Juiz-forano ex-Uberabinha e Futebol UFJF fecha com o Grêmio

Atacante Jhon Jhon supera obstáculos, rejeições e acerta com a base do Tricolor Gaúcho para a temporada

Jhon Jhon já treina com os novos companheiros da base do Grêmio (Foto: Arquivo pessoal)

Você pode não conhecer Jhonathan Teodoro, apelidado de Jhon Jhon, mas se depender da vontade e do talento do jovem de apenas 18 anos, é questão de tempo para que seu nome seja lembrado pelos juiz-foranos e amantes de futebol de todo o país. Em trajetória marcada por diversos obstáculos sociais, financeiros e rejeições em peneiras de grandes clubes, o atacante do Bairro Sagrado Coração, da Zona Sul, manteve o sonho de seguir carreira no esporte mais popular do planeta e fechou, nesta temporada, com o Grêmio.

“É muito emocionante assinar contrato com um clube grande. Passei por muitas dificuldades até aqui e poucas pessoas ajudando. Todo jogador sonha em atuar por um clube grande e meu sonho se realizou. Gratidão a Deus por ter aberto essa porta para mim”, destaca o juiz-forano à Tribuna, integrado à base tricolor.

A superação define a trajetória do juiz-forano até aqui. Com base em clubes locais como o Uberabinha e o Futebol UFJF, ele recebeu a negativa de grandes clubes brasileiros, como os três belorizontinos América, Atlético e Cruzeiro. O foco, contudo, nunca deixou de ser o futebol, como conta a mãe, Adriana Teodoro, principal incentivadora do jovem, com quem morava em Juiz de Fora.

“Fiquei muito feliz com a notícia porque é a realização de um sonho. Muitas das vezes ele tinha dificuldade para ter a passagem de ônibus para ir treinar. Isso tudo que ele vem conquistando é pelo sacrifício dele. É muita emoção ver ele fazendo o que gosta”, reiterou Adriana, auxiliar de serviços gerais.

A mãe de Jhon Jhon conta que o atleta foi descoberto inicialmente pelo técnico José Rafael Gomes Monteiro. “Me separei do pai dele quando ele tinha 1 ano e ficamos só nós dois. Aí o Rafael viu ele jogando e disse: ‘Esse neguinho é bom’. Descobriu que era o meu filho e começou a ajudar”, relata. A partir disso, ele foi treinado por outros profissionais da cidade. “Tive técnicos como o Dudu, do Uberabinha, Alex Nascif e Wellington (da Matta), da UFJF”, conta Jhon Jhon .

Jhon Jhon e Adriana após um dos títulos do jovem pela UFJF (Foto: Arquivo pessoal)

Evolução e persistência

Um dos períodos de maior evolução do atleta ocorreu entre 2014 e 2018, quando defendeu o Futebol UFJF, projeto de extensão na universidade local. Ele participou de campeonatos regionais e até de âmbito estadual, caso do Mineiro de base, com direito ao título da Segunda Divisão nas categorias sub-15 e sub-17, sempre passando por cima das dificuldades, como afirmou o coordenador do Futebol UFJF, Marcelo Matta.

“Cansei de ver ele vindo a pé para treinar. Gostava e raramente faltava. Se dedicava, tinha uma personalidade agressiva, mas não violenta. Era nas ações do jogo. Muito forte, veloz, com gana de vencer. Chuta com as duas pernas. Para se ter uma ideia, na Copa Bahamas de 2013, nós perdemos a final e ele foi o destaque do jogo como zagueiro da equipe. Ele sempre foi persistente e um jogador diferente em função dessas características. E chegou aonde chegou”, exaltou o professor.

Antes de ser apresentado pelo Grêmio, em 26 de fevereiro, Jhon Jhon disputou a Copa São Paulo de Futebol Junior – o maior torneio da categoria do país – pelo Jaguariúna Futebol Clube, do interior de São Paulo. As atuações de destaque despertaram também o interesse do Athletico-PR e do Vasco. Mas foi um gol contra o Santo André (SP) que ele não irá se esquecer. “Sempre sonhava em disputar uma Copa São Paulo e foi uma alegria fazer um gol contra um time que me rejeitou antes”, conta.

O histórico do jovem, fortalecido com cada obstáculo, o faz pensar em novos objetivos. “Agora no Grêmio pretendo conseguir minha vaga entre os titulares para me destacar e conquistar a confiança do clube”, conta.