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Trabalho sobre impacto do exercício físico é premiado em congresso

 

Exercício físico intenso produz estresse cardiovascular considerado em sedentários (Foto: UFJF/arquivo)

Com o trabalho “Impacto do exercício físico na modulação autonômica cardíaca de 24 horas”, o mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Tiago Peçanha de Oliveira, teve o seu trabalho de mestrado premiado como o melhor tema livre de pesquisa aplicada da Educação Física no XXXIII Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

 

 

O trabalho avalia o impacto da atividade física sobre o sistema cardiovascular nas 24 horas após o seu término. “Observamos que o exercício físico intenso produz estresse cardiovascular considerado em indivíduos sedentários, sobretudo no período do sono, na noite imediatamente após o exercício.”

O primeiro contato do pesquisador com o congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo ocorreu em 2009, quando enviou um pequeno trabalho de iniciação científica sobre o sistema cardiovascular e exercício. “Eu tive uma impressão muito boa do evento por vários fatores: é um congresso muito grande, com vários departamentos, dentre eles fisioterapia, medicina, nutrição, educação física e enfermagem. Fora o fato de ser em São Paulo e o altíssimo nível dos palestrantes.”

Ele explica que, por estar na fase de desenvolvimento da sua pesquisa de mestrado, não pôde ir nos anos seguintes e, ao terminar, achou que sería uma boa oportunidade para divulgar o trabalho. “Eu acreditei no trabalho, entendi que ele tinha qualidade e isso se confirmou, tanto que chegou entre os três finalistas do congresso. No final, ganhei o prêmio de melhor trabalho em pesquisa aplicada.”

A seleção para a escolha dos melhores trabalhos é feita por membros da Socesp, todos da área de Educação Física, levando em consideração o mérito acadêmico, o impacto do trabalho, a originalidade, a aplicação clínica e a prática que o trabalho possa ter, a qualidade da redação e a aplicação dos métodos estatísticos. A decisão final aconteceu após a apresentação pelos autores, com 15 minutos de duração, para uma banca formada por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Oliveira realizou toda a sua pesquisa na Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da UFJF e elogiou a estrutura oferecida. “Nos últimos anos, em função da abertura do programa de pós-graduação, temos conseguido mais verbas, bolsas e equipamentos. Tudo isso facilita para fazer uma pesquisa de qualidade.”

Indivíduos entre 20 e 30 anos

O trabalho começou em junho de 2011 e terminou em dezembro do mesmo ano. Inicialmente, foi feito um recrutamento de dez indivíduos jovens, entre 20 e 30 anos, sedentários, que frequentavam o laboratório para uma série de avaliações para medir suas condições aeróbicas e físicas.

Depois, com o auxílio de um router, foi feita análise eletrocardiográfica sem a realização de exercício prévio para verificar como o sistema cardiovascular da pessoa se comportava em um dia sem exercício. Por fim, os indivíduos foram submetidos a duas sessões de exercício: uma com intensidade moderada (mais leve) e outra mais intensa, a fim de ver qual era o impacto dessas propostas no comportamento eletrocardiográfico nas próximas 24 horas.

“Nós tinhamos três condições de registro eletrocardiográfico em 24 horas: uma sem exercício, outra com exercício de baixa intensidade e uma terceira com exercício de alta intensidade. Então, assim que conseguimos um número suficiente de indivíduos foi feita a comparação. E o que percebemos foi que, após uma sessão de alta intensidade, apesar de ela estar dentro das normas de exercícios para indivíduos jovens sedentários, ainda assim provocou alteração no controle autonômico cardíaco (controle do coração pelo sistema nervoso autônomo). E qualquer alteração nesse controle é passível de investigação, pois revela um estresse além do recomendado.”

Questionado sobre a diferença do impacto do exercício físico entre pessoas que realizam atividades físicas regularmente e aquelas que não se exercitam, Oliveira conta que existem literaturas indicando que sessões de futebol, tanto para sedentários, quanto para atletas, são sessões muito intensas, por isso, o impacto no sistema cardiovascular é exagerado, principalmente, em sedentários.

“Se o indivíduo, além de ser sedentário, for obeso, hipertenso ou mesmo se tiver outros hábitos inadequados, como o fumo, o impacto ganha uma importância ainda maior, pois esse indivíduo, ao realizar um esforço físico, está sujeito a um estresse cardiovascular mais elevado.”

Oliveira ressalta que pretende seguir trabalhando nessa área, mas com outro enfoque. “Tendo o meu trabalho descoberto que uma sessão de exercício de alta intensidade, mesmo dentro das diretrizes recomendadas, provocou um estresse cardiovascular, resta-nos agora saber o que pode atenuar esse estresse.”

Socesp

Guylherme Morais – estudante de Comunicação Social

KSR(06/07/12)