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Apoio da torcida e o bloqueio foram os destaques na atuação do vôlei da UFJF na Superliga

A equipe da UFJF encerrou a sua participação na Superliga Masculina de vôlei 2011/2012 no último sábado, dia 10. Dos 22 jogos disputados, o time venceu quatro partidas e foi derrotado em duas ocasiões por 3 sets a 2 (que valem 1 ponto na classificação), alcançando ao final 14 pontos e a 11ª colocação. Apesar dos números, um grande objetivo foi conquistado: a permanência na elite do vôlei na próxima temporada, quando a equipe terá um período maior para a preparação.

Em entrevista ao Portal da UFJF, o treinador e mentor do projeto de profissionalização do vôlei da Universidade, professor Maurício Bara, fez um balanço geral da temporada e apontou os próximos passos da equipe, visando o crescimento do esporte na cidade e uma projeção maior do time nacionalmente.

Portal UFJF- A participação da equipe na Superliga 2011/2012 correspondeu às suas expectativas?

Maurício Bara – Eu divido essa avaliação em duas partes: dentro dos objetivos gerais, foi de acordo com o esperado. Nós fomos a última equipe a ser formada e a iniciar os treinamentos. Não por decisão nossa, o motivo foi que classificamos na Liga Nacional em setembro, e só conseguimos uma resposta positiva da Confederação Brasileira de Voleibol no dia 8 de outubro. Tivemos até o dia 24 de outubro para montar e apresentar a equipe, enquanto os outros times estavam treinando desde julho. Nossa meta era não ser rebaixado nesse ano. Tenho certeza de que formamos um time competitivo, e a cidade compreendeu isso, ao ver que as partidas foram muito disputadas, apesar de jogarmos contra grandes equipes, com os principais jogadores do cenário nacional.

No entanto, falando como treinador, possuo uma insatisfação natural, porque no decorrer da competição vimos que com alguns ajustes esse grupo poderia ter conseguido resultados melhores, garantido a décima posição e a possibilidade de disputar na última rodada a nona colocação. Enfim, os objetivos foram cumpridos. Com a ressalva de que com o avançar da competição observamos que poderíamos ter conquistado algo a mais, mas isso é um processo de avaliação natural dentro de qualquer competição.

Portal – Quais foram os principais pontos positivos da participação na competição?

Bara – O grande mérito foi ter colocado a UFJF no maior patamar do esporte mundial, porque a Superliga Brasileira é uma das principais competições do mundo. Sabemos que ainda temos um longo percurso de aperfeiçoamento, ainda não atingimos nosso máximo, podemos fazer muito mais pelo voleibol. O envolvimento da cidade foi uma surpresa agradabilíssima, não esperava ver essa torcida tão envolvida e apaixonada. A experiência adquirida – acredito que aprendemos dez anos em cinco meses – nos fortaleceu muito para os próximos desafios.

 Portal -E as maiores dificuldades enfrentadas?

Bara – O pouco tempo que tivemos para elaborar e colocar tudo em ordem. A Superliga é uma competição que exige muito trabalho dentro e fora de quadra, e realizar esse processo em um espaço curto de tempo é muito complicado. Tivemos pouco tempo para assimilar todo o processo.

 Portal – Em relação aos fundamentos de jogo (ataque, bloqueio, passe etc), quais se destacaram e quais necessitam de maior aperfeiçoamento?

Bara – Nosso bloqueio foi o maior destaque. Fomos durante quase toda a Liga a segunda equipe com o melhor bloqueio, caímos para quinto nas últimas duas rodadas, mesmo assim foi muito positivo para o grupo. Temos que melhorar nosso saque e fortalecer o ataque, apesar de ter melhorado na reta final, trabalhamos com esse fundamento abaixo do ideal. Certamente esses dois pontos serão treinados de forma especial com a equipe que será formada para a próxima temporada.

Portal A projeção nacional, com transmissão pelo canal SporTV e o assédio da imprensa interferiu na maneira de jogar dos atletas?

Bara – Na hora da quadra, imagino que não, mas a ação da mídia influencia o jogador. Tivemos uma ação da imprensa muito forte em cima dos jogadores, diferentemente até dos grandes clubes. Aqui em Juiz de Fora éramos o único time a representar a cidade, e pela primeira vez em um campeonato tão importante. Tudo isso exerce uma influência que deve ser observada. Os jogadores podem ficar mais tensos com um erro, pois sabem que a expectativa em cima deles é enorme. Mas considero este um aprendizado natural.

PortalQual é o planejamento para o próximo ano?

Bara – O principal é formar um grupo mais coeso o quanto antes para chegarmos mais afinados à próxima Superliga. Ainda estamos analisando a possibilidade de participar dos Jogos Abertos Brasileiros em maio. Outro objetivo é disputar o Campeonato Mineiro em junho ou julho com o time já formado desde maio. Fecharíamos então com os Jogos do Interior de Minas Gerais e a Superliga, completando o calendário normal das competições. Além disso, pretendo esquematizar melhor e colocar em prática a formação das nossas categorias de base.

Portal Você considera a possibilidade de ser campeão da Superliga?

Bara – Ainda é um projeto distante. Porém, há quatro anos ninguém imaginava que estaríamos hoje na Superliga. Prefiro pensar passo-a-passo. Se ficamos em 11º neste ano, vamos brigar no ano que vem para chegar em oitavo. Queremos repetir o desempenho que tivemos na Liga Nacional: no primeiro ano não participamos, no segundo fomos um pouco melhor e no terceiro alcançamos o vice-campeonato. Dá para sonhar com uma grande evolução, mas precisamos pensar sempre no próximo passo.

Portal Os patrocínios e os apoios serão mantidos? Existe alguma nova proposta de parceria?

Bara – A Camilo dos Santos deu o aval de continuidade. Em relação aos apoios, sentaremos para conversar agora, avaliar a importância para nós e para eles. Esse é um momento de muita sondagem, mas de pouca concretização. Espero que a cidade responda de acordo com a torcida que foi formada, mais até do que em relação ao time. O patrocinador deveria observar o que a torcida fez no ginásio. O apoio popular hoje é enorme, mas precisamos também do apoio financeiro. Para crescer precisamos de recursos, inevitavelmente.

Portal – Pessoalmente o que a Superliga acrescentou na sua carreira?


Bara

– Dirigir uma equipe em crescimento dentro de uma competição desse porte foi uma experiência muito importante. Busquei me preparar a vida inteira para isso. Tivemos uma convivência muito saudável, senti que as outras equipes possuíam um grande respeito pelo nosso time e pelo nosso projeto. O principal é que alcançamos uma meta muito importante, mas tanto o time, como eu temos um longo percurso pela frente.

Portal – Se você recebesse uma proposta para treinar outra equipe, pensaria em aceitar?

Bara – Acho difícil. Hoje eu não penso nisso, penso em transformar esse projeto em algo ainda maior. Quero me dedicar inteiramente à nossa equipe. Sou professor da instituição, gosto daqui e devo muito à UFJF. Minha prioridade é conciliar a atividade de ensino com essa de extensão. É como ver um filho crescer. Ele nasceu comigo, e quero ver seu desenvolvimento.

Portal – Como você avalia como fundamental a participação da torcida nesta conquista?

Bara – Foi espetacular! Não me lembro de ter visto algo parecido em um ginásio de voleibol. Mesmo após uma sequência de maus resultados a torcida continuava apoiando incondicionalmente. Faço questão de agradecer a todos por isso. A força dos torcedores foi reconhecida até mesmo por jogadores de outras equipes. Chegamos a igualar jogos por conta da força das arquibancadas. É um apoio fundamental.

www.voleiufjf.com.br

Rafael Simão – estudante de Comunicação Social

Os textos são editados por jornalistas da Secretaria de Comunicação

KSR(14/03/12)