1 de agosto de 2014
“Está na hora de repensarmos o futebol brasileiro”, avalia Paulo Autuori em Simpósio na UFJF
Com uma palestra sobre o futebol brasileiro na atualidade, o técnico Paulo Autuori fez a abertura oficial do I Simpósio Internacional de Futebol, realizado pela Faculdade de Educação Física (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A Conferência de Abertura aconteceu na última quinta-feira, 31, no Anfiteatro da Engenharia, e teve como mediador o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Futebol da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Israel Teoldo da Costa.
Autuori fez uma análise geral do futebol no país e comparou o momento atual com a Copa do Mundo de 1966. “O futebol brasileiro atual nos remete a pensar na Copa de 1966, que foi uma verdadeira catástrofe. Aquele foi um momento em que se parou para repensar o futebol da seleção brasileira e iniciou-se uma série de mudanças, que viriam a apresentar resultados positivos. Hoje, depois desse péssimo resultado no Mundial, vivemos isso de novo. Está na hora de repensarmos e mudarmos novamente o futebol brasileiro”. O técnico ainda afirmou que o início dessas mudanças deve ser no tratamento em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) dá aos clubes nacionais, dando a eles mais atenção, e na alteração do calendário dos jogos, que está sobrecarregado.
Paulo Autuori também afirmou que o futebol deve ser refletido e discutido de uma forma mais profunda, além do campo, o que não acontece no Brasil e impede que haja uma quebra de paradigmas no mesmo. “No Brasil procura-se repetir o passado e não aprofundar no conhecimento e na técnica, o que é um problema. A seleção é penta campeã devido ao talento do jogador brasileiro e não pela técnica que apresenta”.
O treinador ainda apontou a formação dos jogadores como outro grande problema do futebol nacional, ressaltando que o antigo futebol de rua, cada vez mais raro, faz muita falta nesse processo. “Quando um menino joga futebol na rua, ele desenvolve naturalmente o espírito do desafio, cria coragem para o encarar o jogo e toma as iniciativas por si só, sem o pai ou um treinador do lado para dizer o que fazer. É exatamente essa iniciativa que falta nos nossos jogadores atualmente. Devemos resgatar esse espírito do futebol de rua, pois os jogadores estão se formando com base no empirismo, o que é preocupante”.
Com 39 anos de carreira, entre clubes nacionais, internacionais e seleções estrangeiras, Paulo Autuori acredita que a solução para melhorar o futebol brasileiro atual está basicamente em cinco pilares: discussão conceitual sobre o futebol; mudanças no treinamento dos clubes nacionais; melhorias na formação dos jogadores; habilitação de profissionais, principalmente de gestores; e valorização das categorias de base. “Sob minha ótica temos que mudar toda a estrutura, reformular as ideias, criar condições favoráveis, habilitar profissionais e preparar melhor os que estão começando. Ainda temos que trabalhar muito para mudar o futebol nacional”. Ao final da palestra, Autuori respondeu a perguntas feitas pelo público presente.
I Simpósio Internacional de Futebol
O Simpósio segue até sábado, 2, e contará com a presença de grandes nomes da pesquisa na área, como Antônio Figueiredo, da Universidade de Coimbra (Portugal), Mark Williams da Brunel University (Inglaterra) e João Paulo Medina da Universidade do Futebol. O técnico brasileiro René Simões será o palestrante da Conferência de Encerramento, que acontecerá sábado, às 17h. René irá compartilhar um pouco de suas experiências e tratará da relação da ciência com o futebol. A programação também conta com minicursos e mesas-redondas.
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