1 – Conchas, Corais, borboletas
2 – Estudo revela declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia
3 – Biocombustíveis feitos com algas reduzem as emissões
1 – Conchas, Corais, borboletas
Museu Nacional reabre ao público exposições fechadas há quatro anos para revitalização
O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista inaugura na próxima segunda, 30 de setembro, a exposição permanente Conchas, Corais, borboletas, reabrindo duas galerias há mais de quatro anos fechadas ao público para revitalização. A exposição compreende as antigas mostras de Invertebrados e Entomologia inauguradas em 1960 e que nunca tinham passado por uma modernização. São mais de 2 milhões de itens originais expostos em uma área de 350 m2 totalmente restaurada.
Entre as novidades constam a réplica em tamanho natural de uma lula gigante, a reprodução ampliada de dois insetos microscópicos, e a instalação artística que apresenta o panapaná – voo sincronizado de um bando de borboletas. Destaque ainda para as 27 caixas de insetos, onde os besouros e as borboletas são a grande atração visual. O custo total da revitalização dessas exposições foi de R$ 500 mil, obtidos através da Caixa Econômica Federal, do CNPq e da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN). A nova exposição estará aberta ao público a partir do dia 1º de outubro, das 10 às 16 horas.
Recuperação do espaço e resgate do acervo
O projeto de revitalização das exposições teve como objetivo a preservação e divulgação das coleções e os processos vinculados às pesquisas recentes nas áreas de Entomologia e Invertebrados dando destaque aos mais relevantes exemplares das faunas brasileira e estrangeira que integram o acervo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi dada ênfase aos aspectos dos respectivos habitats naturais, o histórico das pesquisas desenvolvidas sobre o tema e sua ligação com o meio ambiente nas sociedades contemporâneas.
A exposição Conchas, Corais, borboletas está estruturada em sete módulos sequenciais que são apresentados segundo a biologia, anatomia, distribuição geográfica, habitat, importância científica e econômica, e variabilidade (diversidade morfológicas e cromáticas) das espécies. Foi levada em consideração a apresentação de espécimes mais conhecidos, mas também os mais raros, os mais curiosos e ou de maior beleza.
A curadoria acadêmica (seleção de acervo, conceito, textos explicativos, diagramas, mapas e legendas) coube aos professores dos Departamentos de Entomologia e Invertebrados do Museu Nacional. Para tanto, foi recuperado um novo espaço composto de duas grandes galerias com 350m² no total: pintura das paredes, recuperação das esquadrias e do piso, instalação de cortinas térmicas. Esse espaço expositivo contínuo e a ampla perspectiva das duas galerias permitiu a utilização de meios museográficos mais arrojados proporcionando maior visibilidade à exposição.
A higienização, conservação e montagem do acervo foram realizadas pelo Setor de Museologia (SEMU) que também elaborou o projeto museográfico juntamente com um escritório de design contratado. Este último foi encarregado pelo projeto gráfico que completa a exposição.
O projeto expositivo consta de: projeto de iluminação das salas e das vitrines, confecção de 27 novos expositores, 9 vitrines horizontais, 15 verticais e mais 3 expositores de grandes dimensões (8 m x 4,50mts), 27 caixas entomológicas, 4 totens para biomas, 6 totens para TV com vídeos relativos aos módulos (Porífera, Cnidários, Malacologia, Equinodermos, Crustáceos, Aracnologia e Entomologia), 1 borboletário artificial de (6,5m de altura), 1 grande vitrine para caranguejo gigante (peça original restaurada), 2 quadros com diagramas esquematizados da historia evolutiva de espécies (cladogramas), réplicas de insetos (em grandes dimensões, réplica de uma lula gigante, além de painéis com textos informativos.
Os departamentos de invertebrados e entomologia
O Departamento de Entomologia do Museu Nacional teve origem em 1842 como um dos setores da antiga Seção de Zoologia e adquiriu o status de Laboratório de Entomologia Geral e Agrícola a partir de 1916. Em 1971 passou a ser reconhecido como um dos departamentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua coleção conta hoje com cerca de cinco milhões de exemplares, sendo um dos principais centros de referência para o estudo da fauna entomológica da América do Sul. Um dos pesquisadores mais importantes que passaram pelo Departamento, o Prof. José Cândido de Melo Carvalho, quando diretor do Museu, inaugurou a primeira exposição permanente de insetos em 1960.
A origem do Departamento de Invertebrados está ligada à atuação de naturalistas pioneiros no Brasil que, em meados do século XIX, já se encontravam nos gabinetes do Museu Nacional, integrando a Seção de Zoologia. Em 1971 passou a ser reconhecido como um dos departamentos da UFRJ, atuando na pesquisa, ensino e extensão, e contribuindo para a formação de várias gerações de estudantes. Suas coleções científicas de diversos grupos de invertebrados, sobretudo esponjas-do-mar, cnidários, equinodermos, moluscos, crustáceos e aracnídeos, estão entre as mais importantes do mundo, reunindo milhares de exemplares, especialmente da fauna brasileira marinha, terrestre e de água-doce, e servem como contínua fonte de dados para a pesquisa sobre biodiversidade do Brasil.
O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista
O Museu Nacional/UFRJ foi fundado em 6 de junho de 1818 por D. João VI, com o intuito de promover o progresso cultural e econômico no país. Inicialmente sediado no Campo de Santana, só veio a ocupar o Palácio de São Cristóvão a partir de 1892, três anos após a Proclamação da República.
Atualmente o Museu Nacional integra a estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e detém a maior coleção de História Natural e Antropologia da América do Sul. As peças que compõem as exposições abertas ao público são parte dos 20 milhões de itens das coleções científicas conservadas e estudadas pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Geologia e Paleontologia, Invertebrados e Vertebrados.
A exposição Conchas, Corais, borboletas integra o Programa Estratégico de Revitalização do Museu Nacional que leva em consideração a importância da instituição no cenário cultural brasileiro, demonstrado pela expressiva visitação de 300 mil pessoas/ano, e por ser referência nas áreas das Ciências Naturais e Antropológicas interessando aos pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Informações: www.museunacional.ufrj.br (Assessoria de Comunicação do Museu Nacional/UFRJ)
2 – Estudo revela declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia
O badejo-quadrado, por exemplo, era encontrado há 40 anos com quase 50 kg na região. Hoje, o mais comum é achá-lo com 17 kg
Um estudo feito no sul da Bahia por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que sete espécies de peixe anteriormente comuns na região e usados na culinária local estão desaparecendo.
O levantamento, coordenado pelos biólogos Sergio Floeter, Natalia Hanazaki e Mariana Bender, foi realizado com base em entrevistas com pescadores que trabalham na região vizinha ao Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro.
Um total de 53 pescadores, de diferentes idades, foi convidado pelos pesquisadores a identificar, por meio de fotos, espécies de peixes que tradicionalmente vivem nessa costa. Eles responderam a perguntas sobre qual é o maior peixe de cada espécie que já haviam capturado e o ano em que isso ocorreu.
A conclusão foi que algumas espécies estão cada vez menos presentes nas redes dos pescadores, ou, quando estão, os peixes são menores do que em décadas passadas. São elas: o badejo-quadrado (Mycteropercabonaci), a garoupa (Epinephelusmorio), o dentão (Lutjanusjocu), a cioba (Lutjanusanalis), a guaiúba (Ocyuruchrysurus), o cherne (Hyporthodusnigritus) e o mero-gato (Epinephelusadscensionis).
Pesca não sustentável – Durante a pesquisa, ficou claro que pescadores mais velhos, com mais de 50 anos, haviam pescado peixes maiores que as pessoas mais jovens. O badejo-quadrado, por exemplo, era encontrado há 40 anos com quase 50 kg na região. Hoje, o mais comum é achá-lo com 17 kg.
Mais preocupante foi a constatação de que alguns peixes sequer são reconhecidos pelos pescadores mais jovens.
“Alguns indivíduos com menos de 31 anos não reconheceram espécies de peixes como o mero-gato e o cherne quando apresentados às fotos na entrevista”, disse Mariana Bender.
Os mesmos pescadores jovens disseram não saber que peixes hoje raros foram um dia abundantes no sul da Bahia. O estudo constatou também que os pescadores acreditam que sua atividade está tendo um impacto sobre os estoques pesqueiros da região: para 36% deles, seu trabalho colaborou para reduzir a quantidade de peixes ao longo dos anos.
Mas, para os cientistas, não é apenas a pesca não sustentável, feita em uma escala que não permite que os estoques de peixe se reponham naturalmente, que está por trás do sumiço dessas espécies.
“Outro fator preocupante é a perda de habitats e de habitats bem conservados para a manutenção dessas espécies de peixes, assim como a perda de manguezais, que servem como berçários naturais, e o assoreamento das regiões costeiras que abrigam os recifes”, explicou Bender.
Consumo consciente – A pesquisa, divulgada este ano na publicação científica “Fisheries Management andEcology”, sinaliza a necessidade de avaliar a inclusão de outros peixes de ambientes recifais nas avaliações de espécies ameaçadas de extinção.
Alguns peixes que habitam as águas do sul da Bahia já preocupavam bastante os cientistas mesmo antes de esse trabalho ser feito. Um deles é o mero (Epinephelusitajara), que hoje é considerado “em perigo crítico” em uma lista da União Internacional para a Preservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) que avalia o risco de extinção das espécies.
Mariana Bender diz que os pescadores reconheceram o mero nas fotos, mas muitos “jamais pescaram” esse peixe, pois existe “um histórico de exploração desse peixe na costa brasileira, fazendo com que ele se tornasse um animal ‘raro'”.
O cherne, cujo declínio também foi constatado no novo estudo, é outro que aparece na lista do IUCN como “criticamente ameaçado”. Mas duas das espécies analisadas na Bahia, o dentão e a guaiúba, sequer foram avaliadas pelo IUCN, e a situação de outra, o mero-gato, é descrita como “pouco preocupante”.
Outra necessidade levantada pelos autores é a de redobrar os esforços para promover um consumo consciente do estoque pesqueiro.
“Os badejos e as garoupas, particularmente, são muito apreciados na culinária por sua carne. Dessa forma, é necessário promover o consumo consciente para que os estoques dessas espécies possam se recuperar”, disse Mariana.
O estudo fez parte da rede de pesquisas Coral Vivo, patrocinada pela Petrobras e pelo Arraial d’Ajuda Eco Parque. (Portal G1, via Agência Ambiente Brasil)
3 – Biocombustíveis feitos com algas reduzem as emissões
Benefícios ambientais e energéticos são pelo menos equivalentes, e provavelmente maiores, do que os de outras fontes renováveis
Biocombustíveis derivados de algas podem reduzir o ciclo de vida das emissões de carbono entre 50% e 70% quando comparados aos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que o retorno do investimento neste tipo de energia começa a se aproximar do petróleo convencional, indica artigo publicado no periódico científico “Bioresource Technology”. O estudo, o primeiro a analisar dados do mundo real de “fazendas” de demonstração da conversão de algas em energia atualmente existente, mostra que os benefícios ambientais e energéticos dos biocombustíveis de algas são pelo menos equivalentes, e provavelmente maiores, do que os de outros biocombustíveis.
– O estudo afirma que os combustíveis de algas produzem resultados sem comprometer seus objetivos – disse Mary Rosenthal, diretora-executiva da Organização para a Biomassa de Alga (ABO, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos que visa a estimular o desenvolvimento do setor. – Com uma significativa redução das emissões, uma balança energética positiva, reciclagem de nutrientes e reuso do CO2, os combustíveis derivados de algas poderão ser uma fonte sustentável de energia a longo prazo.
O estudo investigou todo o ciclo de vida da produção de combustíveis de algas, desde o cultivo das plantas aos processos de fabricação usados atualmente em escala pré-comercial. Os pesquisadores analisaram dados de duas “fazendas” operadas pela empresa Sapphire Energy em Las Cruces e Columbus, no estado americano do Novo México, que cultivam e processam as algas em um “petróleo verde” que pode então ser refinado em combustíveis mais leves equivalentes à gasolina, ao diesel e à nafta. Segundo os autores, à medida em que a produção de biocombustíveis de algas atingir escalas comerciais, as vantagens vão aumentar ainda mais, superando em muito os retornos do etanol de celulose, por exemplo. (Cesar Baima/O Globo)
http://oglobo.globo.com/amanha/biocombustiveis-feitos-com-algas-reduzem-as-emissoes-10118593#ixzz2fuSj8Tuj