Equipe
2018. 2: Daiana Sigiliano e Leony Lima
2019. 1: Daiana Sigiliano, Leony Lima, Matheus Soares, Pedro Martins
2019. 2: Daiana Sigiliano, Lucas Guimarães, Hsu Ya Ya, Vinícius Guida
2020. 1: Daiana Sigiliano, Lucas Guimarães, Hsu Ya Ya
2020. 2: Daiana Sigiliano, Lucas Guimarães, Hsu Ya Ya
Criada por Cao Hamburger a vigésima quinta temporada da telenovela infantojuvenil Malhação – Viva a Diferença (2017-2018) foi pela primeira vez, em 25 anos de exibição na Rede Globo, protagonizada por cinco mulheres. As adolescentes Keyla (Gabriela Medvedovski), Benê (Daphne Bozaski), Tina (Ana Hikari), Lica (Manoela Aliperti) e Ellen (Heslaine Vieira), de origens e personalidades diferentes, ficam presas no mesmo vagão de metrô durante uma pane elétrica. A personagem Keyla (Gabriela Medvedovski) entra em trabalho de parto e as adolescentes se unem em solidariedade para ajudá-la no nascimento do bebê Tonico. Dois anos após o encerramento da trama, foi produzido um spin off de Malhação – Viva a Diferença. Intitulada As Five a série retrata o encontro das cinco protagonistas depois seis anos sem se verem, mostrando os conflitos comuns à Geração Z.
Um dos arcos narrativos mais populares entre os telespectadores envolveu as personagens Lica e Samantha (Giovana Grigio), intitulado pelo fandom como Limantha, o ship é o acrônimo dos nomes das adolescentes. Ao longo dos capítulos de Malhação o fandom produziu conteúdos no Twitter, You Tube e, principalmente, fanfics. No âmbito das narrativas ficcionais seriadas televisivas as fanfics podem aprofundar e ampliar os arcos narrativos que já estão presentes no universo ficcional, além de abordar tramas que não foram exploradas pelos roteiristas. Como, por exemplo, o emblemático romance entre Kirk e Spock, da franquia Star Trek, que apesar de não integrar o paratexto é um tema recorrente nas histórias desenvolvidas pelos fãs. As histórias também podem ser usadas para corrigir aspectos que não agradaram o público. No Brasil as fanfics produzidas pelos telespectadores exploram interlúdios do paratexto, reescritura das cenas, finais alternativos, reapresentação dos personagens e mudanças ambientação (JACOB et al., 2015). Nesse contexto, os fãs tendem a abordar histórias protagonizadas por casais, ampliando e reimaginndo pontos nodais do arco narrativo como, por exemplo, o primeiro beijo, o pedido de casamento e etc. Nos sites Spirit Fanfics, Nyah! Fanfiction e no WattPad foram publicadas cerca de 480 histórias durante o período de exibição da Malhação – Viva a Diferença, gerando cerca de 358 mil visualizações. As histórias, criadas pelos fãs, aprofundavam os arcos narrativos de Lica e Samantha e exploravam os desdobramentos que não estavam presentes no universo ficcional.
Na primeira fase do projeto analisamos as histórias produzidas pelos fãs do casal Limantha. Ao todo foram analisadas 14 fanfics das plataformas Nyah! Fanfiction e Spirit Fanfics e Histórias. As discussões foram amparadas pelas metodologias propostas por Jenkins (2012) e Ferrés e Piscitelli (2014).
Na segunda fase do projeto analisamos a arquitetura operacional das principais plataformas de publicação e compartilhamento de fanfics no Brasil e no mundo, refletindo como estas estimulam a transmedia literacy. A partir das dimensões discutidas por Scolari (2018), refletimos de que modo a forma de funcionamento (sistema operacional, interface e configuração) e de acessibilidade (modo de interação intuitiva, desenvolvimento e disponibilidade de aplicações) dos sites estimulam a aprendizagem informal e a produção multimodal dos fãs.
Na terceira fase iremos discutir os diferentes formatos de fanfic desenvolvidos para as redes sociais e as plataformas digitais. O recorte abrange produções de fandons nacionais e internacionais, tais como Good Omens (Amazon Video, 2019 – atual), Malhação: Viva a Diferença (Rede Globo, 2017-2018), Steven Universe (Cartoon Network, 2013 -2019) e a boyband de k-pop BTS. A partir da metodologia proposta por Ferrés e Piscitelli (2014) iremos refletir sobre as dimensões da competência midiática que estão em operação na compreensão crítica dos fãs sobre as arquitetura operacional dos ambientes multimodais e na produção criativa, possibilitando a ampliação e a ressignificação dos universos.