O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovou em reunião extraordinária nesta segunda-feira, 6, a resolução que autoriza a realização de ensino remoto emergencial para as turmas de cursos de pós-graduação lato e stricto sensu da UFJF. A matéria estava sendo apreciada pelo Consu desde reunião extraordinária realizada na última sexta-feira, 3.
O reitor Marcus David abriu a continuação da reunião, informando que seria dada a palavra aos conselheiros que estavam inscritos na reunião anterior. Por essa razão, a primeira a fazer suas considerações foi a presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior (Apes), Marina Barbosa Pinto.
Marina iniciou solicitando uma correção em uma matéria divulgada pela Diretoria de Imagem Institucional a respeito da última reunião do Consu. Em seguida, mencionou que é preciso cuidado para tratar das particularidades que podem impactar o todo. Sobre a minuta, disse que a Apes escolheu não discutir a matéria ponto a ponto, mas tratá-la sob aspectos gerais, ainda que a associação tenha estudado o texto de maneira ampla.
A presidente da Apes apontou algumas preocupações da entidade quanto à minuta, entre elas sobrecarga de trabalho e nas questões de tempo entre as etapas de curto, médio e longo prazo estipuladas na matéria. A diferença entre aqueles que conseguirão acompanhar o ritmo e os que podem não ter sucesso foi um dos apontamentos. Diante disso, Marina adiantou que a Apes votaria pela abstenção.
O próximo a se pronunciar foi o diretor da Faculdade de Farmácia, Marcelo Silva Silvério, que destacou a posição dos coordenadores dos dois cursos de pós-graduação oferecidos pela unidade e que, após conversas internas, mostraram-se favoráveis ao ensino remoto. Silvério considerou ainda a importância das ações que têm sido desenvolvidas e que mantêm o compromisso da Universidade com a sociedade, sendo o resgate do processo de formação uma etapa relevante.
O diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Elcemir Paço Cunha, cumprimentou a comissão e a equipe da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa pelo trabalho desenvolvido, bem como os conselheiros pelas contribuições nos debates. Considerou ser impossível prever as consequências da implantação de ensino remoto emergencial para a pós-graduação, assim como sua não aplicação. Completando sua fala, destacou a necessidade de monitoramento do processo e que as dificuldade apontados não impeçam uma decisão corajosa para avançar neste momento.
A diretora da Faculdade de Direito, Aline Araújo Passos, cumprimentou a comissão pelo trabalho realizado e considerou que a proposta é intermediária e reflete o que já está acontecendo com orientações e defesas remotas. Ela demonstrou preocupação com a elaboração de um calendário acadêmico próprio para a pós-graduação, considerando que alguns docentes estão com férias programadas. Outro aspecto que discutiu foi as tecnologias que poderão ser utilizadas para o ensino remoto emergencial.
A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Ribeiro de Oliveira, explicou alguns pontos da minuta de resolução, acrescentando que não acredita que o ensino remoto emergencial vá gerar sobretrabalho ou trabalho presencial. A pró-reitora argumentou ainda que será necessário, no médio prazo, pensar em mecanismos de monitoramento, percepção e avaliação de todo o processo.
O pró-reitor adjunto de Pós-graduação e Pesquisa, Luis Paulo da Silva Barra, lembrou que a resolução foi proposta no sentido de possibilitar a concordância de todos aqueles que participariam do ensino remoto emergencial: docentes, discentes e o colegiado.
O diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Lyderson Facio Viccini, considerou ser difícil prever as diversas variáveis que a atual situação impõe no intuito de equacionar com precisão as soluções. Ele acredita ser razoável adotar um modelo experimental para que possa haver avanço, com responsabilidade, no ensino remoto da pós-graduação.
A representante dos técnico-administrativos em educação (TAE), Pâmela Emanuelle Julião, mostrou preocupação quanto a aprovação de uma proposta que flexibilize a suspensão das atividades presenciais. Ela solicitou que a discussão fosse focada na aprovação do ensino remoto emergencial, mas não entrasse em atividades presenciais. A sugestão foi acompanhada pelos conselheiros Marcio Sá Fortes, Luiz Tegedor e Flavio Sereno.
O diretor da Faculdade de Engenharia, Marcos Martins Borges, reforçou a urgência da discussão, sem atropelamento das questões de biossegurança. Ele compartilhou com os outros conselheiros o anseio da unidade em adotar práticas de ensino remoto emergencial.
O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Flavio Sereno, considerou a necessidade de se manter o distanciamento social e a importância em se oferecer aos programas, professores, professoras e estudantes a alternativa de ter ou não atividades remotas. Ele solicitou, no entanto, que os cursos de pós-graduação lato sensu fossem retirados da proposta de resolução, o que foi questionado por outros conselheiros.
O diretor da Faculdade de Engenharia, Cláudio Roberto Fóffano Vasconcelos, informou que o assunto foi debatido e sua unidade e aceito com unanimidade por professores que compõem o programa de pós-graduação. Ele acredita que o programa tem condição de funcionar minimamente de forma remota e que o trabalho com responsabilidade fará bem para a UFJF e para a sociedade em termos de formação e ensino.
A representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Ana Lidia Resende Paula, opinou que a decisão de se realizar ensino remoto emergencial na pós-graduação constrói o futuro da Universidade como um todo e que é importante considerar a saúde mental e física de todos os atores envolvidos no processo antes de ser tomada uma decisão para evitar constrangimentos. Ela espera que a discussão possa voltar a ser feita com mais profundidade no futuro.
O diretor da Faculdade de Educação, Álvaro de Azeredo Quelhas, afirmou a posição contrária à resolução da unidade que representa, considerando que faltaram informações sobre o diagnóstico realizado pela UFJF e que o tema estaria mais relacionado às ações de médio prazo do que de curto prazo. Porém, ele elogiou o trabalho da comissão, considerando que talvez não se tenha chegado às melhores decisões, mas às decisões possíveis diante da realidade que temos para enfrentar.
O diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, José Gustavo Francis Abdala, informou que sua unidade é favorável à resolução, mas mencionou que a cidade e os locais urbanos são laboratórios do programa de pós-graduação, onde o retorno das pesquisas pode gerar uma série de implicações de risco. No entanto, ele salientou que com protocolos de segurança é possível reduzir riscos, mencionando o trabalho presencial realizado por voluntários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na confecção de face shields, que não resultou em qualquer caso de coronavírus.
O diretor da Faculdade de Enfermagem, Marcelo da Silva Alves, também informou que sua unidade é favorável ao ensino remoto emergencial, considerando que a unidade está disposta a colaborar para fazer o melhor trabalho possível junto à sociedade para a redução do quadro epidemiológico da cidade de Juiz de Fora.
Após a discussão, a matéria foi posta em votação, por meio de destaques. A primeira proposta de alteração da Resolução 10/2020, permitindo a substituição de atividades relativas às disciplinas presenciais por tecnologias de informação desde que indicadas pelas comissões e aprovadas pelo Consu, foi aprovada por maioria. Os destaques do texto da resolução da pós-graduação também foram votados em blocos e aprovados por maioria. A resolução final será revisada e publicada no site do Consu.
A pró-reitora de Graduação, Maria Carmen Simões de Melo, e o reitor Marcus David agradeceram as comissões, aos conselhos setoriais e aos conselheiros do Consu pelo trabalho realizado.