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Informativo 601 – 8ª área; neutralizar; lista e felino

1 – Serra da Mantiqueira é eleita 8ª área protegida mais ‘insubstituível’ da Terra

2 – Pesquisadores do Instituto Butantan encontram substâncias em lagartas capazes de neutralizar o vírus H1N1

3 – Brasil ganha lista das espécies de plantas ameaçadas de extinção

4 – Nova espécie de felino é descoberta no Centro-Sul do Brasil

 

1 – Serra da Mantiqueira é eleita 8ª área protegida mais ‘insubstituível’ da Terra

 

O ranking analisou 78 lugares, que englobam 137 áreas protegidas em 34 países

A Serra da Mantiqueira, que inicia na região bragantina e passa pelo Vale do Paraíba, foi eleita por um estudo publicado na revista Science como o 8º local de área protegida mais insubstituível do planeta.

Elaborado pela International Union for ConservationofNature (União Internacional para Conservação, em inglês), o ranking analisou 78 lugares, que englobam 137 áreas protegidas em 34 países. Juntas, essas regiões protegem a maioria das populações de 627 espécies de animais, incluindo 304 espécies ameaçadas de extinção em todo o mundo.

A cadeia de montanhas da Serra da Mantiqueira inicia perto de Bragança Paulista, passa por Santo Antônio do Pinhal, Campos do Jordão e se expande pelos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Na lista, o Parque Nacional Kakadu (Austrália) aparece em primeiro lugar. O Brasil ainda aparece no ranking com Alto Rio Negro (6º lugar), Serra do Mar (7º) e o Vale do Javari (9º).

Características marcantes – Popular pela prática de alpinismo por apresentar picos elevados, a Serra da Mantiqueira também é conhecida pelas temperaturas amenas – principal atrativo aos turistas que frequentam a região.

“É marcante por ter floresta e também, na parte mais alta, a área de campo. Cada um desses locais têm suas formas de vida específicas, sejam animais ou vegetais”, explica Marilene Mesquita, mestre em ecologia pela Universidade de Brasília (UNB), que fez um estudo dos muriquis, primatas que se tornaram ícones de São Francisco Xavier (SP).

Entre os animais característicos da serra estão o lobo-guará, a onça parda, jaguatirica e o bugio, uma espécie de primata.

Gestão deficiente – Doutora em ecologia pela USP, Diana Valeriano fez um estudo sobre as araucárias em Campos do Jordão e alerta que a Serra da Mantiqueira não tem um plano de manejo próprio. Este documento define quais atividades podem ser feitas em cada tipo de local, estabelecendo o uso sustentável dos recursos naturais e determina as atividades que podem ser feitas no entorno da área.

“Enquanto não há o plano de manejo, existe a legislação ambiental para legislar sobre o local, mas a fiscalização é deficiente. Não há um número de fiscais suficiente”, disse. A criação da Apa (Área de proteção ambiental) da Serra da Mantiqueira foi feita em 1985, mas o conselho só teve reuniões efetivas a partir de 2004, segundo a pesquisadora.

“Quando você pensa em uma área considerada como representante, pensa em toda a biodiversidade singular que ela tem. As araucárias do sudeste estão restritas à Serra da Mantiqueira. Este é um exemplo de singularidade do local”, afirma.

Plano de Manejo – De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a Apa da Serra da Mantiqueira, o plano de manejo deve sair até o fim de 2014. “O plano de manejo é um dos instrumentos de gestão que as unidades de conservação precisam ter para alcançar seus objetivos. Porém, é caro porque reúne uma série de estudos sobre fauna, flora, características geográficas e condições socioeconômicas e culturais”, disse Leonardo Brasil de Matos Nunes, chefe da Apa.

Ele explicou que neste ano a Apa realizou estudos socieconômicos e culturais dos locais ligados à Serra da Mantiqueira, que abrange 30 municípios divididos em três estados.”Tudo depende da quantidade de recursos. Os estudos são feitos por etapas devido aos recursos disponíveis.Tem ainda ao menos três etapas, que dependem do Governo Federal. Se tudo sair conforme planejado, até o fim de 2014 devemos ter o plano de manejo pronto”. (Portal G1, via Ambiente Brasil)

 

2 – Pesquisadores do Instituto Butantan encontram substâncias em lagartas capazes de neutralizar o vírus H1N1

 

Os estudiosos estão interessados em conhecer os elementos que compõe a hemolinfa, fluido que exerce, nos insetos, a função similar à do sangue em humanos

Pesquisadores do Instituto Butantan, na capital paulista, identificaram substâncias promissoras em lagartas que podem ser usadas no combate a vírus, bactérias e fungos. Um dos estudos, coordenado pelo virologista Ronaldo Zucatelli Mendonça, descobriu uma alta potência antiviral em lagartas da família Megalopygidae. Apesar de a pesquisa ainda estar em curso, já se comprovou que a substância encontrada conseguiu neutralizar o vírus Influenza H1N1, além de tornar 2 mil vezes menor a replicação do picornavírus (parente do vírus da poliomielite) e 750 vezes menor a do vírus do sarampo.

Zucatelli destaca que esses resultados surpreenderam os pesquisadores. “Com essa potência sim [foi uma surpresa]”, declarou. Ele explica que já se imaginava que esses organismos, mesmo com sistema imunológico pouco desenvolvido, poderiam ser utilizadas no controle de infecções humanas ou animais. “Os insetos são um dos seres mais primitivos existentes. Para sobreviverem tanto tempo em ambientes tão hostis, tiveram que desenvolver substâncias para se defender de agressões externas”, informou.

Os estudiosos estão interessados em conhecer os elementos que compõe a hemolinfa, fluido que exerce, nos insetos, a função similar à do sangue em humanos. Nas lagartas, eles têm a capacidade de combater vírus, bactérias e fungos. De acordo com os pesquisadores, desvendar essas substâncias e o mecanismo de ação deles é um passo importante para o desenvolvimento de novos medicamentos. “Existem poucos trabalhos na literatura que buscam estas substâncias em insetos. Os principais estudos estão relacionados ao própolis de abelhas”, acrescentou o virologista.

A pesquisa com a família Megalopygidaedá sequência a um estudo anterior com a lagarta Lonomiaobliqua, da família Saturniidae. A proteína encontrada nesse caso tornou a replicação do vírus da herpes 1 milhão de vezes menor e a do vírus da rubéola, dez mil vezes menor. Os dois trabalhos têm como foco substâncias que apresentem ações antivirais e apoptóticas, que é um processo importante para controle do câncer.

Neste momento, a equipe estuda a viabilidade de produção dessas substâncias, encontradas na Lonomia, em maior escala, além de verificar a estabilidade do produto, a determinação das doses efetivas e a atividade em seres vivos. As substâncias da família Megalopygidae, por outro lado, ainda estão sendo caracterizadas.

As lagartas estudadas liberam veneno capaz de levar à morte. A escolha delas para a pesquisa se deveu ao acúmulo de centenas de carcaças no instituto após a retirada do veneno para a produção de soros contra queimaduras. Zucatelli aposta que esses trabalhos abrem uma porta importante de novas pesquisas, tendo em vista que o Brasil tem uma megabiodiversidade em insetos. A família Megalopygidae, por exemplo, engloba mais de 200 espécies, entre elas a Megalopygelanata e a Megalopygealbicollis. (Camila Maciel/ Agência Brasil)

 

3 – Brasil ganha lista das espécies de plantas ameaçadas de extinção

Livro Vermelho’ criado pelo Jardim Botânico será usado para orientar conservação da flora

Pau-brasil, rabo-de-galo e palmito-jussara são plantas bem diferentes com um problema comum. Figuram entre as espécies da flora mais ameaçadas do país, segundo um levantamento que será divulgado na próxima terça-feira pelo Jardim Botânico. A instituição lançará o “Livro Vermelho da Flora do Brasil”, onde avalia 4.617 espécies da flora nacional, previamente consideradas vulneráveis. Quase metade (2.118, ou 45,9%) corre risco significativo de extinção.

Esta é a primeira etapa de um estudo que pretende analisar, até 2020, todas as 44.711 espécies da flora brasileira – 52% seriam exclusivas do Brasil. O país concentra de 11 a 14% da diversidade de plantas da Terra, campeão mundial de biodiversidade vegetal. Essa é uma estimativa conservadora, pois estima-se que o país tenha até 75 mil espécies.

– Nossa lista da flora é atualizada praticamente todos os dias. Encontramos novas espécies até em regiões muito estudadas, como o Rio – destaca Gustavo Martinelli, coordenador do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico.

As espécies descritas na primeira edição do “Livro Vermelho” foram selecionadas por terem figurado anteriormente em listas de plantas ameaçadas de extinção.

O ranking de biomas com a flora em risco tem à frente Mata Atlântica e Cerrado, duas das 34 áreas do mundo com maior diversidade de espécies com alto risco de extinção.

– Os riscos variam de acordo com a região – ressalta Martinelli. – Na região da Mata Atlântica, os hábitats foram destruídos com o crescimento urbano. Menos de 12% de sua cobertura original sobrevivem até hoje. O Cerrado, por sua vez, foi degradado com o plantio da soja.

A Caatinga, os Pampas e a Amazônia também foram analisados.

– A área desmatada da Amazônia é restrita à fronteira agrícola, ou seja, às bordas da floresta no Mato Grosso e no Pará – lembra Carlos Alberto Mattos Scaramuzza, diretor de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. – Há uma grande área em que os pesquisadores ainda não chegaram e, por isso, não conhecemos diversas espécies.

As espécies de plantas amazônicas mais ameaçadas são as alvo da exploração madeireira, como o mogno e o pau-rosa. Mas a expansão da área desmatada pela soja e pela mineração pode aumentar o risco à flora.

De acordo com Martinelli, o “Livro Vermelho” vai pautar novas políticas de preservação das plantas.

– A criação de novas unidades de conservação pode ser uma boa medida. Foi, sem dúvida, responsável pela preservação da flora amazônica – lembra. – Também precisamos investir em corredores verdes, ou seja, na integração de ecossistemas separados. Desta forma, garantimos a variabilidade genética de espécies isoladas. Seria uma medida eficaz especialmente na Mata Atlântica.

Diante de tantas espécies ameaçadas de extinção, Scaramuzza aposta em planos de proteção regionais, em vez de criar um para cada espécie.

– Se fizermos um projeto para cada planta, precisaríamos de milhares de documentos – explica. – Vamos agrupar os municípios onde existe uma espécie ameaçada e instituir em todos eles um mesmo projeto.

A análise de outras espécies de plantas, porém, pode esbarrar na falta de pesquisadores. Apenas 24 pessoas no Jardim Botânico são responsáveis por analisar mais de 6 milhões de registros, entre amostras geográficas e mudanças na nomenclatura de espécies.

– É difícil analisar um país tão grande – admite Martinelli. – Agora, além de estudar outro grupo das 44 mil espécies de plantas, avaliaremos projetos para aquelas que já descrevemos, começando pelo Cerrado. (Renato Grandelle/O Globo)

http://oglobo.globo.com/ciencia/brasil-ganha-lista-das-especies-de-plantas-ameacadas-de-extincao-10915494#ixzz2m2ikSU9Q

4 – Nova espécie de felino é descoberta no Centro-Sul do Brasil

Gato selvagem que habita florestas era confundido com animais encontrados no Nordeste

Pesquisadores da PUC-RS descobriram uma nova espécie de gato selvagem no país. Suas populações estão concentradas nas florestas do Centro-Sul. Até agora, acreditava-se que estes felinos eram idênticos aos encontrados no Nordeste, que habitam áreas abertas, como a caatinga.

O estudo, publicado na revista “Current Biology”, usou marcadores genéticos para diferenciar as duas espécies de gatos selvagens. As populações nordestinas permaneceram com o mesmo nome (Leopardus tigrinus). Os felinos do Sul, agora, são conhecidos por Leopardus guttulus.

Visualmente, as duas espécies são muito semelhantes – embora a nordestina tenha pelagem mais clara. Suas diferenças só foram descobertas pela análise de sua história evolutiva e seu código genético.

– Usamos informações como o sequenciamento de trechos do DNA mitocondrial, além de outros processos que podem distinguir indivíduos e o fluxo de genes dentro de uma população – explica Eduardo Eizirk, professor da Faculdade de Biociências da PUC-RS. – Com esses marcadores, vimos que não houve cruzamento entre os gatos selvagens do Nordeste e os do Centro-Sul.

Eizirk destaca que os felinos nordestinos mantiveram o nome original por estarem mais próximos ao que seria a localização geográfica mais conhecida dos gatos selvagens.

Incentivo à conservação

Segundo a equipe da PUC, o projeto abre frentes para pesquisas de diversos campos, da genética à evolução destes felinos.

 

Ambas as espécies têm diversas características biológicas ainda desconhecidas. Entre elas, o comportamento dos felinos e a área em que podem ser encontrados.

 

– Precisamos colher dados sobre como se deslocam, em que velocidade, qual é a dieta de cada espécie – enumera Tatiane Trigo, autora chefe do estudo. – É difícil encontrar estes felinos em seus habitats. Trabalhamos principalmente com animais em cativeiro e mortos por atropelamento.

 

Tatiane acredita que, no futuro, as duas espécies de gatos selvagens podem se encontrar na Bahia, uma região em que hoje nenhuma delas está presente. Não se sabe, porém, o que levaria à mudança de área dos felinos.

 

Uma das hipóteses consideradas seria a ameaça à conservação dos habitats, um ponto comum entre as duas espécies.

 

– Muitos programas de conservação são direcionados a espécies específicas, como as listas nacionais e internacionais daquelas que são ameaçadas de extinção e o impacto ambiental causado por algum investimento – lembra Eizirik. – Portanto, reconhecer a existência de uma espécie no Nordeste e outra no Centro-Sul mostra como é urgente integrar ambas a um projeto que garanta proteção das duas.

 

De acordo com o professor, o estudo é um exemplo do grande número de espécies ainda não conhecidas, mesmo em grupos em que supostamente a pesquisa está avançada, como os felinos. No caso dos gatos selvagens, sua distribuição geográfica e a alimentação são os pontos menos explorados pela comunidade científica. (Renato Grandelle/O Globo)

http://oglobo.globo.com/ciencia/nova-especie-de-felino-descoberta-no-centro-sul-do-brasil-10903881#ixzz2lwi2Y9JQ

Veja mais em:

Zero Hora

Pesquisadores da PUCRS e da UFRGS descobrem nova espécie de gato silvestre

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/planeta-ciencia/noticia/2013/11/pesquisadores-da-pucrs-e-da-ufrgs-descobrem-nova-especie-de-gato-silvestre-4347201.html