Tristeza sem abatimento. Se o JF Vôlei resistiu às dificuldades financeiras nas últimas temporadas com a permanência na elite do voleibol nacional, mas sem saber se teria verba para a sequência do projeto na temporada seguinte, o desfecho da equipe na Superliga 2017/2018 foi totalmente oposto. Rebaixada para a Superliga B com o triunfo de Montes Claros sobre o Sesc-RJ na noite da última terça-feira (6), a equipe juiz-forana mistura frustração pela queda com o otimismo de um futuro mais estável, como relatado à Tribuna pelo diretor técnico Maurício Bara. Como Montes Claros tinha 13 pontos, a vitória por 3 a 1 levou a equipe do Norte de Minas a 16, mantendo-a ainda na décima colocação e abrindo 8 pontos de distância do JF Vôlei. As vitórias nas duas rodadas finais, contra Canoas (RS) neste sábado (10) e Corinthians/Guarulhos (SP), no próximo dia 17, serão insuficientes para a equipe de Juiz de Fora permanecer na elite nacional.
Na entrevista, o gestor do projeto lamentou o descenso, mas admitiu a naturalidade do resultado em virtude das dificuldades nas últimas participações juiz-foranas na competição. “Era uma questão de tempo. Nossa última chance real estava no jogo com o Caramuru (PR), mas infelizmente não vencemos. Já estava esperando, mas claro que enquanto havia chance matemática, lutaríamos. O resultado do Montes Claros antecipou a notícia que tentávamos prorrogar. Há uma tristeza natural, mas de certa forma não é nenhum desastre. Nós conversamos sobre isso no início da temporada, que havia uma probabilidade maior de acontecer. A sensação que temos é que demorou até pelo que passamos nos últimos anos. Em 2015/2016, se a Superliga tivesse o regulamento atual, sem a seletiva, estaríamos rebaixados. Ano passado começamos com esse pensamento, mas o time deslanchou. É uma tristeza desportiva, mas temos que olhar para frente”, avalia.
Questionado sobre o impacto da queda, Bara minimizou os efeitos financeiros. “No vôlei há uma diferença grande do futebol, em que o time tem uma diferença de recursos muito grande com o acesso ou rebaixamento. No vôlei é o contrário. A participação na elite te dá mais gastos. O que esperamos é que, pela boa relação que possuímos com os patrocinadores, não mude tanto. No ano passado tivemos o maior resultado da nossa história e isso não impactou tanto positivamente, tivemos um aumento de 20% nas receitas apenas. Vamos renegociar com os parceiros para que o efeito contrário não aconteça”, diz.
Se em quadra a temporada foi marcada pela ausência de vitórias, fora das quatro linhas a diretoria do JF Vôlei tem motivos para acreditar na estabilidade do projeto. “Equilibramos muito a questão financeira. Claro que isso também teve impacto, mas era um objetivo nosso. A gestão ganhou muita força nesse ano com a aprovação de projetos de incentivo, que deve ser nosso sustentáculo principal para o próximo ano. Tecnicamente é um time que não me decepcionou. Claro que o elenco está maturando e faltou algum detalhe, mas é uma dificuldade que vivemos sempre, pois não temos como segurar atletas, trabalhamos com orçamento não compatíveis sequer com a Superliga B. Mas é uma equipe de garotos com muito brio e vão jogar as últimas partidas assim. E a Superliga aumentou o nível significativamente, tanto é que as duas equipes que entraram nesta temporada estão em 2º e 6º lugares. Tudo isso acarretou na falta de resultados”, lembra Bara.
A sequência do projeto, mesmo com o rebaixamento, é tratada de forma promissora por Maurício Bara. “Esse é um grande avanço nosso das últimas temporadas para agora. Antes acabávamos a Superliga com maior chance de não ter um time do que de ter para o ano seguinte. Agora vejo maior possibilidade de seguir com a equipe do que não ter uma. Vamos dar andamento ao processo jogando a Superliga B e fazendo alusão a grandes times do futebol nacional que foram rebaixados em algum momento e voltaram mais consistentes. Vamos olhar para frente, mas com sustentabilidade. É o que sentimos.”
Há ainda uma possibilidade a ser considerada na Superliga 2017/2018. Há previsão em regulamento de que, em caso de desistência de alguma equipe, a 11ª colocada tem preferência de herdar a vaga. Isto ocorreu nesta edição do campeonato, quando o Bento Vôlei (RS) desistiu da disputa, e o Ponta Grossa/Caramuru (PR) assumiu a participação na elite do vôlei. A possibilidade, apesar de remota, será passada ao elenco.
“Ainda não consegui ir ao treino depois do resultado, mas devo ir amanhã (quinta) para poder conversar com os atletas e dizer para eles que estão fazendo o máximo e que é muito importante terminar bem a temporada, quem sabe com duas vitórias, e manter o 11º lugar. Desta forma, caso aconteça o fechamento de algum time, o que não desejo para ninguém, o penúltimo colocado é o primeiro da fila pela vaga”, destaca Bara.
O JF Vôlei recebe o Canoas (RS) às 18h deste sábado (10), em duelo que marca a despedida da equipe diante de sua torcida nesta temporada. “Peço o apoio dos torcedores nessa última partida. A vitória vale muita coisa para a gente. Vamos tentar fazer desse jogo um evento realmente. Que nos prestigiem e apoiem para uma vitória”, solicita o diretor.
Fonte: TRIBUNA DE MINAS