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Informativo 452 – Potássio; Restinga e Samambaias

1 – Potencial de potássio na Amazônia é confirmado

2 – Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba

3 – Dissertação traz novos elementos para classificação de samambaias

 

1 – Potencial de potássio na Amazônia é confirmado

Nova descoberta pode ter ‘múltiplas jazidas’.
A Potássio do Brasil, empresa brasileira com sócios locais e internacionais, confirmou ontem o potencial para potássio de classe mundial na bacia Amazônica. Segundo a empresa, poderão ser descobertas “múltiplas jazidas”. A confirmação foi realizada pela perfuração PB-AT-11-09, que interceptou minério de potássio com teor de 39,94% KCl (cloreto de potássio) e espessura de 1,82 metro a uma profundidade de 843,08 metros na cidade de Autazes, no Amazonas.

Sócios da empresa, reunidos na mineradora Falcon Metais, venceram em 2008 licitação da Petrobras para exploração de Fazendinha. Mas o processo foi interrompido pelo governo na época sob alegação de que a política para o setor seria revista, o que não foi feito até hoje. Enquanto aguardavam a decisão do governo, alguns sócios da Falcon -brasileiros, canadenses e australianos- adquiriram outros direitos minerários na região.

Na primeira perfuração da área obtida no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), a Potássio do Brasil comprovou o potencial de grande porte da mina. Na época, a empresa planejava fazer IPO para obter recursos necessários para desenvolver o negócio, operação agora adiada para 2012. A estimativa da companhia é que sejam necessários de US$ 3,5 bilhões a US$ 4 bilhões para produzir anualmente 4 milhões de toneladas de cloreto de potássio.

“A empresa está em processo de captação de recursos da ordem de US$ 100 milhões tanto no Brasil como no exterior”, informou em nota. O governo brasileiro luta para reduzir a dependência de fertilizantes importados. No caso do potássio, utilizado na produção de fertilizantes, o País importa cerca de 90% da demanda anual. (Folha de São Paulo, via Reuters)

 

2 – Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba

No Norte Fluminense, santuário ecológico e progresso econômico são vizinhos de porta. De um lado, os 15 mil hectares restantes da restinga. Do outro, um adensamento populacional ávido por novas áreas para se expandir.
O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, único administrado pelo governo federal a preservar este tipo de vegetação, tenta se manter numa região que, com seus poços petrolíferos, produz 91% da energia do País.

Os méritos econômicos daquelas redondezas já são bem conhecidos e explorados. Da reserva, no entanto, quase nada se diz. Em parte porque ela é relativamente nova – tem apenas 13 anos – e se localiza num estado que já conta com cinco parques nacionais.

Apesar da juventude e da concorrência, Jurubatiba pode ter brilho próprio. Venha ele de sua complexa biodiversidade, venha de suas lagoas, uma atração à parte. São 18, de diversas cores – e o efeito não se deve à poluição. A Imboassica, por exemplo, tem água muito clara, quase transparente. A Comprida é avermelhada. O Lago do Atoleiro é tão escuro que alguém ali mergulhado, só com a cabeça acima da superfície, não consegue ver o próprio corpo.

“Jurubatiba é uma relíquia, um mosaico de ecossistemas, de vegetações rasteiras, com brejos de água doce e salgada, temporários e permanentes” destaca o ecólogo Francisco de Assis Esteves, um dos maiores defensores do parque. É ele, também, que está à frente do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (Nupem/UFRJ), centro de estudos voltado basicamente para o estudo dos recursos biológicos da reserva.

Até hoje, 159 espécies de vertebrados terrestres foram encontrados em Jurubatiba – incluindo uma espécie inédita no mundo, o ratinho-goitacá. Há, também, espécies indesejadas, como os bois, que deixam a restinga em estado desolável. Outros efeitos ainda mais avassaladores são provocados pelas mudanças climáticas e pela falta de recursos. Sem funcionários e mais investimentos, as restingas, sobreviventes da ocupação do litoral pelos portugueses, podem sucumbir diante da especulação imobiliária e da agricultura.

São precisos três homens para domar um ratinho-goitacá. Não por ser um animal assustador – o diminutivo faz jus aos seus 14 centímetros de comprimento -, mas pela agilidade com que se movimenta dentro de uma gaiola, seu lar há dois meses. Neste período, o roedor teve público fiel nos laboratórios de Ecologia da UFRJ. Todos querem conhecer a nova espécie de mamífero, descoberta entre as moitas de Jurubatiba. O ratinho projetou nacionalmente a reserva e enterrou teorias segundo as quais a restinga teria fauna e flora semelhantes à vizinha Mata Atlântica.

“Há uma fauna riquíssima na restinga” garante o ecólogo Pablo Rodrigues Gonçalves, descobridor do ratinho. “Antes, os cientistas consideravam-na uma mera extensão da Mata Atlântica. Vemos, agora, como estávamos enganados”.

Foram identificadas 159 espécies de vertebrados terrestres em Jurubatiba – a maioria (96) aves, embora também haja um número expressivo (35) de mamíferos. Além do ratinho-goitacá, outras atrações locais são o sabiá-da-praia e o rato-de-espinho. O belo canto do primeiro já o fez ameaçado de extinção, embora agora seja visto em boa quantidade dentro do parque nacional. O segundo, por sua vez, é mais raro do que o mico-leão-dourado e figura na lista vermelha da União Mundial para a Natureza (UCN).

Um grupo de trabalho sediado em Macaé também está catalogando os morcegos da reserva. O mamífero ganhou atenção especial por ser o principal polinizador de diversas plantas, especialmente as noturnas, e contribuir para a dispersão de sementes. “A diversidade química das plantas também já mereceu muitos trabalhos”, lembra a ecóloga Ana Petry, também do Nupem/UFRJ. “Estamos estudando plantas aquáticas com propriedades medicinais, como substâncias anti-oxidantes. A restinga é um grande laboratório.”

Em um ambiente picotado por lagoas e brejos, a circulação de nutrientes e o monitoramento da qualidade de água estão entre as curiosidades mais antigas dos pesquisadores. Na Lagoa Cabiúnas – a mais estudada do parque, ao lado de Garças e Piripiri -, os cientistas acompanham a quantidade de poluentes há mais de uma década. São locais limpos, mas, para continuar assim, precisam ter acesso restrito: a maioria não pode ser franqueada ao público.

Nem todas as espécies são bem-vindas em Jurubatiba. Algumas culturas exóticas, instaladas naquela área antes de sua transformação em parque nacional, ameaçam a sobrevivência de espécies locais e, no caso de plantas, provocam a contaminação dos solos e de lençóis freáticos.
O controle dessas espécies é dificultado pela falta de regularização fundiária de muitas áreas da reserva. Como alguns proprietários de terra ainda não foram indenizados, suas culturas agrícolas não podem ser retiradas.

Além de danosas ao meio ambiente, certas atividades, como a criação de gado e plantações de coco e abacaxi, sequer são lucrativas. O solo da restinga, muito arenoso, não oferece os nutrientes ou a quantidade de água necessários para o cultivo.

O ecólogo Rodrigo Lemes Martins, do Nupem/UFRJ, coordena a derrubada de um coqueiral vizinho à Lagoa de Carapebus, uma das mais belas regiões da reserva. Em 1998, quando o parque nacional foi criado, havia 8 mil coqueiros por ali. Pouco mais de mil ainda estão de pé. “Achava-se que esta região poderia produzir coco com a quantidade e a qualidade existentes na Bahia, mas o solo é diferente e precisa de um sistema de irrigação mais caro”, lembra.

Os proprietários foram obrigados na Justiça a recuperar a área, o que é menos simples do que parece. A baixa disponibilidade de mudas é um obstáculo. Sua taxa de sobrevivência também não contribui com os pesquisadores – menos de 10% delas vingam.

A equipe do Nupem usou hidrogel para diminuir as perdas de água e nutrientes. Poleiros também foram instalados para atrair animais. Aos poucos, estima-se, a terra devastada pelos coqueiros dará lugar à vegetação rasteira, típica daquele local.

A criação de gado, segundo os pesquisadores, também contribuiu para a retirada de nutrientes do solo. “Entre os animais, este é o principal problema: o gado entra na restinga, pisoteia tudo e, assim, muda a vegetação”, lamenta Pablo Rodrigues Gonçalves, também ecólogo do Nupem.

Outras pragas, típicas da cidade, mostram como o crescimento urbano é uma ameaça à sobrevivência da reserva. O caramujo africano, que mata plantas por onde passa, compete com os caramujos locais; e as ratazanas vieram para Jurubatiba dos bairros sem planejamento ou saneamento que cercam o parque. Leia a matéria completa no caderno Planeta Terra do O Globo de hoje (23/8).

 

3 – Dissertação traz novos elementos para classificação de samambaias

Dissertação no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, mantido pelo Museu Goeldi com a Universidade Federal Rural da Amazônia, buscou subsidiar revisão do gênero Elaphoglossum.
Grupo diverso e representativo para a região amazônica, as samambaias ainda são pouco estudadas no Brasil. E foi para tentar cobrir esse hiato na pesquisa que a mestranda Ana Carla Feio dos Santos fez sua dissertação, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – área de concentração Botânica Tropical, mantido pela parceria do Museu Emílio Goeldi (MPEG/MCTI) e a Universidade Federal Rural da Amazônia.

A dissertação pretendia subsidiar estudos taxonômicos do gênero, estabelecendo comparações entre as espécies. Isso porque, segundo a nova mestra, o gênero Elaphoglossum é o que mais necessita de revisão dentre os gêneros de samambaias. A pesquisa teve início em 2007 e foi orientada pela pesquisadora Raimunda Potiguara, do Museu Goeldi.

“A flora de samambaias e mais especificamente do gênero Elaphoglossum ainda é pouco conhecida [no Pará] quando comparada com a dimensão do estado, mas principalmente pela quantidade de regiões ainda inexploradas”, afirma a nova mestra.

Nos últimos anos, a flora de samambaias no estado do Pará vem sendo conhecida com trabalhos realizados principalmente em áreas de conservação, como na Ilha de Mosqueiro, na Flona de Caxiuanã, nas Áreas de Proteção Ambiental da Ilha do Combu e, mais recentemente, no Parque Ecológico de Gunma (PEG), de onde os espécimes estudados por Ana Carla foram coletados. Confira a matéria completa no site http://www.museu-goeldi.br/sobre/NOTICIAS/2011/agosto/22_08_2011.html.
(Agência Museu Goeldi)