Fechar menu lateral

Diretor-técnico do JF Vôlei fala sobre os planos para a nova temporada

Apesar do rebaixamento da elite do voleibol brasileiro neste ano, a direção da equipe local enxerga na temporada 2018/2019 uma possibilidade de crescimento em diferentes diretrizes

 

Um cenário de transparência, identidade com Juiz de Fora e maior consistência no projeto. Este não é somente o sonho do diretor-técnico do JF Vôlei, Maurício Bara, mas um panorama realista revelado pelo profissional durante entrevista exclusiva à Tribuna na última quarta-feira (28) nas instalações do Clube Bom Pastor. Apesar do rebaixamento da elite do voleibol brasileiro nesse ano, a direção da equipe local enxerga na temporada 2018/2019 uma possibilidade de crescimento em diferentes diretrizes, apoiado na utilização da base no masculino, retorno de atletas formados na cidade, sequência da parceria com o Sada Cruzeiro e equilíbrio financeiro estruturado na obtenção de recursos através das leis de incentivo ao esporte em âmbito estadual e federal.

 

O primeiro passo, neste processo, deve ocorrer no próximo dia 13, quando o JF Vôlei deve apresentar à imprensa e patrocinadores um balanço financeiro com todas as receitas e despesas da última temporada. Há ainda a expectativa de sucesso na busca por verbas das leis de incentivo, oriundas de até 3% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), no caso da lei estadual, ou de até 1% do Imposto de Renda pago pelas empresas, na lei federal. Por fim, a projeção do uso de jovens da equipe sub-17 do Clube Bom Pastor já no time principal, além de possíveis retornos de atletas como o central Diego, o levantador Tárik e o ponteiro Pedro, trio da cidade. Confira a entrevista completa.

 

 

Tribuna de Minas: O JF Vôlei divulgará balanço financeiro da temporada?

Maurício Bara: A pretensão é de que, talvez no dia 13, a gente convoque imprensa e patrocinadores. A ideia é mostrar um resumo do ano, tanto da parte técnica, quanto da operacional, e uma transparência total em termos daquilo que foi recebido dos patrocinadores, da CBV, de renda, e onde foi empregado isso, nos atletas, logística. Apesar do resultado tecnicamente na quadra ter sido negativo, o produto existe.

 

Como está a busca por recursos pelas leis de incentivo?

Esse é um horizonte importantíssimo para a continuidade. Estamos muito esperançosos de, até julho, captar através da lei estadual, de ICMS. Já temos dois projetos aprovados e conversas avançadas, mas só podemos cravar depois que todo o processo for aprovado. O ideal seria que a gente fechasse esses dos projetos da lei estadual e continuar captando o da federal, por onde a Rivelli entrou (de R$ 25 mil), em que temos até 31 de dezembro para conseguir e tornarmos um ciclo positivo daqui para a frente. Não vejo outro caminho. Na lei federal, tenho um primeiro prazo até 31 de dezembro para estar com uma verba mínima em caixa (R$ 214.804,68), e na estadual é um valor menor, de 20% a 30% de R$ 300 mil, mas a curto prazo, a qualquer momento. A verba da lei federal deve ser captada mais para o final do ano, em função dos balanços financeiros das empresas. Nessa época eles já sabem qual é o faturamento, quanto vão pagar de imposto de renda e, automaticamente, o que é 1% disso. Trabalhamos nesse horizonte, um caminho sem volta.

 

Esta é sua principal meta para 2018/2019? E a parceria com o Sada Cruzeiro?

São duas metas. A primeira é essa, da captação pelas leis de incentivo, além da manutenção dos atuais patrocinadores. Aguardamos o dia 13 para estudar a manutenção com cada um deles. Estamos confiantes porque a relação tem sido muito boa. E a outra é manter a parceria com o Sada. Reforço mais uma vez, porque acho importante a população saber que, se não houvesse essa parceria nos últimos dois anos, seria inviável financeiramente ter um time. Sou eternamente agradecido às pessoas do Sada Cruzeiro que confiaram em nosso projeto. Agora tenho que ouvir o Sada dizer se interessa ou não a sequência na Superliga B. Vou entender perfeitamente se me disserem que preferem buscar parceria com um time da Superliga A. Mas vamos nos encontrar, ver os prós e contras, o que é possível e o que não é de manter.

 

– Já sabe quando deve começar a Superliga B?

– Normalmente ela inicia em janeiro, o que não impacta tanto nosso início de preparação porque precisamos montar o time para julho, agosto, para o Campeonato Mineiro. Não sei como vai ficar o calendário nesse ano porque teremos um Mundial de seleções em setembro. Talvez a Superliga comece um pouco depois, o que nos ajudaria. Então precisaríamos disputar o Estadual e quem sabe outros torneios para chegarmos em janeiro bem preparados.

 

– Há a possibilidade de já aproveitar a base do Sesi e Clube Bom Pastor?

– O Sesi é um pouco à parte. Estamos próximos deles, mas o comando técnico é todo do Sesi. Já no Bom Pastor, o comando é nosso ao lado do clube, obviamente. Vejo aqui um grande celeiro para o futuro. Ano passado jogamos três competições de base no masculino, sub-15, sub-16 e sub-17, o que deve ser repetido nesta temporada. Será uma política direta aproveitar garotos da base. Já temos alguns que estão encaminhando para isso e que vão ficar esse semestre treinando, alguns inseridos diretamente, outros, muito jovens, de 15 e 16 anos, que entrarão pouco a pouco nos treinos como forma de adaptação ao ambiente. Mas a certeza que eu tenho é desse investimento na base. Hoje na equipe principal da base temos 16 garotos e 16 meninas do sub-17 para baixo. Pretendemos chegar entre 42 e 45 somando masculino e feminino. E ainda temos a escolinha, mas já filtramos um pouco. Temos uma raiz muito bem plantada e seguimos buscando garotos pela cidade que, mesmo não sabendo jogar vôlei, possuem condições físicas para isso. Estou muito confiante e agradecido ao Clube Bom Pastor porque abriu esse espaço há alguns anos atrás. A tendência é que nos próximos anos a gente tenha sempre atletas provenientes da base. Hoje, se fôssemos montar a equipe, teríamos garotos da base, sem precisar quantos ainda, os da parceria com o Sada, se seguir, e num último momento as contratações pontuais.

 

– O que mais gostaria de destacar sobre o que vem sendo feito pelo JF Vôlei?

– Gostaria de destacar três setores: a imprensa, torcida e patrocinadores. Primeiro, pelo apoio durante todo o processo e, segundo, porque tenho quase a certeza de que a comunidade esportiva entendeu todo o processo, que o rebaixamento não é o fim do mundo e que fizemos tudo o que podíamos, ou até mais um pouco. Os resultados não vieram em quadra, mas a equipe competiu, fez sets duros. Tudo isso dá muita força para a gente. E se nos últimos anos falava, nesse momento, em 10% de chances de ter uma equipe, hoje já afirmo que possuímos de 60% a 70%. Estou confiante que vamos cravar ao menos parte das leis de incentivo e andar firme para jogar a Superliga B. E buscar subir, porque já construímos uma tradição muito grande de sete anos em uma liga muito difícil. Queremos trazer atletas, mas crescer com jogadores que saíram da nossa base e estão soltos pelo país. Casos do Tárik, levantador que jogou a Superliga B para Monte Cristo, o Pedro, ponteiro que estava no São José, além do próprio Diego, central, que está na cidade e mostrou interesse em atuar pela equipe, um cara já mais experiente.

 

 

Fonte: TRIBUNA DE MINAS