Os reitores das universidades federais de Juiz de Fora (UFJF) e do Paraná (UFPR) discutiram os desafios e perspectivas da gestão universitária em um webinário realizado na tarde da última quarta-feira, 1º. As participações de Marcus Vinícius David e Ricardo Marcelo Fonseca encerram “As novas fronteiras da administração pública”, série de palestras e debates on-line promovida pelo campus da UFJF em Governador Valadares.
Ao longo de três encontros, que começaram em 17 de junho, especialistas em gestão, direito e outras áreas abordaram temas como burocracia e inovação no serviço público, as novas legislações que regem o setor e os desafios na infraestrutura em um cenário de limitação de recursos. Toda a programação foi oferecida gratuitamente às comunidades acadêmica e externa.
O último webinário, do qual participaram quase cem integrantes de pelo menos sete universidades do pais, contou ainda com o apoio do Fórum Nacional dos Dirigentes de Campus das Instituições Federais de Ensino (Forcampi).
Queda no financiamento x expansão da universidade
Na opinião de David, um dos principais desafios da gestão é equacionar a necessidade de expansão da universidade e a redução no financiamento do ensino público, que vem caindo desde 2015 e deve se intensificar após a pandemia:
“O que já vínhamos observando no último ano do governo da Dilma, depois em todo o governo Temer e nesse um ano e meio do governo Bolsonaro – políticas muito restritivas de gastos públicos – temos todos os indicativos de que vão retornar com mais força no pós-pandemia. A consequência desse contexto na atual direção econômica que nós temos no Brasil é que certamente teremos uma política fiscal ainda mais austera, com impacto no financiamento da educação e da ciência e tecnologia”, destacou.
Além das áreas científicas e tecnológica, essa redução de recursos também vai impactar na arte e na cultura, segmentos em que, segundo o reitor da UFJF, as universidades públicas “desempenham um papel fundamental”, seja na administração de teatros e museus, seja na promoção de políticas públicas que que levam atividades artísticas e culturais de qualidade para uma parcela da população que não teria acesso se não fossem essas instituições.
Os desafios são os mesmos enfrentados pelo reitor da UFPR. Na opinião de Fonseca, nos últimos anos, sobretudo a partir de 2016, a gestão universitária se ocupou basicamente de “administrar crise orçamentária, cortes de recursos, de verbas e problemas de investimento”, e que afetaram principalmente os campi em fase de expansão, caso de Governador Valadares.
Para Fonseca, não fosse essa queda no financiamento, as universidades poderiam ter contribuído de forma mais decisiva para o desenvolvimento das regiões onde estão instaladas e, inclusive, para a prevenção de crises sanitárias como a do coronavírus. “Se a gente tivesse investido em ciência e tecnologia de maneira consistente ao longo dos últimos anos, se tivéssemos mais desenvolvimento regional estaríamos melhor preparados para combater essa pandemia nesse momento”, frisou.
Na avaliação de um dos coordenadores do evento, o webinário superou as expectativas. “A gente conseguiu atingir o objetivo, que foi debater administração pública relacionando-a com a universidade e com o momento atual que a gente vive, de crise econômica, financeira e sanitária”, comemorou o gerente administrativo-financeiro do campus, Ricardo Grunewald, que também mediou o encontro da última quarta-feira, juntamente com o diretor-geral, Peterson Marco, e o diretor do Instituto de Ciências da Vida (ICV), Ângelo Denadai.
A série de debates está disponível no canal do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) no Youtube.