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Informativo 629 – 358%; índios; perda; gases e nova espécie

1 – Desmatamento na Amazônia sobe 358% em apenas 1 ano

2 – Índios ajudam a frear aquecimento global, aponta relatório

3 – Perda de animais já é tão grave quanto o desmate, diz estudo

4 – Pesquisa rebate tese de que hidrelétricas de países tropicais emitem mais gases

5 – Pesquisadores da PUCRS descobrem nova espécie de pássaro do Brasil

 

 

1 – Desmatamento na Amazônia sobe 358% em apenas 1 ano

 

Estados do Pará, Amazonas e Rondônia são os mais afetados

 

O índice de desmatamento da Amazônia Legal (nove estados que pertencem à bacia amazônica) no mês de junho foi mais que o dobro do registrado entre janeiro e maio de 2014. Só no mês passado, o Instituto Imazon, identificou, por meio de satélites, 843 quilômetros quadrados de desmatamento, contra cerca de 400 km² nos primeiros cinco meses do ano. Na comparação com junho de 2013, quando foram desmatados 184 km², o índice subiu 358%.

 

No relatório do Imazon, obtido com exclusividade pelo GLOBO, consta que 59% do desmatamento de junho ocorreu em áreas privadas. O restante foi registrado em unidades de conservação (27%), assentamentos de reforma agrária (13%) e terras indígenas (1%).

 

O instituto ressalva que, no mês de junho deste ano, o índice de nuvens estava em 30% sobre o território florestal, percentual considerado alto. “Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em junho de 2014 podem estar subestimados”, pondera o estudo.

 

Dentre os Estados que compreendem a Amazônia Legal, o Pará foi o que mais desmatou em junho (54%), seguido por Amazonas (16%), Rondônia (15%), Mato Grosso (14%) e Acre (1%). Os municípios paraenses mais desmatados foram Altamira e Itaituba. Na degradação florestal, o Pará também é líder, respondendo por 44% do total degradado, seguido por Rondônia (40%), Mato Grosso (13%) e Amazonas (2%). (Roberta Scrivano / O Globo http://oglobo.globo.com/sociedade/desmatamento-na-amazonia-sobe-358-em-apenas-1-ano-13321964#ixzz3875s0QfA

 

2 – Índios ajudam a frear aquecimento global, aponta relatório

 

Estudo afirma que demarcar florestas evita emissões de CO2

 

Florestas em terras indígenas abrigam 37,7 bilhões de toneladas de carbono em todo o mundo. Se fossem destruídas, o CO2 lançado ao ar superaria as emissões globais de veículos durante 29 anos. Por sorte, os índios têm sido mais eficazes do que qualquer outro grupo humano no combate ao desmatamento.

 

A estimativa está em um relatório divulgado nesta quarta-feira (23) pelas ONGs WRI (World Resources Institute) e RRI (Rights and Resources Initiative). Pesquisadores das duas entidades cruzaram os números de preservação florestal em terras indígenas e de povos tradicionais com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) sobre biomassa de florestas. O levantamento foi feito em 2013.

 

Segundo o relatório, cerca de um oitavo da área de florestas tropicais hoje está dentro dessas áreas. Comparadas com florestas que estão fora da jurisdição de índios, as terras fora delas têm exibido uma taxa de proteção fraca.

 

Em alguns casos, como nas florestas do Yucatán, no México, áreas onde índios têm direito a explorar recursos naturais têm tido menos desmatamento do que reservas ecológicas designadas exclusivamente para proteção.

 

Na Amazônia brasileira, florestas fora de terras indígenas têm uma taxa de desmatamento 11 vezes maior. Nas matas guatemaltecas que abrigam descendentes dos maias, o grau de proteção é 20 vezes maior, e no resto do Yucatán é 350 vezes maior -índios são praticamente o único tipo de proteção ali.

 

Parte da razão para isso é que países em desenvolvimento, que abrigam a maior parte das florestas preservadas, muitas vezes não têm recursos para implementar a vigilância contra o desmate ilegal, seja dentro ou fora de unidades de conservação.

 

Muitas vezes, é melhor reconhecer o direito de comunidades indígenas à terra e lhes dar autonomia para administrar uma área do que transformá-la em reserva ecológica e contratar guardas.

 

“Quando esses povos têm autorização para criar suas próprias regras e tomar decisões sobre gestão de recursos naturais, são capazes de atingir uma boa governança com bons resultados ambientais”, diz Jenny Springer, diretora de programas globais da RRI. Ela defende a criação de mecanismos internacionais para que tribos indígenas possam ser compensadas por sua contribuição à prevenção de emissão de gases-estufa.

 

A RRI se concentra em 14 países nos quais avaliou o status legal das terras habitadas por índios. Há algumas condições para que eles sejam capazes de protegê-las.

Na Indonésia, que não dá proteção jurídica à permanência de povos tradicionais em suas áreas, o desmatamento nessas terras ainda é intenso. O país tem licenciado partes de florestas habitadas por comunidades nativas a produtores de dendê.

 

O Brasil é citado no relatório como bom exemplo, com 31% das terras indígenas em florestas ricas em carbono. O documento não comenta, porém, a proposta de emenda constitucional 215, em debate no Congresso, que reserva ao Legislativo o direito de demarcar terras indígenas, dificultando o processo. (Rafael Garcia/Folha de S.Paulo)

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2014/07/1490339-indios-ajudam-a-frear-aquecimento-global-aponta-relatorio.shtml

 

3 – Perda de animais já é tão grave quanto o desmate, diz estudo

 

Desde 1970, populações de vertebrados encolheram 30%, de invertebrados, 45%

 

O desmatamento é uma ameaça ambiental grave, obviamente, mas o “desfaunamento” –o sumiço de animais, mesmo em matas aparentemente preservadas– é um fenômeno igualmente perigoso e cada vez mais comum, alerta um novo estudo.

 

O trabalho, publicado na revista “Science”, é assustador porque diz respeito não apenas a animais grandes, que são alvo de caça desde tempos imemoriais, mas também a invertebrados, como borboletas ou besouros.

 

As populações de invertebrados que os cientistas monitoraram regularmente sofreram declínio médio de 45% dos anos 1970 para cá. No caso dos vertebrados (de mamíferos a peixes), houve queda populacional média de 30%.

 

“Em geral, no caso de invertebrados, que são difíceis de monitorar, esses dados na verdade se referem a espécies que eram bastante comuns. Os números provavelmente são uma subestimativa”, contou à Folha o ecólogo Mauro Galetti, da Unesp de Rio Claro (SP), coautor do estudo.

 

Para a equipe, a preocupação com a extinção de certas espécies individuais, em geral as mais carismáticas, acabou obscurecendo a diminuição drástica da população de um número muito maior de animais, ou seu sumiço em parte da distribuição geográfica original dos bichos.

 

É um fenômeno insidioso, pois ocorre inclusive em áreas naturais protegidas por lei e aparentemente intactas.

 

“São lugares na mata atlântica, por exemplo, onde tem pouco ou nenhum bicho”, diz Galetti. “Há muitos projetos de restauração florestal na mata atlântica, com plantio de corredores ecológicos, mas restaurar fauna é muito mais complicado.”

 

Os motivos variam de espécie para espécie, mas a caça (ilegal no Brasil) continua tendo um papel-chave no caso dos vertebrados maiores, como antas, veados e aves de grande porte.

 

Por outro lado, o empobrecimento do habitat, a competição com espécies invasoras, alterações climáticas e micróbios causadores de doenças são os flagelos que mais dizimam bichos menores, como anfíbios.

 

EFEITO DOMINÓ

Anfíbios são um exemplo da razão pela qual “desfaunar” florestas é algo que afeta os humanos. Sapos e rãs estão diretamente ligados à qualidade da água, já que os bichos “limpam” de matéria orgânica os cursos d’água.

 

Aves, morcegos e abelhas, são polinizadores, garantindo o sucesso de lavouras. Insetívoros controlam pragas agrícolas, herbívoros evitam que a vegetação saia de controle e grandes predadores controlam a população de diversos outros animais.

 

A remoção dessas peças do tabuleiro ecológico tem efeitos imprevisíveis, numa espécie de efeito dominó. (Reinaldo José Lopes/Folha de S.Paulo)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/177491-perda-de-animais-ja-e-tao-grave-quanto-o-desmate-diz-estudo.shtml

 

4 – Pesquisa rebate tese de que hidrelétricas de países tropicais emitem mais gases

 

Estudo revelou que o volume de emissões chega a ser centenas de vezes menor que em uma termelétrica a carvão

 

Estudo divulgado hoje (25) pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), da Eletrobras, rebate a hipótese defendida por parte da comunidade científica de que usinas hidrelétricas instaladas em países tropicais emitem mais gases de efeito estufa que usinas térmicas a carvão com mesma capacidade.

 

O monitoramento de emissões de gases de efeito estufa em reservatórios de hidrelétricas foi realizado entre fevereiro de 2011 e fevereiro de 2013 e chegou à conclusão de que, à exceção da Hidrelétrica de Balbina, em Rondônia, as demais emitem as mesmas quantidades de gases que as usinas construídas no clima temperado. Além disso, o estudo revelou que o volume de emissões chega a ser centenas de vezes menor que em uma termelétrica a carvão.

 

De acordo com o monitoramento do Cepel, uma usina elétrica a carvão emite 930 gramas (g) de dióxido de carbono por quilowatt-hora produzido, valor que cai para 412 g nas térmicas a gás natural. O resultado registrado em oito usinas hidrelétricas brasileiras, à exceção de Balbina, foi consideravelmente menor, com 0,5 g por quilowatt-hora na Hidrelétrica de Segredo, 2,2 g na Hidrelétrica de Funil e 3,3 g na Hidrelétrica de Itaipu. Na Usina Hidrelétrica de Xingó, foi constatado que o reservatório absorve 0,5 g de dióxido de carbono por quilowatt-hora produzido.

 

O resultado se equipara a usinas pesquisadas no Canadá e na Noruega, onde o clima é mais frio. Já as hidrelétricas de Três Marias (91g de dióxido de carbono por quilowatt-hora), Serra (69 g) e Tucuruí (48,7 g), ficaram um pouco acima dessa taxa, mas ainda abaixo da média de emissão das térmicas.

 

O estudo foi apresentado em evento com a presença dos principais representantes do setor elétrico, como o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek.

 

Segundo Zimmermann, a Hidrelétrica de Balbina, sempre utilizada como exemplo para criticar as usinas hidrelétricas em áreas tropicais, não seria construída nos dias de hoje como foi na década de 1970. “Balbina é a típica usina com grande reservatório feita na Amazônia, que é uma grande planície. O que ocorre é que você fica com uma área do lago muito grande, e mais da metade com meio metro de água. Em meio metro de água quente proliferam-se algas e gases de efeito estufa. Por isso, Balbina emite mais que uma termelétrica de carvão”, explicou. Em Balbina, o volume emitido chega a 1.719 gramas de dióxido de carbono por quilowatt-hora.

 

Na avaliação de Zimmermann, o interesse por usinas hidrelétricas caiu no mundo desenvolvido porque esses países já aproveitaram seu potencial hídrico e, desde os anos 2000, teve início uma campanha internacional contra as hidrelétricas: “Mas, em países em desenvolvimento, como é o caso da América do Sul, que tem um potencial grande; da África e da Ásia, não tem por que parar de fazer hidrelétrica, e o Banco Mundial reconheceu isso”.

 

O diretor-geral do Cepel, Albert de Melo, destacou outro aspecto da pesquisa, que, segundo ele, foi pioneira em verificar se os ecossistemas inundados pelos reservatórios eram emissores ou absorviam gases de efeito estufa. “Hoje, a gente tem a melhor base de dados que poderia ter no Brasil, e nas regiões tropicais com certeza”.

 

A pesquisa teve origem em uma chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e contou com a colaboração da Eletronorte, Chesf, de Furnas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental e de diversas universidades federais. Mais de 100 especialistas participaram do estudo. (Vinícius Lisboa / Agência Brasil)

 

5 – Pesquisadores da PUCRS descobrem nova espécie de pássaro do Brasil

 

Patativa-tropeira é considerada uma espécie naturalmente vulnerável

 

Pesquisadores da PUCRS descobriram uma nova espécie de pássaro endêmico do Brasil, a patativa-tropeira (Sporophila beltoni). O estudo, conduzido pela pesquisadora do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT) da PUCRS Carla Suertegaray Fontana e pelo doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Faculdade de Biociências Márcio Repenning, mostrou que os pássaros se reproduzem na Primavera e no Verão, em regiões altas e montanhosas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Depois, eles migram para o Cerrado, na Região Central.

 

– Por possuir uma população pequena, de 4,5 mil casais reprodutivos estimados, se alimentar de sementes de capins nativos e viver em campos naturais altos e de vegetação densa, ela é considerada uma espécie naturalmente vulnerável – explica Carla.

 

O nome vernáculo, patativa-tropeira, é alusivo à distribuição e à rota de migração dos pássaros, que seguem o caminho dos antigos tropeiros (que iam do RS para o sul de São Paulo).

 

A descoberta foi registrada na edição de outubro de 2013 do periódico The Auk. Repenning destaca ainda que a captura de espécies silvestres para abastecer o mercado clandestino de pássaros e a degradação dos campos naturais são ameaças diretas à sobrevivência da nova patativa.

 

– Ela já pode ser considerada globalmente em perigo de extinção – alerta o pesquisador.

 

Com a descoberta, os pesquisadores pretendem melhorar o entendimento sobre a história demográfica e evolutiva desse grupo de pássaros, servindo de subsídios para o estabelecimento de estratégias para o manejo e conservação dos campos. (Zero Hora)

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/planeta-ciencia/noticia/2014/07/pesquisadores-da-pucrs-descobrem-nova-especie-de-passaro-do-brasil-4559159.html