Enquanto aguardavam o início da solenidade, os homenageados pela 15ª edição da “Medalha JK” se reuniram nos corredores do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) como um reencontro de velhos amigos. Ali nem todos se conheciam, mas tinham em comum sua dedicação à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Maior honraria oferecida pela Universidade, a “Medalha JK” congregou, na última sexta-feira, 14, decanos que acompanharam o nascimento da UFJF e professores e servidores que, atualmente, trabalham para manter a Universidade e sua história.
Confira a lista dos agraciados
Na cerimônia, realizada pelos membros do Conselho Superior da UFJF (Consu) e por dezenas de familiares dos homenageados, o reitor Marcus David ressaltou que “no momento de comemoração do aniversário da Universidade, ela escolhe pessoas que fizeram parte de sua história para receber nossa maior condecoração, resgatando e construindo a memória da Instituição”.
Condecorando uma parceria de longa data, alguns minutos mais tarde, a professora Maria Lúcia da Rocha (também fundadora do Grupo Divulgação e esposa de Ribeiro) receberia a “Medalha JK”. “Nesse momento que vem sendo retirada a liberdade de cátedra e o respeito ao professorado, eu quero dedicar essa medalha aos professores. Porque a melhor coisa do mundo é ser professor”, disse a homenageada.
Luta por direitos
Em 1982, contando apenas 27 anos, Gabriel Sales Pimenta era assassinado nos arredores de Marabá (Pará), durante a luta dos camponeses da Vila do Pau Seco pela posse de suas terras. Advogado egresso da UFJF, Pimenta vinha batalhando na Justiça pela permanência destas 250 famílias naquela região.
Se os mandantes de sua morte escaparam da condenação, a ocupação dos camponeses nessa área do Pará permanece, hoje como o Bairro Gabriel Sales Pimenta. Acompanhando essa e outras homenagens dedicadas ao advogado, e reconhecendo no atual momento político brasileiro a necessidade das lutas pela democracia e pelos Direitos Humanos, a Faculdade de Direito dedicou a Gabriel sua “Medalha JK”.
Seu irmão, Rafael Sales Pimenta (também egresso das faculdades de Engenharia Civil e Direito da UFJF) ressaltou que essa premiação corresponde a necessidade do país “por pessoas que defendam a democracia e as liberdades democráticas. Essa homenagem vem, principalmente, pela atuação política do Gabriel fora da Universidade.”
Representando os homenageados, a professora Mary Sartori Ferreira (indicada à medalha pela Faculdade de Serviço Social) ficou responsável pelo encerramento da solenidade. Ela destacou o papel das universidades públicas como agentes de mudanças sociais nas comunidades onde se encontram. “O trabalho dos premiados nesta noite é um trabalho de enfrentamento e transposição de obstáculos.”
“O momento em que vivemos é de ações governamentais que buscam sucatear o ensino público e seus diversos espaços. Em contraposição a essa descaso, é uma estratégia de resistência premiar aqueles que dedicaram e dedicam suas vidas ao ensino, à criação do conhecimento, à luta democrática. Que essas ações sejam sempre pautadas no respeito à dignidade humana e contrária aos preconceitos.”
A Medalha
Criada em 2003 pelo Consu, essa premiação anual recebe o nome do presidente Juscelino Kubitschek que, em 1960, assinou o decreto para a criação da Universidade. Seguindo o exemplo de JK, cuja presidência foi pautada pelo crescimento econômico e que enxergava o interior do país como espaço de possibilidades, a “Medalha JK” homenageia personalidades – indicadas pelas 19 unidades acadêmicas da UFJF e por sua Administração Superior – que contribuíram para a construção da Universidade e para sua consolidação como vetor de mudanças econômicas e sociais.