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Informativo 598 – “Superplanta”; desaceleração; mais calor e superbactéria

1 – Israel cria “superplanta” que pode ajudar a combater a fome mundial

2 – Emissões de CO2 mostram sinais de desaceleração da taxa de aumento

3 – Oceanos absorvem mais calor do que se pensava, diz estudo

4 – Substância de coral destrói superbactéria hospitalar em testes

 

1 – Israel cria “superplanta” que pode ajudar a combater a fome mundial

 

Professor de biologia descobriu a característica de plantas geneticamente modificadas que exigem menos água para o crescimento

O professor de biologia Shimon Gepstein, da Technion University, de Haifa, foi pioneiro em uma pesquisa que pode representar um grande avanço no fornecimento mundial de alimentos. Ele descobriu a característica de suas plantas geneticamente modificadas quando esqueceu de regá-las por algumas semanas. Referenciadas pelos pesquisadores como “superplantas”, elas não apenas sustentam a produção do hormônio “citocinina”, que previne o envelhecimento e facilita a fotossíntese contínua, como exigem menos água para seu crescimento.

 

“Essas plantas conseguem sobreviver a secas, conseguem ficar até um mês sem água e, mesmo que sejam regadas, precisam de apenas 30% da quantidade de líquido que plantas normais necessitam”, explica Gepstein, que acrescenta: “Os vegetais e as frutas agora duram o dobro e, às vezes, três vezes mais, após serem cortados, caso venham de plantas geneticamente modificadas. Colhi uma alface modificada e esta levou 21 dias até começar a ficar amarronzada, enquanto que alfaces normais já ficam ruins em cinco ou seis dias”.

 

Já que as superplantas vivem mais, geram safras maiores, o que pode ajudar inúmeros países que atualmente vem sofrendo com a escassez de água e com a falta de alimentos causadas pelas secas. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, “desastres naturais, como enchentes, tempestades tropicais e longos períodos de seca estão aumentando – com consequências calamitosas para a segurança alimentar dos países pobres e em desenvolvimento. A seca é hoje a causa mais comum da escassez de comida no mundo. Todos os anos, secas recorrentes causam prejuízos em safras e perdas pesadas na pecuária, em partes da Etiópia, da Somália e do Quênia. Em muitos países, mudanças climáticas estão amplificando condições naturais já adversas por natureza”, lembra o pesquisador.

 

“Descobrimos que depois de um mês sem serem regadas, elas estavam tão bem quanto se tivessem recebido água, e assim poderíamos levar suas sementes para zonas áridas, onde há riscos de secas severas, e alimentar a população. Apesar de toda a conotação negativa que a expressão “geneticamente modificado” carrega, posso afirmar que essas plantas não são perigosas para a saúde humana, pois nós as alteramos utilizando seus próprios componentes, nada foi adicionado a elas”, conclui Gepstein. (Ascom do Cembri)

 

2 – Emissões de CO2 mostram sinais de desaceleração da taxa de aumento

 

Relatório holandês mostra que emissões continuam a aumentar, mas a uma taxa menor do que em anos anteriores
 

O aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera está desacelerando. Embora a economia global tenha crescido 3,5% em 2012 em relação ao ano anterior, a liberação de CO2 avançou apenas 1,4%. E a diferença entre estes dois índices pode tornar-se ainda mais evidente no futuro próximo, segundo um relatório divulgado ontem pela Agência de Avaliação Ambiental da Holanda (PBL) e pelo Centro Comum de Pesquisas da União Europeia.

 

O documento ressaltou que, no ano passado, a liberação de CO2 na atmosfera atingiu o patamar de 34,5 bilhões de toneladas, um recorde histórico. Mas a maior surpresa foi a dissociação entre o aumento das emissões e o crescimento econômico. O mundo, agora, recorre menos a combustíveis fósseis e presta mais atenção à energia renovável.

 

– Todos os países buscam o aumento da eficiência energética, ou seja, querem produzir mais bens e serviços com menor taxa de emissões de CO2 – explica Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. – A comunidade internacional depende cada vez menos de combustíveis fósseis.

 

Estados Unidos, União Europeia e China, que respondem por 55% das emissões de CO2, influenciaram a desaceleração na liberação de gases-estufa. Suas iniciativas na área ambiental foram classificadas como “notáveis” pelo relatório.

 

Xisto substitui carvão

Nos EUA, a substituição do carvão pelo gás xisto na geração de eletricidade já traz resultados. As emissões de gases-estufa caíram 4% no ano passado, principalmente por causa da contínua mudança do carvão para o gás na geração de eletricidade. O xisto agora é responsável por quase um quarto da produção total de petróleo.

 

– O uso de gás xisto começou a crescer entre 2007 e 2008 e segue esta trajetória – elogiou Greet Maenhout, um dos autores do documento da PBL, em entrevista à BBC. – Não creio que este fenômeno vai se arrefecer a curto prazo. Há um estímulo econômico para novas expansões.

 

Mais hidrelétricas na China

As emissões chinesas de CO2 cresceram 3% entre 2011 e 2012. É uma redução significativa em relação à média anual de 10% registrada na década passada. Pequim, nos últimos anos, encerrou um pacote de estímulo à economia, o que elevou o valor da eletricidade. Ao mesmo tempo, aumentou em 23% o uso de hidrelétricas.

 

– A economia do país cresce até 9% ao ano, mas a participação dos combustíveis fósseis no setor produtivo é cada vez menor – ressalta Artaxo. – O país investe pesadamente em energia eólica e solar.

 

Na União Europeia, a redução das emissões foi de 1,3% entre 2011 e o ano passado. O consumo de petróleo e gás diminuiu 4% no transporte rodoviário.

 

O bom índice europeu deveu-se à recessão que atinge parte dos 27 países do bloco. Especialistas temem que a recuperação da economia do continente aumente o percentual das emissões de CO2. Artaxo, no entanto, descarta esta hipótese:

 

– Existem boas iniciativas no continente para a adoção de fontes energéticas renováveis – destaca. – A Alemanha investe em energia solar. Na Dinamarca, o setor eólico é forte. E boa parte da economia francesa é baseada na energia nuclear, que não tem emissões diretas de CO2.

 

O Brasil, segundo Artaxo, também contribuiu para a redução da liberação de carbono na atmosfera.

 

– Nossas emissões foram reduzidas brutalmente, principalmente devido ao combate ao desflorestamento da Amazônia – lembra. – Em 2004, 27 mil km² de área verde foram desmatados. Em 2012, foram 4,8 mil km².

 

Em todo o mundo, a energia renovável cresce em ritmo acelerado. Demorou 15 anos para que sua representação na economia global crescesse de 0,5% para 1,1%, mas foram necessários apenas seis anos para ela dobrasse novamente, ou seja, atingisse 2,2% em 2012. (Renato Grandelle/O Globo) http://oglobo.globo.com/ciencia/emissoes-de-co2-mostram-sinais-de-desaceleracao-da-taxa-de-aumento-10613314#ixzz2jOu4bMac

 

3 – Oceanos absorvem mais calor do que se pensava, diz estudo

 

Nova análise reconstruiu temperatura do Pacífico nos últimos 10 mil anos

Uma pesquisa que analisou dados da temperatura do Pacífico nos últimos 10 mil anos indicou que os oceanos têm absorvido uma parcela de calor muito maior do que se pensava.

 

O aquecimento das águas mais fundas do Pacífico nas últimas décadas foi maior do que em qualquer momento desde o fim da última Era do Gelo, sendo 15 vezes maior agora do que há 10 mil anos.

 

“Nós podemos ter subestimado a eficiência dos oceanos como armazéns de calor e de energia”, disse Yair Rosenthal, da Universidade Rudgers, um dos autores do trabalho, publicado hoje na revista “Science”.

 

“Pode ser que isso nos dê algum tempo para chegar a um acordo sobre o aquecimento global, mas quanto tempo, eu realmente não sei. Mas isso [a absorção de calor pelo oceano] não irá parar o aquecimento global”, completou o cientista.

 

Para muito dos que negam o aquecimento global, o fato de na última década a temperatura média atmosférica ter aumentado em ritmo menor, ou mesmo diminuído levemente em alguns lugares, indicaria que o homem não é principal o responsável pelo fenômeno.

 

Com o novo trabalho, os cientistas sabem com mais precisão para onde esse calor está indo.

 

O trabalho se baseou na análise da quantidade de cálcio e magnésio de um organismo unicelular, o Hyalineabalthica, recolhido em amostras próximo à Indonésia, em uma região onde as águas do Pacífico e do Índico se encontram. Quanto mais quente estivessem as águas quando o organismo se calcificou, maior a proporção de magnésio em relação ao cálcio. (Folha de São Paulo) http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/136732-oceanos-absorvem-mais-calor-do-que-se-pensava-diz-estudo.shtml

 

4 – Substância de coral destrói superbactéria hospitalar em testes

 

Causadora de infecção pulmonar, a bactéria KPC matou pelo menos 106 pessoas no Brasil no ano passado

Uma das superbactérias mais resistentes a antibióticos, a KPC (Klebsiellapneumoniaecarbapenemase) acaba de ganhar um novo adversário: o coral orelha-de-elefante (Phyllogorgiadilatata).

 

A espécie, que existe apenas na costa brasileira, é a primeira nas águas da América do Sul a apresentar capacidade de controle desse microrganismo, encontrado em ambiente hospitalar.

 

Há relatos de moléculas extraídas de animais marinhos, corais e esponjas que combatem outros tipos de bactérias, mas não a KPC.

 

Causadora de infecção pulmonar, a KPC matou ao menos 106 pessoas no país em 2010 e 2011, segundo o último levantamento do Ministério da Saúde. A maioria dos casos foi registrada na região sudeste (64) e sul (12).

 

Responsáveis pelo estudo, pesquisadores da pós-graduação de Ciências Genômicas e Biotecnologia da UCB (Universidade Católica de Brasília) e do Projeto Coral Vivo selecionaram seis espécies de corais para testes.

 

“A escolha foi feita pelas características desses animais, que sobrevivem à alta competitividade nos ambientes marinhos, possivelmente por possuírem barreiras químicas. Mas ainda não sabemos se a substância que combate a KPC é do coral ou de uma bactéria que vive associada a ele”, diz o biólogo Clovis Castro, coautor da pesquisa e coordenador do Projeto Coral Vivo, ligado ao programa Petrobras Ambiental.

 

“Nos testes percebemos que o orelha-de-elefante tinha mais potencial [no combate à superbactéria] do que os demais”, disse Loiane Alves de Lima, que apresentou o estudo no mestrado na UCB.

 

“Também vamos fazer testes contra vírus e fungos. A descoberta pode ter potencial ainda maior”, disse a bióloga molecular Simoni Campos Dias, da UCB, que orientou Loiane Lima.

 

A descoberta foi publicada na revista “Protein&PeptideLetters”, voltada para estudos de bioquímica. O levantamento começou em 2009 com material recolhido em Porto Seguro (BA).

 

Pedaços de diferentes colônias da espécie foram triturados e passaram por processo de purificação até a separação da substância de combate à superbactéria.

 

Testes in vitro indicaram que após 12 horas, toda da população de KPC fora exterminada pela proteína do coral.

 

“Esse pode ser um candidato promissor a um novo antibiótico para atuar contra a KPC e outras bactérias resistentes”, afirmou Simoni Dias.

 

Detectada pela primeira vez nos EUA em 2001, a KPC chegou ao Brasil em meados de 2005. De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia Marcos Cyrillo, sua incidência decuplicou nos últimos cinco anos. “De 100 amostras de Klebsiellapneumoniae (bactérias do trato gastrointestinal) analisadas há cerca de cinco anos, 2% eram KPC, ou seja, multirresistentes. No último ano, constatamos que esse número subiu para 20%”, destaca.

 

Os pesquisadores contam que o composto será clonado dentro de leveduras para que seja possível produzir o princípio ativo em grande escala.

 

Para que o medicamento seja fabricado, no entanto, ainda há necessidade de testes em animais e humanos, além da aprovação dos órgãos competentes, o que pode demorar até 10 anos.

 

Além da KPC, a proteína combate outras duas bactérias hospitalares resistentes: a Staphylococcus aureus e a Shigellaflexneri.

 

A espécie está ameaçada de extinção devido à coleta predatória para venda em aquários e lojas de souvenires. O projeto Coral Vivo vem estudando a espécie com o objetivo de criar um projeto de cultivo do organismo.(Diana Brito/Folha de S.Paulo) http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/137257-substancia-de-coral-destroi-superbacteria-hospitalar-em-testes.shtml