Ensino Fundamental
A pesquisa foi realizada com 502 alunos, entre 9 e 12 anos, do ensino fundamental de seis cidades brasileiras. Entre elas: Brasília (DF), Florianópolis (SC), Juiz de Fora (MG), Ponta Grossa (PR), São Paulo (SP) e Sorocaba (SP). Em Brasília foram aplicados 121 questionários, em Florianópolis 123, em Juiz de Fora 104, em Ponta Grossa 101, em São Paulo 1 e em Sorocaba 51. O questionário era composto por 23 questões com a finalidade de compor um perfil dos alunos e avaliar a competência midiática entre crianças do ensino fundamental. Após a aplicação presencial do questionário nas escolas as respostas obtidas foram organizadas em uma planilha no Excel, no formato CSV (Comma-Separated Values). e posteriormente realizamos a sistematização dos dados no software R. Em Brasília foram aplicados 121 questionários, em Florianópolis 123, em Juiz de Fora 104, em Ponta Grossa 101, em São Paulo 1 e em Sorocaba 51. Houve 502 respondentes, mas 1 não especificou a cidade sendo impossível garantir que seja do território brasileiro.
O questionário foi dividido em duas fases. A primeira parte era composta por 7 perguntas relacionadas ao perfil do aluno, como, por exemplo: idade, sexo, escola, cidade, etc. Já a segunda parte era constituída de 16 questões direcionadas para as dimensões da competência midiática. São elas: linguagem, tecnologia, processos de interação, processos de produção e difusão, ideologia e valores e estética.
A partir da sistematização dos questionários, podemos destacar como os alunos decidem qual site usar, quando precisam acessar alguma informação. Nesta pergunta os respondentes poderiam escolher dois critérios em que se baseassem mais frequentemente. A opção mais mencionada foi “Consulta os sites recomendados por outros (professores, familiares, colegas)” (131), seguido de “Escolho os sites em que é fácil navegar” (126) e “Consulto as primeiras hiperligações (links) que aparecem” (112). Parte dos respondentes declararam não recorrem à internet para realizar algum trabalho escolar, houve apenas 105 menções. Sites com aparência agradável e que contêm as fontes da informação dada, aparecem respectivamente com 58 e 54 menções. Portanto é notado que a confiabilidade da informação está ligada a indicação de terceiros, não interessando a fonte da informação ou a data da postagem.
Outra questão pedia aos alunos que assinalassem do que mais gostam no anúncio exibido. Quando questionados sobre o anúncio da marca de biscoitos Oreo, a maioria (58,88%) marcou a opção “Gosto da Oreo, porque é saborosa” seguido da opção “Gosto do efeito visual, resultante da forma como os elementos estão organizados.” (25,15%). Para a próxima pergunta foi exibido uma imagem de um anúncio da rede de lanches Mc Donalds, em seguida a pergunta pedia que os alunos apontassem o que mais gostam na imagem. A maioria marcou a opção “Gosto do Mcdonalds porque os seus produtos são saborosos” (49,90%) seguido da opção “Gosto do efeito visual que resulta da utilização das batatas para referir que há acesso à internet sem fios” (35,13%). Sendo assim, respondentes de 9 a 12 anos consideram que os valores estéticos pouco contribuem para sua experiência com o produto, sendo mais relevante a vivência com o mesmo.
Ensino Médio
A pesquisa foi realizada com 499 alunos, entre 14 e 16 anos, do ensino médio de seis cidades brasileiras. São elas Brasília (DF), Florianópolis (SC), Juiz de Fora (MG), Ponta Grossa (PR), São Roque (SP) e Sorocaba (SP). O questionário, hospedado no Google Forms, era composto por 27 perguntas abertas e de múltipla escolha, e tinha o objetivo de traçar o perfil dos estudantes e avaliar o desenvolvimento da competência midiática. Após a aplicação do questionário nas escolas, de forma presencial e com o acompanhamento da equipe do projeto, as respostas obtidas foram organizadas em um arquivo do Excel, posteriormente, realizamos a sistematização dos dados no software R.
Antes de analisarmos os resultados da pesquisa é importante detalharmos o modo como as perguntas foram estruturadas. O questionário foi dividido em duas etapas, inicialmente o aluno respondia nove perguntas relacionadas ao seu perfil como, por exemplo, sexo, idade, cidade, escola, etc. Em um segundo momento, as questões eram direcionadas para as dimensões da competência midiática. Nesse sentido, cada uma das seis dimensões (linguagem, tecnologia, processos de interação, processos de produção e difusão, ideologia e valores e estética) abarcou três perguntas, totalizando 18 questões.
A partir da sistematização dos questionários, podemos destacar que quando questionados se tinham recebido algum tipo de formação para entender e/ou produzir conteúdos audiovisuais (filmes, vídeos, etc.) 78,16% dos alunos responderam que sim e apenas 21,84% respondem que não. Segundo a pesquisa 39,28% afirmaram que aprenderam sozinhos (autodidata) o processo de produção conteúdos audiovisuais. O restante adquiriu a formação com a ajuda de amigos, familiares, professores e em workshops.
Foi perguntado aos estudantes quais palavras eles escreveriam em um site de busca (Google, Bing, etc.) para pesquisar as etapas literárias de Gabriel García Márquez. Segundo o questionário, 37,88% dos jovens marcaram a opção Etapas literárias Gabriel García Márquez e 34,27% optaram por segmentar a buscar usando as aspas (“”) entre os termos de busca “As etapas literárias de Gabriel García Márquez”. Quando questionados se usam softwares e/ou aplicativos para editar imagens 54,91% responderam que sim. Dessa forma, podemos concluir que os respondentes tem compreensão critica do ambiente digital e conseguem editar imagens através de programas.
Quando questionados se já tinham visto alguma mensagem/post online (sites, redes sociais, etc.) que merecesse ser denunciada 48,90% dos estudantes afirmaram que já tinham visto e denunciado, 32,26% nunca tinham visto postagens deste tipo e 18,84% tinham visto, mas não sabiam como denunciar. Com base nas métricas, podemos ressaltar que os alunos reconhecem as mensagens inadequadas e sabem como agir diante delas.
Ações de Formação
Laboratório de Audiovisual
Sob o prisma da literacia midiática e da cidadania construída por meio do ensino audiovisual, as ações de formação propostas pelo Observatório da Qualidade no Audiovisual têm como objetivo contribuir para o desenvolvimento da competência midiática audiovisual em crianças e adolescentes.
A competência é geralmente entendida como uma combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes consideradas necessárias para um contexto determinado. No contexto da literacia audiovisual são necessárias algumas habilidades ou conhecimentos para que as tecnologias audiovisuais sejam melhor utilizadas. São as competências que vão potencializar o pensamento crítico e reflexivo, bem como a autonomia dos indivíduos diante das tecnologias.
As oficinas de audiovisual integram um estudo mais amplo que procura mapear as boas práticas de mídia-educação desenvolvidas no Brasil e criar iniciativas para o desenvolvimento das competências midiáticas de crianças, jovens e universitários.
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Oficinas de Audiovisual
A ação de formação “Oficinas de Audiovisual” propõe desenvolver a competência midiática em crianças de 9 a 12 anos, estudantes de escola pública. As oficinas fazem parte do projeto de pesquisa e extensão “Competências Midiáticas e promoção da cidadania”, que tem como objetivo sistematizar os níveis de competência midiática audiovisual e propor políticas públicas que estimulem o debate e a criação de iniciativas para o fomento da literacia midiática.
A proposta consiste na realização de oficinas que se complementam:
1) Brinquedos Ópticos;
2) Eu, Youtuber;
3) Contando uma História;
4) Que Som é este?
Nelas são abordados conceitos como princípios básicos da animação, técnicas de animação em stopmotion, produção audiovisual para internet, linguagem cinematográfica e sonoplastia, de forma a abranger as dimensões estéticas, tecnológicas, ideológicas, de produção e difusão, de linguagem e dos processos de interação, conforme proposto por Ferrés e Piscitelli no estudo “Competência midiática: proposta articulada de dimensões e indicadores” (2015). São utilizados três movimentos: ver/mostrar, refletir e fazer, ou seja, pensar a partir da observação e recepção das linguagens postas, refletir sobre as diferentes possibilidades de criação a partir das tecnologias de comunicação e realizar/produzir, onde os envolvidos criam mininarrativas, compartilhando olhares e vivências.
Oficinas realizadas na Escola Municipal Doutor Antonino Lessa
Oficinas realizadas no Sistema Degraus de Ensino
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“Mas afinal o que é documentário?”
A ação de formação “Mas afinal o que é documentário?” objetiva desenvolver competências midiáticas em adolescentes com idades entre 14 e 18 anos. A oficina discute as representações da realidade e perspectivas imbuídas em produções do gênero documental. As atividades integram o projeto “Competências Midiáticas em contextos brasileiros e euroamericanos” construído em parceria com a Rede Alfamed.
Com o objetivo de promover o senso crítico dos participantes, são levantadas questões relacionadas aos artifícios de construção de narrativas documentais: documentário; jornalismo e novas formas características da Web (vlog). São debatidas as técnicas de montagem das imagens, seleção de fontes e personagens, hibridização e ideologias inerentes. A partir do debate proposto com intuito de promover a análise crítica do consumo de conteúdos audiovisuais, os participantes produzem seu próprio documentário durante a oficina, refletindo, também, sobre as formas de expressão por meio da produção criativa que pode ser veiculada nos meios digitais.
Oficinas realizadas na Escola Municipal Francisco Bernardino
Oficinas realizadas na Escola Municipal Padre Wilson
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Agência de notícias
A ação “Agência de notícias” foi realizada em parceria com o Instituto Crescer na Escola Municipal Padre Wilson. A oficina propõe a organização social dos jovens em prol da produção, organização e distribuição de informação sobre o próprio bairro. As atividades também integram o projeto “Competências Midiáticas em contextos brasileiros e euroamericanos” construído em parceria com a Rede Alfamed.
Na proposta são integradas temáticas como critérios de noticiabilidade, recursos de produção e edição audiovisual assim como identidade. Como as demais ações, a oficina é dividida entre análise crítica e produção criativa. Nesse sentido, são apresentadas diversas matérias televisivas, inclusive dos jornais locais que o exploram o bairro em que a escola está localizada, propondo discussões sobre os métodos discursivos, a construção e seleção das informações, assim como as formas de representação. Todas as temáticas são novamente exploradas na produção de pequenas matérias pelos participantes que são veiculadas via redes sociais.
Transmídia ambiente
A ação de formação “Transmídia ambiente” expande os processos já articulados nas oficinas anteriores, refletindo sobre outras formas midiáticas além da forma audiovisual. Partindo do pressuposto das narrativas transmídia, contadas em partes independentes, mas complementares, a proposta visa promover o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais, comunicativas e artísticas. A oficina integra o projeto de extensão em interface com a pesquisa “Transmídia ambiente: desenvolvimento de competências comunicativas nas escolas” com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (PROEX/UFJF) no ano 2019/2020.
A partir do folclore brasileiro, especificamente do personagem Curupira, o projeto visa reunir as discussões do currículo escolar com as diferentes plataformas de mídia consumidas pelas crianças. Como em uma produção transmidiática, a oficina propõe a construção de um universo de autoria colaborativa. Sob o pano de fundo da Mata do Krambeck, fragmento de Mata Atlântica na cidade de Juiz de Fora, as aventuras do personagem são construídas juntos aos participantes em formatos como História em Quadrinhos e Fanfiction.
Confira os vídeos desta ação de formação:
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Competência Midiática e Documentário
Desenvolvido para a oficina de documentário, este caderno expande a série de vídeos através de reflexões propostas, referências e atividades que estimulam o desenvolvimento das dimensões da competência midiática. Na interface entre comunicação e educação, este material é um guia teórico-prático voltado para professores aprimorarem seus processos de ensino e aprendizagem com os alunos.
Confira os vídeos desta ação de formação:
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