o seu arquétipo?
Para descobrir o seu arquétipo, caso você ainda não saiba o seu, o INOVAGames preparou uma versão do teste em português que, com base nas suas escolhas ao longo de diversas perguntas sobre comportamento online, você saiba com qual você se identifica mais. Lembrando que mesmo se você e seu amigo jogam os mesmos jogos, o perfil não será necessariamente o mesmo! Cada pessoa busca uma coisa diferente nos jogos e cada jogo cria diferentes experiências, que podem ser agradáveis ou não. Saber trabalhar com isso é fundamental para entender onde está sua a diversão em um jogo e como criar essas experiências se você for o desenvolvedor!
Esta é a primeira parte sobre os estudos de Bartle para montar uma taxonomia de motivação para os jogadores. Você pode ler a segunda parte onde falamos sobre a continuação dos trabalhos dele.
Bibliografia