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Informativo 422 – Formigas escravas; Extinção em massa e “Ibama mineiro”

1 – Micro-organismos escravizam formigas da Zona da Mata

2 – Sexta extinção em massa

3 – Criação de “Ibama mineiro” em debate

 

1 – Micro-organismos escravizam formigas da Zona da Mata

Os remanescentes da floresta atlântica na Zona da Mata de Minas Gerais guardam biodiversidade bem maior do que a imaginada.
Cientistas brasileiros e americanos anunciaram ontem (2) a descoberta na Zona da Mata de criaturas que parecem saídas da ficção científica. São quatro espécies de fungos do gênero Ophiocordyceps, conhecidos no meio científico por “zumbificar” os insetos que infectam – no caso, formigas.

Eles alteram o comportamento das formigas para matá-las. E, como num roteiro de terror de segunda classe, usam seus corpos em decomposição para dispersar os esporos, que darão origem a uma nova geração de fungos. A descoberta foi anunciada em estudo publicado na revista científica internacional on line  PLoS ONE.

Essa espécie de fungo ainda é muito pouco conhecida. Ela consegue controlar completamente o sistema nervoso das formigas. E cada espécie é altamente especializada e infecta apenas uma espécie específica de formiga. Os pesquisadores destacaram o fato de a Mata Atlântica, que já perdeu cerca de 92% de sua cobertura original, guardar tamanha riqueza biológica. O próximo passo será identificar a substância produzida pelos fungos para escravizar as formigas. (O Globo)

 

2 – Sexta extinção em massa

Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.
O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.

Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos -, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.

Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

“Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores.

O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.

“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram. Como exemplo cita que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.

“Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.

“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse.

Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.

“Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou.

O artigo Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived? (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com. (Agência Fapesp)

 

3 – Criação de “Ibama mineiro” em debate

O Sistema de Gestão Ambiental e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) passará por uma mudança profunda. Proposta será encaminhada à Assembleia Legislativa.
O projeto de lei prevê a criação de um novo órgão, que vai absorver as atuais funções do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que deverão ser extintos. A denominação do superórgão – que deverá acumular atribuições, como o Ibama em nível federal -, ainda não foi definida. Mas, por enquanto, está sendo chamado de Instituto Ambiental de Minas Gerais (Iamig).

A proposta de criação do instituto já vinha sendo discutida há vários dias pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Adriano Magalhães, em reuniões com servidores dos órgãos envolvidos e ambientalistas. Nos encontros, Magalhães tem se esforçado para explicar os reais motivos e objetivos da proposta, visando conter possíveis reações contrárias às mudanças, principalmente no que se refere à extinção dos órgãos. A justificativa da secretaria é que as mudanças objetivam exclusivamente a eficiência na gestão, sem nenhum prejuízo para os servidores dos órgãos envolvidos ou para as políticas de preservação e fiscalização ambiental.

O sistema estadual de meio ambiente tem um orçamento de R$ 305 milhões previsto para 2011, sendo a maior parte para o IEF (R$ 111,08 milhões). A Semad tem uma previsão orçamentária de R$ 56,96 milhões, divididos entre a Feam (26,09 milhões) e o Igam (R$ 26,4 milhões). Outros R$ 84,2 milhões estão previstos para o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro).

O Sisema soma 1,8 mil funcionários. Dos três órgãos que deverão ser extintos com a criação do novo sistema de gestão ambiental em Minas, além de ter maior orçamento, o IEF é o mais conhecido e com maior estrutura, reunindo cerca de 1 mil funcionários, 13 escritórios regionais, 47 núcleos ambientais e 150 escritórios locais (agências de atendimento) espalhados pelo interior. Grande parte da estrutura é montada em parceria com os municípios.

O IEF cuida de questões importantes, como a expedição de licenciamentos para desmatamentos e diversas atividades, como a fiscalização da produção e do transporte de carvão. No ano passado, o órgão foi alvo de denúncias de irregularidades, feitas contra seu ex-diretor geral, Humberto Candeias Cavalcanti. Em agosto, Cavalcanti chegou a ser preso, acusado de colaborar com esquemas de desmatamento ilegal para produção de carvão e desvios de recursos da autarquia, após investigação do Ministério Público Estadual, Secretaria de Estado da Fazenda e Polícia Militar. Ele ficou menos de 48 horas preso. Foi liberado depois de conseguir habeas corpus.

Durante as reuniões com representantes dos órgãos do sistema, o secretário Adriano Magalhães vem esclarecendo que a definição das equipes da nova estrutura terá como critério principal a competência técnica e a origem no próprio Sisema. ”O quadro de funcionários é composto por pessoas qualificadas e experientes e nada mais natural que utilizar essa equipe em todo o seu potencial”, afirmou.

As mudanças no Sisema começaram por meio de três leis delegadas (179, 180 e 181), editadas em janeiro e regulamentadas pelo Decreto 45.536 (27 de janeiro/2011), que deram novo formato à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Foi criada a Subsecretaria de Controle e Fiscalização Integrada, que assumiu todas as funções relativas à fiscalização ambiental, de recursos hídricos, recursos florestais e biodiversidade e da pesca, que antes eram atribuições de diretorias específicas do IEF, da Feam e do Igam. A Semad também ganhou as subsecretarias de Inovação e Logística e de Gestão e Regularização Ambiental Integrada.

A extinção dos órgãos e todos os demais aspectos relativos ao projeto de lei vai depender das votações na Assembleia Legislativa, onde a proposta, após ser recebida em plenário, será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça e será apreciada pela Comissão de Meio Ambiente. Ouvido no fim da tarde de ontem, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Célio Moreira (PSDB), disse que já ”ouviu falar” da proposta de criação do novo órgão ambiental, mas que ainda não recebeu o projeto e por isso não iria comentar o assunto.
(O Estado de Minas: 1/3)