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Informativo 374 – Petróleo e leite materno

1 – Petróleo de vazamento entra na alimentação de espécies marinhas

2 – Peixe amazônico produz substância similar ao leite materno

 

1 – Petróleo de vazamento entra na alimentação de espécies marinhas

Não há risco no consumo desses animais, porém, diz cientista
Cientistas dizem ter rastreado pela primeira vez a rápida incorporação de alguns elementos não tóxicos do vazamento da plataforma da BP, no Golfo do México, à dieta dos plânctons.
Ao virar alimento para esses micro-organismos, que são a base da cadeia alimentar da vida marinha, os resíduos do vazamento se espalharam por diversos animais.
Como os plânctons são realmente muito pequenos, os cientistas decidiram mapear as substâncias através de um indicador simples de controlar: a proporção dos diferentes tipos de carbono em micróbios e plânctons próximos à mancha de óleo do vazamento.
Essa proporção importante aumentou 20%, mostrando a presença de petróleo na cadeia alimentar.
Apesar disso, o líder da pesquisa publicada na “Environmental Research Letters”, William Graham, do Laboratório de Vida Marinha de Dauphin Island (EUA), disse não haver indícios de que plânctons, peixes que deles se alimentam ou pessoas que comem frutos do mar estejam em risco.
Segundo ele, trata-se apenas de um marcador biológico que mostra o percurso do carbono derivado do vazamento na cadeia alimentar. (Associated Press) (Folha de SP, 9/11)

 

2 – Peixe amazônico produz substância similar ao leite materno

Peixe ornamental acará disco, comum na região amazônica, produz sobre a pele um muco que serve de alimento aos peixinhos e tem função similar ao leite materno
O peixe acará disco (Symphysodon spp), comum em Barcelos (interior do Amazonas) é um dos protagonistas do festival folclórico da cidade. Porém, algo mais chamou atenção dos cientistas que estudam as características dos peixes na região.
Uma pesquisa de cooperação internacional envolvendo o Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (Adapta), projeto ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), revela que o peixe ornamental tem uma característica própria na hora de cuidar dos filhotes.
O acará disco produz um muco que, segundo os pesquisadores, é rico em nutrientes e tem função similar ao leite materno nos mamíferos. Os estudos foram feitos pelos pesquisadores estrangeiros Jonathan Buckley, Richard J. Mauder, Andrew Foey, Janet Pearce e Katherine Sloman, em parceria com o cientista brasileiro Adalberto Val, coordenador geral do projeto Adapta e diretor do Inpa.
No processo de alimentação, os filhotes “beliscam” a pele dos “pais” para obterem o alimento. O diretor do Inpa afirma que foi necessário desenvolver uma nova tecnologia para realizar o estudo.
“Foi desenvolvida uma esponja especial onde coletamos todo esse material, depois dissolvemos essa esponja no laboratório para fazer a análise. Outro fator importante do estudo foi a descoberta que por meio desse muco há a passagem de substâncias essenciais para o crescimento e imunidade do peixe”, enfatizou.
Ainda de acordo com as pesquisas, os poluentes presentes na água podem ser passados dos pais para os filhotes onde através do muco os filhotes geram uma espécie de defesa. “Alguns poluentes são passados por meio do muco e esse poluentes servem para desencadear um processo resistência e essas substâncias”, declarou Val.
O “desmame”
As pesquisas revelaram ainda que este tipo de alimentação diferenciada para os filhotes se dá em um período de três semanas onde os pais começam o processo semelhante ao de “desmame”. Isso ocorre por apenas três semanas a partir daí o filhote de acará disco já busca seus alimentos motivados pelo afastamento dos pais.
O próximo passo agora é fazer a análise genética para saber quais são os genes responsáveis pelo estímulo à produção do muco com nutrientes que só ocorre no período em que há filhotes.
“O muco é produzido sempre, mas o muco com essa composição só ocorre quando há os filhotes. Deve haver um mecanismo que estimula mudanças da composição química do muco durante aproximadamente três semanas e após esse período tudo isso desaparece e o filhote começa a ter vida independente”, explicou.
A pesquisa foi destaque no site da BBC e deve ser publicada ainda este ano no “The Journal of Experimental Biology”, publicação internacional entre as mais importantes na área de biologia experimental. (Assessoria de Comunicação do Inpa)