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Maurício Bara faz balanço da UFJF na Superliga

A 11ª colocação da UFJF na Superliga Masculina pode ser vista como uma estreia tímida. Mas não é preciso esforço para identificar que a campanha inaugural da Federal na elite do vôlei nacional trouxe números expressivos. O maior deles veio das arquibancadas. A torcida local deixou uma marca indelével no torneio, apoio reconhecido por todos os envolvidos e até por adversários. Segundo a assessoria do projeto, os jogos em Juiz de Fora tiveram média de público de 1.018 pessoas, a maior ocupação média dos clubes participantes, com cerca de 90% dos lugares disponíveis preenchidos (ver quadro).

Em quadra, a equipe alternou bons e maus momentos. Foram 22 jogos, quatro vitórias e 18 derrotas, muitas delas para adversários difíceis, em jogos equilibrados. A UFJF viveu seu auge na sequência de triunfos contra o BMG/São Bernardo e o Londrina/Sercomtel, no primeiro turno, quando figurou na zona de classificação para os playoffs, na oitava colocação. Para esquecer, uma fase de dez reveses consecutivos, só superada no dia da conturbada suspensão de quatro atletas, resultado que sepultou a possibilidade de rebaixamento técnico. Agora a Federal vive a expectativa da confirmação de sua participação na Superliga 2012/2013. Em entrevista à Tribuna, o técnico e coordenador do projeto de voleibol da Federal, Maurício Bara, relembra histórias e fala dos planos para o futuro.

Tribuna – Qual sua análise sobre a participação da UFJF na Superliga 2012/2013?

Maurício Bara – Positiva. Primeiro, conseguimos a permanência técnica na elite (último colocado, o Londrina Sercomtel foi rebaixado para a Superliga B). Depois, o fato de conseguir formar um time competitivo, que fez bons jogos, mesmo contra adversários considerados mais fortes. E, o mais importante, o envolvimento e a empatia entre a equipe e a cidade. Acredito que o time tinha condições de brigar pelo nono lugar. Alguns fatores atrapalharam. Conseguimos a vaga pela Liga Nacional em setembro, mas ela só foi oficializada pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) em 8 de outubro. O time foi apresentado em 24 de outubro. Tivemos sete semanas de preparação, enquanto os outros times treinavam desde julho. Durante a preparação, conseguimos realizar apenas quatro jogos. O número ideal seria de 20 a 25 jogos. Mas o tempo não permitiu isso.

– Essas dificuldades impediram a equipe de almejar um objetivo maior?

– No começo da temporada, falávamos em chegar à décima colocação. Brigamos por isso até as rodadas finais. A análise final é satisfatória. Há uma certa insatisfação como treinador, que sempre quer vencer e acredita que sua equipe pode ir além. Mas sobrevivemos ao processo. Vejo dois pontos altos em nossa campanha. A sequência de vitórias contra São Bernardo, em casa, e Londrina, fora, e a derrota por 3 a 2 para Montes Claros, quando o time apresentou um excelente volume de jogo. Foi uma sequência de resultados que praticamente garantiu nosso primeiro objetivo, que era evitar o rebaixamento.

– E qual foi pior momento?

– O jogo contra o Montes Claros também foi chave para nosso pior momento. Abrimos 2 sets a 0 e lideramos o quarto set até os momentos finais. O grupo sentiu um pouco aquela derrota. Na sequência, aconteceu a séries de dez resultados negativos. Talvez seja um momento para esquecer. Ocorreram derrotas por falta de confiança. Acreditava muito no time, e era duro ver a equipe chegar nos 24, 22 pontos, e não conseguir fechar.

– Sobre a suspensão de Jardel (meia), Digão (ponteiro), Pedrinho (oposto) e Léo (oposto) momentos antes da partida contra o Londrina, pela 7ª rodada do returno, que praticamente liquidava qualquer possibilidade de rebaixamento da equipe na competição… Existe alguma verdade oculta por trás disso?

– É bom dizer que sou agradecido aos quatro. Não houve nenhum problema entre atletas e comissão técnica. Foi uma coisa momentânea. No retorno após a folga de carnaval, sabíamos que teríamos um jogo crucial no sábado seguinte. Vínhamos de dez derrotas. Nos dias anteriores à partida, pedi que as diferenças individuais fossem deixadas de lado. Aí, no treino da manhã de sábado, aconteceu uma discussão entre esses jogadores. Depois de tudo que foi conversado, achamos que aquilo estava influenciando dentro de quadra e optamos pelo afastamento. Foi uma decisão muito dura. Três deles (Jardel, Digão e Pedrinho) seriam titulares. Assumi o risco em defesa do grupo.

– Estes jogadores fecharam suas portas no projeto de vôlei da UFJF?

– Foi um problema pontual. Momentâneo. São atletas de grande qualidade. Não existe o menor problema em voltar a trabalhar com algum deles. Mas isso vai depender de como as coisas vão evoluir no futuro.

– Vocês esperavam uma participação tão efetiva do torcedor local?

– Esperava grandes públicos contra times considerados maiores e com estrelas, como Sesi e RJX. Por outro lado, em partidas menores, imaginávamos casa vazia como acontece nas outras cidades. Percebi que acontecia algo diferente no jogo contra o São Bernardo (vitória da UFJF por 3 a 1, na sexta rodada do turno), que não tinha nenhum jogador tão conhecido, durante as férias, e o ginásio lotou. Ali percebemos que estava acontecendo algo diferente. O grande detalhe é que a torcida entendeu que brigávamos pelo objetivo de não cair. Reconheceram a dificuldade da competição e ficaram sempre ao nosso lado.

– O que falta para a UFJF confirmar sua participação na Superliga 2012/2013?

– Precisamos receber um convite da CBV. Acredito que há uma grande probabilidade de que isso aconteça. Demonstramos muita competitividade e credibilidade. Cumprimos todos os nossos compromissos. Outro fator que ajuda é a grande presença do público. Sempre jogamos com a casa cheia.

– Há uma expectativa sobre quando pode ocorrer essa confirmação?

– Já vamos consultar a CBV sobre nossa participação na Superliga até o final do mês. Após a última rodada, tivemos a palavra do nosso reitor (Henrique Duque) garantindo a manutenção do projeto e a participação da equipe na competição. Isso é importante também para a CBV. Hoje nosso calendário está atrelado a isso. Queremos apresentar nossa equipe em julho e disputar o Campeonato Mineiro já com um grupo formado, o mesmo que depois irá disputar a Superliga. Na pior das hipóteses, se ficarmos fora, vamos montar um time para disputar o Mineiro, o Jimi (rebatizado como Jogos de Minas) e a Superliga B. Vamos buscar a vaga na quadra de novo. Não podemos parar.

 

Entrevista ao jornal Tribuna de Minas em 18 de março de 2012

KSR(18/03/12)