Fechar menu lateral

Informativo 386 – Clima; Inovação Ambiental; Caatinga e Urso polar

1 – Triplica número de afetados pelo clima

2 – Criada a Rede Mineira de Inovação Ambiental

3 – Disponível versão eletrônica do livro sobre Recursos Florestais da Caatinga

4 – Esperança para o urso polar

 

1 – Triplica número de afetados pelo clima

Em 2009, 5,8 milhões de brasileiros foram impactados por inundações, secas e vendavais, segundo o Atlas Nacional do Brasil, lançado pelo IBGE
De 2007 a 2009, triplicou o número de brasileiros afetados por inundações, secas, vendavais e temperaturas extremas. É o que revela o Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, lançado na terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento mais impressionante ocorreu no item inundações. Em 2009, as enchentes – que em 2007 haviam afetado 1 milhão de pessoas – impactaram 3,2 milhões de brasileiros. No item secas, o salto foi de pouco mais de 750 mil para cerca de 1,8 milhão, e nos desastres com causas eólicas e temperaturas extremas, o número de afetados passou de 200 mil para 800 mil.
As informações do atlas foram divulgadas três dias após o fim da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada em Cancún, México.
Em sua sexta versão – a primeira foi em 1937 e a quinta, em 2000 -, a publicação mostra a evolução da proporção de vítimas e dos tipos de desastre distribuídos pelo território brasileiro no período 2007-2009.
O altas revela, por exemplo, que Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Piauí foram os Estados que tiveram a maior proporção de habitantes afetados – entre 12,1% e 15,2%.
No ano passado, os gaúchos foram os mais afetados pelas secas. Do 1,6 milhão de habitantes que sofreram com desastres naturais no Estado, mais da metade enfrentou a falta de chuvas. No mesmo ano, os capixabas foram fortemente afetados pelas enxurradas.
Os números divulgados na terça-feira (14/12) abalam uma crença arraigada no senso comum: a de que o Brasil estaria livre de grandes tragédias naturais que afetam duramente outros países.
Território e Meio Ambiente é o nome de um dos quatro “eixos” do atlas, que, por determinação legal, leva o nome daquele que é considerado o maior geógrafo nascido no Brasil, Milton Santos (1926-2001).
Em suas páginas, disseca questões como uso de agrotóxicos, espécies em extinção, reservas florestais, cobertura vegetal, biomas, queimadas, ameaças à biodiversidade – tudo referenciado em mapas coloridos do Brasil e dos Estados. As fontes são o próprio IBGE e órgãos oficiais, do Instituto Chico Mendes à Fundação Nacional do Índio, abrangendo instituições internacionais, como o Banco Mundial.
Na mapa das Fontes de Ameaças à Biodiversidade, por exemplo, é possível ver a Concentração de Fontes de Ameaças, representadas por uma escala de cores que vai do amarelo (muito baixa) a negro (muito alta). A ilustração expõe a proximidade ou distância de unidades de conservação, por exemplo. O período examinado vai até setembro de 2009. Em outras páginas é possível ver a representação da Poluição Industrial Potencial e do Uso de Agroquímicos.
A primeira, com dados de setembro de 2010, mostra que os Estados que concentram mais poluentes são São Paulo e Minas Gerais. Um gráfico indica que o poluente industrial mais emitido no país é o monóxido de carbono (CO). Sozinha, a indústria metalúrgica responde pela emissão anual de 400 mil toneladas dessa substância. A segunda revela que São Paulo liderou, em 2005 (último dado disponível), o consumo de agrotóxicos, com 55 mil toneladas anuais.
A elaboração do atlas envolveu 40 pesquisadores. De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, exemplares do atlas serão enviados para representações diplomáticas do Brasil no exterior. (Wilson Tosta) (O Estado de SP, 15/12)

 

2 – Criada a Rede Mineira de Inovação Ambiental

A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes) firmou, na segunda-feira, dia 13, parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) para a formação da Rede Mineira de Inovação Ambiental
Com recursos destinados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o objetivo da parceria é identificar conhecimentos teóricos e práticas empíricas sobre inovação ambiental e criar condições para o surgimento de dinâmicas próprias, acelerando processos de inovação de cunho ambiental.
Para isso, a rede pretende ampliar a interação e colaboração para o desenvolvimento de soluções ambientais em Minas Gerais, transformando o estado em referência na questão da sustentabilidade ambiental.
Para o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Alberto Duque Portugal, a rede segue a lógica dos Polos de Excelência, projeto da Sectes que visa potencializar as áreas em que o Estado tem vocação reconhecida, agregando valor por meio da economia do conhecimento.
“Minas Gerais ainda não é uma referência em inovação ambiental, mas nenhum outro estado brasileiro é. E nós temos condições de criar um esforço para que possamos nos tornar referência”, afirmou.
O coordenador do Núcleo de Inovação da FDC, Carlos Arruda, explica que o projeto está dividido em cinco subáreas: água, resíduos e rejeitos, energia renovável, limpeza do ar e biodiversidade. “Já estamos realizando um levantamento em Minas Gerais e no Brasil de centros de estudos e pesquisas, professores e pesquisadores das universidades que estão lidando com essas cinco temáticas. Paralelamente a isso, estamos levantando empresas que têm necessidades de soluções voltadas a essas áreas”.
O objetivo da rede é aproximar essas empresas e os agentes da inovação para promover o encontro de demandas e soluções. “Ao mesmo tempo em que fazemos este levantamento, vamos entender melhor o que significa a inovação ambiental e qual o seu impacto na sociedade, nas empresas e na economia mineira”, afirmou Arruda.
O lançamento da rede está previsto para ser realizado durante a Feira de Inovação Negócios e Tecnologia (Fintec), programada para outubro de 2011. Até lá, vários eventos voltados aos cinco pontos de atuação do projeto vão estimular o diálogo e a busca por soluções. A partir de fevereiro, reuniões temáticas para cada um dos focos passam a acontecer mensalmente.
Para o secretário-adjunto da Sectes, Evaldo Vilela, a formação da Rede Mineira de Inovação Ambiental é uma ação que deve ser encarada como um desafio. “Estamos aqui hoje para tratar do futuro de Minas Gerais. É esta conjunção de esforços que está se desenhando hoje, que vai nos permitir dar um salto de qualidade amanhã”, afirmou.
O presidente da Fapemig, Mario Neto Borges, acrescentou que o projeto trata de dois conceitos importantes: Inovação e Meio Ambiente. “Esses são temas complexos e cheios de mitos. A única forma de dar um tratamento adequado a essas questões é injetar ciência e tecnologia”.
O presidente da FDC, Emerson de Almeida, afirmou que o fato da rede trabalhar com a perspectiva da ação é fundamental. “Gostaria de valorizar a ideia de mobilização de empresas. A partir desta mobilização, este projeto pode se transformar em um multiplicador de ações mais abrangentes”. Contudo, o presidente ressaltou que é importante que a mídia esteja contemplada com ações específicas. “Precisamos pensar neste movimento também como uma ação de sensibilização e mobilização da opinião pública”, concluiu. (Assessoria de Comunicação da Fapemig)

 

3 – Disponível versão eletrônica do livro sobre Recursos Florestais da Caatinga

Está disponível no site do Serviço Florestal Brasileiro (www.florestal.gov.br) a versão eletrônica do livro “Uso Sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Caatinga”, lançado no último mês de novembro, em Recife (PE)
A publicação reúne artigos técnico-científicos resultados de 25 anos de pesquisa, considerando a relevância do manejo sustentável das florestas da Caatinga para o desenvolvimento econômico e social do Semiárido, bem como, sua influência sobre os meios de vida da população. (Assessoria de Comunicação do Insa)

 

4 – Esperança para o urso polar

Se as emissões de gases estufa forem reduzidas, animal símbolo dos impactos do aquecimento global poderá evitar extinção, indica estudo que está na capa da Nature (divulgação)
Um dos maiores símbolos das consequências do aquecimento global, o urso polar pode não estar com seus dias contados. Incluído nas listas das espécies ameaçadas de extinção, por conta do declínio constante de seu hábitat gelado devido às mudanças climáticas, o animal poderá ser salvo, caso haja queda na emissão de gases que provocam o efeito estufa.
A conclusão é de um estudo feito nos Estados Unidos e que está na capa da edição desta quinta-feira (16/12) da revista Nature. Segundo a análise, se o homem reduzir as emissões de gases estufa significativamente nas próximas duas décadas, gelo suficiente permanecerá intacto no Ártico entre o fim do verão e início do outuno para garantir a permanência do urso polar.
Alguns dos cientistas envolvidos no atual estudo participaram da previsão feita há três anos a respeito da extinção da espécie. “O que projetamos em 2007 teve como base o cenário de emissões de gases de então e não consideramos a possibilidade de mitigação nas emissões”, disse Steven Amstrup, pesquisador emérito do U.S. Geological Survey e um dos autores do artigo.
Na época, a análise havia projetado que apenas um terço dos cerca de 22 mil ursos polares sobreviveriam na metade deste século se o dramático declínio no gelo ártico continuasse e que eventualmente eles poderiam desaparecer por completo. No ano seguinte, a espécie foi incluída na lista das ameaçadas de extinção.
O novo estudo tem como base um modelo proposto por Cecilia Bitz, professora da Universidade de Washington, segundo o qual não há um ponto limite que resultaria em uma perda de gelo marinho no verão, promovido pelo aquecimento do planeta, que possa ser considerado impossível de ser revertido.
“Nossa pesquisa resulta em uma mensagem muito promissora e de esperança, mas também de incentivo para que as emissões de gases que promovem o efeito estufa sejam reduzidas”, disse a cientista.
Segundo o estudo, se houver uma mitigação significativa das emissões no futuro próximo, as perdas aceleradas de gelo seriam seguidas por uma retenção substancial do gelo remanescente durante o século. Nesse cenário, até mesmo a recuperação parcial do gelo desaparecido poderia ocorrer.
O urso polar depende do gelo marinho para ter acesso a focas, sua principal fonte de alimentação. Nas vezes em que ele não consegue alcançar o gelo marinho, cada vez mais frequentes, chega a perder quase 1 quilo de peso por dia. Por conta disso, o urso polar é visto como uma espécie de sentinela do ecossistema ártico.
O artigo Greenhouse gas mitigation can reduce sea-ice loss and increase polar bear persistence (doi:10.1038/nature09653), de Steven Amstrup e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com
(Agência Fapesp, 16/12)