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Pequenas Inovações … Grandes Negócios…

Na nossa conversa do mês passado, discutimos sobre a importância de se inovar para garantir à empresa bons resultados financeiros e para atender aos desejos dos clientes, de modo que a empresa se torne cada vez mais competitiva, fidelize os clientes antigos e conquiste novos.

Mas, uma dúvida poderia surgir: afinal, apenas as grandes e médias empresas podem inovar? Como fazer/criar inovação nas micro e pequenas empresas?

Diferentemente do que se possa pensar, inovar não é apenas desenvolver algo inteiramente novo, não é apenas criar – em laboratório, por exemplo – um remédio novo, uma tecnologia nova. Inovar é fazer algo de maneira nova ou melhorada em diferentes segmentos e atividades dentro de uma empresa.

Nesse sentido, as pequenas empresas estão inovando quando, por exemplo, pensam em maneiras de treinar seus colaboradores de modo a atender melhor a seus clientes, se o Bar do Zé quer que seu público se sinta mais à vontade e mais bem atendido, o que ele pode fazer? Treinar seus garçons, para que estes sejam mais cortezes, mais prestativos e atenciosos, isso, com certeza, fará com que os frequentadores saiam mais satisfeitos e felizes porque foram ‘surpreendidos’ positivamente com um tratamento mais rápido e gentil. Outros exemplos?

De uma maneira geral, as pequenas empresas (bem como as grandes também) podem inovar de cinco formas diferentes: (a) aperfeiçoando seus produtos ou os serviços existentes: se a empresária Fátima, por exemplo, da loja Soluções em Informática, oferece a venda de seus produtos apenas no espaço físico da loja, ela poderá aumentar suas vendas se criar um site e oferecer seus produtos também pela internet – através do comércio eletrônico (e-commerce), aperfeiçoando sua forma de vender. Uma outra forma de faturar através da inovação é quando uma empresa (b) lança novos produtos ou novos serviços: imagine que a empresa da Fátima queira conquistar novos clientes, mas, sem poder mexer no preço dos produtos … Como fazer para inovar? Ela pode oferecer, por exemplo, um novo tipo de serviço agregado: na compra de um computador X, o cliente recebe um curso rápido de “Como proteger seu computador de ameaças pela internet”, assim, certamente, alguns clientes vão enxergar esse novo serviço como uma vantagem competitiva.

Ainda, uma empresa pode inovar através do (c) desenvolvimento de novos processos de produção e de gestão, se uma empresa de consultoria em informática, por exemplo, está demorando muito para realizar uma Proposta de Trabalho quando solicitada por um cliente, talvez seja uma boa saída para ela inovar na forma de confeccionar a proposta: ao invés de um único colaborador elaborar todas as fases, reunindo todas as informações necessárias, a proposta poderá ser feita por vários colaboradores, em que cada um terá seu prazo de execução e um deles ficará responsável por reunir e formatar a proposta como um todo, se essa ideia trouxer celeridade ao processo e se deixar os clientes mais satisfeitos, podemos dizer que houve uma inovação.

Uma pequena empresa pode inovar também quando, ao vender um produto, ela (d) melhora os métodos de marketing, pensando em marketing de uma forma mais ampla, incluindo aí não só a propaganda, mas também a embalagem do produto, a maneira como ele chegará ao cliente e etc., se a empresa da Ana, que atua na fabricação de canetas, pastas e materiais de escritório, quiser conquistar mais clientes, ela poderá, por exemplo, pensar em um formato mais ergonômico de caneta, ou em uma caneta que atenda a nichos de mercado diferentes – uma caneta para adolescentes, uma para mulheres e por aí vai … Ainda, uma empresa pode, e deve, inovar através de uma (e) estrutura organizacional mais eficaz, em que a balconista da padaria do Antônio, por exemplo, que está diretamente em contato com os clientes, tenha mais voz e abertura para sugerir ao dono/gerente para se fazer pão de batata também, porque alguns clientes andam perguntando se vende… Dessa forma, criar uma estrutura empresarial menos verticalizada, em que não apenas quem manda/sugere/inventa/inova é gerente ou patrão, mas também os colaboradores podem ser muito proveitosos, já que aproveita as sugestões daqueles que estão na linha de frente e que, por isso, têm contato com os clientes e mais ideias sobre como fazer o trabalho render mais.

Assim, a gente pode perceber que inovar não está apenas restrito à grande empresa, que pode pagar uma consultoria, que pode ter um laboratório, ou um centro de Pesquisa e Desenvolvimento: também as micro e pequenas empresas podem e devem inovar em todas as suas atividades, visando responder às exigências de seus clientes; visando ter uma melhoria contínua de seus produtos e de seus serviços, de forma a atender aos modismos culturais, econômicos da sociedade, não perdendo, dessa forma, o bonde da história e o cliente, que não vai deixar de ir à padaria do Antônio para ir buscar pão de batata na padaria da esquina…

Dúvidas e Sugestões são bem-vindas e podem ser enviadas através do email: debora.marques@ufjf.edu.br.

Débora Marques
Atua no Núcleo de Inovação Tecnológica da UFJF. Especialista em Negócios e Empreendimentos (UFJF). Doutoranda em Letras (PUC-Rio). Mestre em Linguística (UFJF). Professora de Língua Portuguesa e Espanhola (UFJF)