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Informativo 470 – Corte de vagas; Calor; Belo Monte e Montanhas do Atlântico

1 – Por má qualidade, MEC corta mais 2,8 mil vagas de cursos superiores da área de saúde

2 – Medida exata do calor

3 – Parques eólicos valem uma Belo Monte

4 – Expedição revela biodiversidade das montanhas do Atlântico

 

 

1 – Por má qualidade, MEC corta mais 2,8 mil vagas de cursos superiores da área de saúde

Desde que foram divulgados os resultados do CPC de 2010, o ministério já cortou mais de 7 mil vagas em faculdades que oferecem cursos consideradas de baixa qualidade.
O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem (1°) o corte de mais 2.794 vagas em 153 cursos que obtiveram resultado insatisfatório nas avaliações de qualidade promovidas pela pasta. A medida atinge graduações nas áreas de biomedicina, nutrição e fisioterapia que tiveram nota 1 ou 2 no Conceito Preliminar de Curso (CPC) de 2010.

O indicador afere a qualidade da oferta do ensino em uma escala que vai de 1 a 5. As informações foram publicadas no Diário Oficial da União. O corte faz parte do processo de supervisão pelo qual passam esses cursos em função dos resultados insuficientes. A redução atinge 29 cursos de biomedicina (811 vagas), 50 cursos de nutrição (772 vagas) e 74 cursos de fisioterapia (1.211 vagas).

Desde que foram divulgados os resultados do CPC de 2010, o ministério já cortou mais de 7 mil vagas em faculdades que oferecem cursos consideradas de baixa qualidade. Além das áreas anunciadas ontem, também houve redução da oferta de vagas em medicina, odontologia e enfermagem. O MEC informou que pretende suspender, até o fim do ano, 50 mil vagas. As medidas também atingirão graduações de ciências contábeis e administração. Na avaliação do ano passado, 594 dos 4.143 cursos avaliados tiveram CPC 1 ou 2. A nota 3 é considerada satisfatória e CPCs 4 e 5 indicam que o curso é de boa qualidade.

As instituições de ensino terão um ano para cumprir as exigências do termo de saneamento de deficiências que será firmado com o governo. Após esse período, o MEC fará uma nova avaliação para verificar o cumprimento das exigências. Se as deficiências não forem corrigidas, as instituições poderão, ao fim do processo, ser descredenciadas pelo MEC. (Agência Brasil)

 

2 – Medida exata do calor

Pesquisadores defendem a revisão de dados climáticos para melhorar a compreensão sobre o aquecimento global. Mesmo apoiando a coleta mais eficiente de informações, os especialistas garantem que o homem provoca o aumento da temperatura na Terra.
Quando se discutem as mudanças climáticas, são comuns comparações como “a temperatura do planeta está 2ºC mais alta do que há um século”, ou “este ano foi uma dos mais quentes desde o início da Revolução Industrial”.

O que faz surgir a dúvida: como conseguir dados confiáveis de tempos remotos quando a tecnologia estava longe do padrão atual? Sobre essa questão, a revista científica Science publica, em sua edição de hoje, um artigo que alerta sobre a necessidade de se calcular e recalcular exaustivamente as condições climáticas do passado. Para os especialistas, essas medições são peça-chave para a compreensão do que, de fato, ocorre com o clima da Terra hoje.

Um dos autores do comentário, o pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos Tom Wigley explica ao Correio que, em muitos casos, as medições de temperatura de tempos mais distantes precisam ser reconfirmadas para que sejam as mais exatas possíveis. “Indicadores do aquecimento global são a forma mais simples e óbvia de se determinar os efeitos dos seres humanos sobre o sistema climático. Portanto, é importante ter certeza de que os registros de temperatura são precisos e confiáveis”, afirma o pesquisador.

Assim, para que haja uma base de dados eficientes que permita medir como, quanto e onde o clima está sendo alterado, pesquisas utilizando as técnicas mais modernas disponíveis devem revisar os dados climáticos como temperatura e umidade.

“Os registros mais antigos, por vezes, requerem correções para dar conta das influências não climáticas, como movimentos da estação, o aquecimento urbano, entre outros”, afirma Wigley. “Somente quando registros produzidos de maneira independente entrarem em acordo é que teremos certeza de que essas medições estão sendo feitas com precisão”, completa.

Mas como medir o clima na Terra décadas ou séculos atrás? Para dar conta dessa tarefa, climatologistas e outros cientistas precisam fazer um trabalho de detetives. Isso porque o clima deixa pequenas pistas que são conservadas pelo tempo. Encontrar essas pistas e interpretá-las quantitativamente e qualitativamente é um trabalho extenso e árduo, feito em conjunto, que resulta em uma espécie de biografia climática da Terra dos últimos 800 mil anos. Antes disso, o clima terrestre continua um mistério completo para os pesquisadores.

Apesar de os pesquisadores defenderem a constante melhora na coleta do dados climáticos, para eles é inegável que a Terra está ficando cada vez mais quente. “A evidência de que o homem é responsável pelo aquecimento global e pela mudança climática é esmagadora.

A palavra “inequívoca” é frequentemente utilizada para definir esse fenômeno”, diz Tom Wigley, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos, que vê o aprimoramento dos dados como uma forma de se entender melhor de que maneira essa mudança vem acontecendo.

“Os padrões de mudanças climáticas observados concordam bem com os modelos de previsões disponíveis, baseadas na influência humana, como a queima de combustíveis fósseis. O fator humano é um padrão único, de modo que exclui outros possíveis fatores”, completa o cientista.

Nos últimos 50 anos, as medições da temperatura terrestre são mais simples, embora não necessariamente fáceis. Elas se baseiam em estações climáticas espalhadas ao redor do mundo. “No entanto, essas estações são muito desiguais e mal distribuídas, por isso é necessário um esforço para se chegar a medições exatas”, conta o geólogo e diretor do Centro Polar Climático Brasileiro na Antártida, Jefferson Cardia Simões. Segundo ele, são necessárias outras ferramentas, como estudos de solo, vegetação e dinâmica climática, para chegar a esses valores.

Passado remoto – A viagem no tempo para até meados do século 18 é ainda mais complexa. “Nesse período, surgiram as primeiras estações climáticas, então existem dados disponíveis, mas eles são muito incipientes”, conta Simões. Por isso, encontrar vestígios climáticos se torna ainda mais importante. “Determinar com exatidão não apenas se, no passado, estava mais quente ou mais frio, mas também o quão quente ou frio estava, é um dos grandes desafios da ciência”, completa o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Contudo, é do século 18 para trás que estão os grandes desafios de aferição do clima. Isso porque não há medições como as feitas pelas estações climáticas. Nesse ponto, as pistas deixadas pelo clima são a única forma de pesquisa. “Uma das técnicas mais comuns é a medição de isótopos de oxigênio e hidrogênio presentes no gelo”, conta o especialista gaúcho. “É possível verificar se o planeta estava mais ou menos quente analisando a quantidade de oxigênio 12 e oxigênio 10 ou de hidrogênio 2 e 1 quando aquele gelo se formou”, explica.

Além da técnica que estuda as camadas profundas de gelo, outros vestígios climáticos são levados em consideração na hora de se traçar o histórico climatológico da Terra. “Há técnicas que analisam os anéis dos troncos das árvores em busca de informações sobre o clima. Outros analisam as composições físico-químicas das camadas mais profundas do solo, ou o sedimento depositado no fundo dos oceanos”, menciona Simões. “De posse desses dados, conseguimos determinar com uma precisão razoável o clima nos últimos 500 anos.”

Diferença – Uma confusão feita por grande parte das pessoas diz respeito à diferença entre clima e tempo. As condições temporais, estudadas por meteorologistas, analisam intervalos de tempo muito curtos e localizados. Trata-se da determinação se vai chover ou não, ou qual a temperatura em uma região. Já o estudo do clima exige uma medição mais ampla, trabalha com médias de temperatura a cada 30 anos e reflete condições climáticas mais gerais. Atualmente, é possível determinar como era o clima na Terra nas últimas eras. (Correio Braziliense)

 

3 – Parques eólicos valem uma Belo Monte

Os investimentos em eólicas em todo o País vão somar R$ 30 bilhões até 2014 para que 280 parques sejam erguidos, com capacidade de gerar mais de 7,2 mil megawatts (MW) de energia – metade para consumo efetivo. São números comparáveis com os da hidrelétrica de Belo Monte, a usina que tem gerado críticas até de artistas globais.
O que não se pode comparar entre Belo Monte e eólicas é a ampla aceitação que os projetos de ventos ganharam entre ambientalistas, que acreditam ser uma das formas de geração de energia mais limpas do mundo. Nessa onda, tradicionais geradoras de energia hidrelétrica começaram a investir pesado nesse segmento para se tornarem “renováveis”.

Os dois casos mais marcantes neste ano foram da Renova, que ganhou um aporte de capital da Cemig, por meio da Light; e da CPFL Energia. Essa última investiu bilhões de reais em compra de ativos e também apostou em uma fusão com a Ersa, do banco Pátria, e criou a CPFL Renováveis. A empresa tem hoje em operação 210 MW de eólicas e constrói parques que vão somar 550 MW, a maior parte na cidade de Parazinho, ao norte de Natal, no Rio Grande do Norte.

Os ventos potiguares são tão promissores que até 2014 o Estado vai abrigar sozinho um terço de todos os investimentos do país para a construção de 83 parques com capacidade de gerar 2,3 mil MW. De acordo com o secretário de desenvolvimento do Estado, Benito Gama, para o próximo leilão de energia do governo federal, que acontece este mês, foram concedidas licenças ambientais para 62 novos parques na região. “A implantação das torres eólicas já gera em algumas cidades mais empregos que a própria prefeitura”, afirma o secretário estadual.

Em Parazinho, são ao todo 700 empregos diretos gerados pelas obras da CPFL. A empresa está colocando 98 torres nos parques Santa Clara e que tiveram a energia vendida no primeiro leilão do governo federal, em 2009. “Só para Santa Clara arrendamos 2,2 mil hectares de terras, de grandes fazendeiros”, conta o diretor de operações da CPFL Renováveis, João Martin.

As torres e aerogeradores da CPFL são fornecidos pela Wobben e fabricados dentro do próprio canteiro de obras da empresa. As torres são todas com acabamento de concreto, diferentemente daquelas que estão chegando à região de Caetité, na Bahia, para atender a Renova.

A GE é a principal fornecedora na Bahia. As torres são de aço e todas transportadas de Pernambuco até Caetité. A Renova, neste momento, está erguendo 180 torres na região, que vão gerar pouco menos de 300 MW. Mas o projeto total chegará a 1,1 mil MW, sendo que 400 MW são de energia que foi vendida para a Light. O vice-presidente de operações da Renova e um dos fundadores da empresa, Renato Amaral, diz que foi estratégico para a empresa fazer a parceria com a Light justamente para vender a energia no mercado livre. Os preços do mercado regulado caíram fortemente e a competição está cada vez mais dura, com cada vez mais grupos estrangeiros chegando ao Brasil. A eólica que no Proinfa, a preços sem correção de cinco anos atrás, foi vendida a mais de R$ 200 o MW, chegou a R$ 100 no último leilão, que aconteceu em meados deste ano.
(Valor Econômico)

4 – Expedição revela biodiversidade das montanhas do Atlântico

Cordilheira no fundo do mar é um oásis da vida pouco conhecido pelos cientistas.
A mil quilômetros da costa brasileira há uma montanha. Totalmente submersa, seu topo fica a 580 metros da linha d’água, isto numa região em que a profundidade é de cerca de 4 mil metros, na altura do Rio Grande do Sul. A chamada Elevação do Rio Grande, do tamanho do estado da Bahia, faz com que o local seja um oásis da vida marinha ainda desconhecida dos cientistas. Uma expedição de pesquisadores brasileiros esteve lá entre os dias 7 a 15 de novembro, saindo de Itajaí e voltando ao Rio de Janeiro, para estudar a biodiversidade de águas profundas, que tem potencial para a biotecnologia e a compreensão de processos climáticos associados ao aquecimento global, como a absorção do CO2.

“Coletamos dados físicos, de circulação de água e de correntes. Tentaremos entender se a montanha afeta o padrão de circulação de água profunda”, diz o oceanógrafo José Angel Alvarez Perez, coordenador do Grupo de Estudos Pesqueiros, do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar), da Univali, de Santa Catarina. “Estimaremos a concentração de nutrientes, clorofila e bactérias, além de saber o que elas podem fazer.”

Os dados coletados ainda estão sendo processados pelos pesquisadores. Um relatório preliminar deverá ser publicado no começo do ano que vem e, provavelmente no meio de 2012, sairá outro mais completo. Durante a expedição, os cientistas avistaram mais baleias e aves próximas à montanha do que em outras áreas de alto-mar, indicando a maior presença de vida próxima à elevação de terras sob o mar. O projeto, chamado de Mar-eco Atlântico Sul, integra a nova fase do Censo da Vida Marinha.

A Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de Santa Catarina, é a instituição que lidera o projeto. Parceria feita com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Marinha do Brasil permitiu o uso do navio oceanográfico Antares. Os pesquisadores querem repetir a expedição no ano que vem para realizar outros tipos de coletas de dados.

“Existe uma tendência mundial de se conhecer as águas profundas. É para lá que vai o CO2 produzido pelo homem. Há uma corrida mundial para compreender o funcionamento da vida no mar profundo de forma a preservar os serviços que ela oferece para a Humanidade, tanto em relação à diversidade como suas possibilidades biotecnológicas”, explica Perez.

Amostras de água foram coletadas em diferentes profundidades, entre 500 e 3.600 metros de profundidade. Também foram observadas aves e mamíferos marinhos. Os pesquisadores acreditam que a montanha pode exercer uma influência em toda a coluna d’água. “Temos que apurar as informações obtidas, mas a nossa impressão inicial é que realmente a vida lá é diferente”, afirma o oceanógrafo.

A Elevação do Rio Grande, no lado Oeste, e a Cadeia Walvis, no Leste do Atlântico Sul, são cadeias de montanhas perpendiculares que ligam o centro do oceano até a margem dos continentes, tanto no litoral brasileiro como na costa da África. Os pesquisadores acreditam que ambas as cadeias influenciam a circulação da água profunda no sul do Oceano Atlântico. Sendo assim, podem ter relevância na dispersão da vida marinha em grandes profundidades. Estas são regiões geralmente pobres em nutrientes. Porém, a presença da montanha pode aumentar a oferta de alimentos, que sustentem grandes cadeias alimentares.

Já o Censo da Vida Marinha teve os primeiros resultados divulgados ano passado. O estudo permitiu a descoberta de 6 mil novas espécies em potencial e ajudou a avaliar como a atividade humana está afetando ecossistemas marinhos inexplorados. (O Globo)