A 12 dias da data oficial de sua criação, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) teve a honra de agraciar no último sábado, dia 11, com a Medalha Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, maior honraria oferecida pela instituição, 50 homens e mulheres que de alguma forma contribuíram para a construção e o engrandecimento dessa que hoje é uma das melhores universidades do país.
Os agraciados, escolhidos pelas unidades acadêmicas e pela Administração Superior, receberam das mãos do reitor Henrique Duque, do vice-reitor José Luiz Rezende Pereira, e do secretário geral Basileu Pereira Tavares a tão merecida homenagem, realizada no Anfiteatro do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
“Com memória agradecida, celebramos, neste ano, a história da UFJF, concedendo a Medalha Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira a 50 personalidades que contribuíram para o presente que, segundo Pedro Nava, ‘é um fabricador permanente do passado; de modo que nós teremos sempre o que contar’”, declarou o reitor.
Entre essas personalidades estava o professor emérito da UFJF Almir de Oliveira que, humilde, comentou a honraria recebida: “A homenagem faz cócega. Eu fico muito agradecido. O pouco que pude fazer não foi desprezado e estou muito feliz por isso”. Na realidade, o professor pode ser considerado um dos responsáveis na luta para criação da UFJF. “A Universidade veio para Juiz de Fora e a transformou em um centro de ensino e cultura de grande relevância. A cidade ganhou muito com isso.” O professor é membro da Academia Mineira de Letras, fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, Academia Juizforana de Letras e do Instituto dos Advogados do Brasil. Foi diretor da Faculdade de Direito e também exerceu a profissão de jornalista.
Já entre os reitores que passaram pela UFJF, não poderia deixar de serem lembradas as contribuições feitas pela família Salomão à frente, por duas gerações, do mais alto cargo de uma universidade: a Reitoria. Representado por sua filha Regina Salomão, o ex-reitor Gilson Salomão recebeu a homenagem, em memória, fruto das grandes contribuições feitas à Universidade durante sua gestão. Em 1955, participou da fundação da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora, da qual foi professor, que seria incorporada à recém-criada UFJF. Diretor desta faculdade, Gilson Salomão dirigiu a implantação do Hospital Universitário (HU). Entre 1969 e 1972, como reitor da Universidade, dirigiu a implantação da Reforma Universitária e liderou também a implantação do Campus da UFJF, inaugurado em sua gestão, em 1970.
Sua filha, Margarida Salomão, que instituiu a entrega da medalha JK em 2003, também deixou marcas permanentes de sua passagem, por dois mandatos, como reitora da UFJF. Doutora em linguística e vinculada à Faculdade de Letras, Margarida liderou a expansão de 40% das vagas dos cursos de graduação e pós-graduação. Em sua gestão foi introduzido o sistema de cotas para ingresso na Universidade. “Para nós é muito gratificante. Nos sentimos muito agradecidos neste momento em que a Universidade completa 50 anos de uma história que se mistura à história de nossas vidas”, disse Margarida sobre a homenagem à família.
Nos momentos finais da solenidade, Henrique Duque ressaltou a trajetória de lutas e glórias da Universidade e reafirmou seu compromisso na continuação desse trabalho tão bem sucedido. “A história da UFJF é o julgamento de sua existência. Sua trajetória é testemunha do tempo e de sua permanência como ator singular que educa não somente com livros mas, sobretudo, com a memória e a razão.”
Volta ao passado
Em um texto-depoimento, um dos homenageados, o médico, professor aposentado e ex-pró-reitor da UFJF, José Carlos de Castro Barbosa, contou parte da história de lutas e glórias de estudantes, professores, lideranças políticas, empresariais e comunitárias para a criação da Universidade. Barbosa ressaltou o mérito dos homenageados e suas contribuições para construção da Instituição.
Em uma “viagem ao passado”, como descreveu, o médico relembrou a importante figura do mineiro Juscelino Kubistchek no processo de criação da UFJF. Como governador de Minas, Kubistchek criou em 1952 a Faculdade de Medicina de Juiz de Fora. Barbosa, que fazia parte da primeira turma de formandos dessa faculdade, relembra que como orador da turma, e tendo JK como paraninfo, traduziu em seu discurso o anseio da cidade em ter a federalização dos cursos de ensino superior, já existentes em Juiz de Fora. “Ouço, logo em seguida, eu e um Central (Cine-Theatro Central) lotado, o presidente JK suspender a leitura de seu discurso e assumir o compromisso público de criar a Universidade Federal de Juiz de Fora, ainda antes do término de seu mandato”. Dois anos depois, em 23 de dezembro de 1960, é assinado pelo então presidente, Juscelino Kubistchek, o decreto-lei para criação da UFJF. “A cena que revi neste encontro com a memória é apenas um dos tantos episódios relevantes que antecederam a criação da UFJF há 50 anos.”
Barbosa ao lembrar o passado não deixou de falar do presente e do futuro: “Há 50 anos, tínhamos a certeza de que o caminho da criação da Universidade era a árvore a ser plantada. E foi o que fizemos, com JK ao nosso lado. Hoje, cabe a todos nós, comunidade, sociedade juizforana, mineira, brasileira e suas lideranças, enfim, cabe a todos nós adubar estas sementes e também inventar e semear outras” .
Momentos de emoção
Entre os vários momentos de emoção, o mais impactante ficou por conta da indicação, feita pela Faculdade de Comunicação Social (Facom), da jornalista Valéria Sffeir Mahfuz, falecida este ano em decorrência de um câncer de pulmão. Em lágrimas, Berenice Sffeir representou a irmã, emocionando a todos os presentes. No momento em que a mestre de cerimônia, a diretora de Comunicação, Cristina Musse, colega de profissão e amiga da jornalista, discorria sobre a carreira de Valéria, a emoção tomou conta faltou-lhe as palavras por alguns instantes, demonstrando o grande carinho e saudade deixados pela jornalista. “Sei que receber essa medalha a honraria muito. Essa é uma homenagem linda que representa uma carreira vitoriosa nacional e internacional”, ressaltou Berenice ao falar da irmã juizforana e formada em Comunicação pela UFJF resumido em um “sentimento de saudade, alegria e emoção”.
Valéria começou a carreira nos anos 70. Foi uma das primeiras jornalistas brasileiras a atuar como correspondente internacional. Participou da criação da Globo News, emissora na qual foi editora de internacional. Nos últimos anos, comandou a equipe do programa Mundo S.A..
Outro momento de emoção aconteceu durante a homenagem feita à servidora Marília de Almeida Gomes, 92 anos. A cadeira de rodas não impediu que ela comparecesse à cerimônia, ato reverenciado pelo reitor e vice-reitor que se deslocaram até a homenageada para a entrega da medalha e os cumprimentos à senhora que tão bem representa os servidores da UFJF.
De auxiliar de secretária na Faculdade de Farmácia e Odontologia na década de 30, dona Marília foi promovida a secretária com a criação da Universidade ficando no cargo até se aposentar na década de 70. Ainda atou como secretária em outros projetos até os 84 anos quando encerrou sua vida profissional. “Cumpri com minha obrigação e isso é a coisa mais importante. É isso o que me faz feliz.”
Samantha Marinho – estudante de Comunicação Social
Os textos são editados por jornalistas da Diretoria de Comunicação