As instituições federais de ensino superior vêm atravessando um período de grandes dificuldades. A Universidade Federal de Juiz de Fora, entre 2016 e 2022, sofreu uma perda orçamentária de 48%, considerando os valores como corrigidos pela inflação do período. Em 2022, a instituição amarga um déficit da ordem de R$ 7.809.517,00, identificado após o corte de 7,2% já realizado pelo governo no mês de junho.

Em 06/10/2022, o governo federal, através do Ministério da Educação, anunciou um bloqueio orçamentário de 5,8% nos valores previstos para este ano. O anúncio deste bloqueio inviabilizaria, em definitivo, o funcionamento das instituições e impediria as universidades manterem seu funcionamento, honrar seus compromissos e cumprir sua missão como responsáveis pela educação, a pesquisa e a extensão de qualidade, sua maior marca em um país tão necessitado de sua atuação como agente produtor de conhecimento e desenvolvimento.

Houve forte reação por todo o país. A mobilização rapidamente se espalhou nas várias instituições, a Associação dos Reitores (Andifes) reuniu-se imediatamente e alertou sobre a gravidade e os fatos que estão inviabilizando o funcionamento das Universidade, estudantes se manifestaram pelas várias universidades e as associações de docentes e técnicos-administrativos em educação divulgaram notas e denunciaram a ameaça ao funcionamento institucional.

Diante da forte reação, o Ministério da Educação recuou na tarde de hoje, dia 07/10/2022, demonstrando que a ampla mobilização surtiu efeito e deixou claro que a universidade pública encontra eco e reconhecimento na sociedade brasileira. Entretanto, cabe alertar que o problema do financiamento da educação, em particular das Universidades, permanece de natureza muito grave, pois o déficit orçamentário existente não desapareceu. A UFJF foi forçada, diante da asfixia orçamentária, a reduzir bolsas, auxílios, postos terceirizados e programas, o que ainda não foi suficiente para equacionar os desafios. Sem recomposição do orçamento, a Universidade permanece em estado de emergência.

No ano de seu bicentenário e onde o Brasil assiste a uma eleição onde ficará estabelecido seu futuro próximo, a defesa das instituições, da democracia e da Universidade são um dever e uma obrigação. Uma sociedade democrática não aceita passivamente seu desmonte. E faz recuar a quem a ela resiste.

Confira, na íntegra, a fala do reitor Marcus David:

https://youtu.be/sTwDq5T66Qg