Fechar menu lateral

Informativo 358 – Fóssil de idoso humano e Dinossauros eram ainda maiores

1 – Grupo acha 1º fóssil de idoso humano

2 – Dinossauros eram ainda maiores

 

1 – Grupo acha 1º fóssil de idoso humano

Quadril e vértebras de 500 mil anos indicam desgaste causado pela idade em macho de espécie pré-neandertal
Os ossos do quadril e as vértebras que você vê na foto à direita contam uma história de dor e, provavelmente, também de compaixão na Europa pré-histórica. Com mais de 500 mil anos de idade estimada, são o primeiro registro claro de velhice entre ancestrais do homem.
A equipe do paleoantropólogo espanhol Juan-Luis Arsuaga, da Universidade Complutense de Madri, desenterrou os fósseis no sítio de Sima de los Huesos, perto de Burgos (norte da Espanha).
Trata-se de um local já conhecido por sua riqueza em restos de hominídeos, como são conhecidos os membros da linhagem humana: pelo menos 28 indivíduos já foram identificados ali. Mas só agora Arsuaga e companhia se deram conta da condição especial da pelve em questão.
Em artigo que será publicado na edição on-line da revista científica americana “PNAS”, eles analisam em detalhes os ossos e estimam que se tratava de um sujeito do sexo masculino, com mais de 45 anos cujo corpo claramente já andava rateando debaixo do peso da idade.
O sítio de Sima de los Huesos, assim como os demais na chamada serra de Atapuerca, trazem indícios de uma ocupação humana tão antiga que precede até os famosos neandertais, mais tarde senhores da Europa antes da chegada do homem atual.
Para os especialistas espanhóis, a espécie à qual pertencia o idoso era a Homo heidelbergensis, encontrada também em outros lugares do continente, como a Alemanha, e provavelmente ancestral dos neandertais.
Como o próprio nome da espécie indica, ela pertencia ao gênero Homo, o mesmo do moderno Homo sapiens. Eram criaturas de cérebro apenas ligeiramente menor do que o de uma pessoa viva hoje, de compleição troncuda (calcula-se que o idoso de Sima de los Huesos, por exemplo, medisse 1,70 m e pesasse cerca de 90 kg).
Os pesquisadores tiveram a sorte de desenterrar, além da pelve (os ossos do quadril), quase todas as vértebras lombares do sujeito, as quais correspondem à porção inferior da coluna. Detalhes desses ossos sugerem uma rotina de dor para o ancião H. heidelbergensis.
Em várias vértebras, há sinais de que os ossos passaram por um remodelamento de sua forma, resultado do atrito entre eles conforme o sujeito caminhava.
Esse choque constante levou à formação de cicatrizes ósseas, sinal de que houve tempo para as lesões começarem a sarar. Mesmo assim, algumas vértebras ficaram assimétricas, com formato irregular se comparadas com ossos de pessoas saudáveis.
Em parte, estimam os pesquisadores, o homem devia seus problemas de coluna a doenças ósseas congênitas. Por outro lado, suas dores parecem ter sido intensificadas por uma vida de longas caminhadas, provavelmente carregando com frequência fardos pesados (um naco de elefante, por exemplo).
E possível imaginar que, no fim da vida, ele andasse curvado, com os joelhos permanentemente dobrados, por exemplo. O único jeito de alguém assim sobreviver tanto tempo, afirmam os espanhóis, seria ter a ajuda de companheiros de grupo.
Para os paleoantropólogos, ele estaria incapacitado para a caça, mas os membros de sua tribo provavelmente lhe traziam alimento. Por outro lado, as lesões não seriam suficientes para impedir que ele viajasse com o grupo por distâncias moderadas. (Reinaldo José Lopes) (Folha de SP, 12/10)

 

2 – Dinossauros eram ainda maiores

Estudo indica que cartilagens dos dinossauros eram espessas o suficiente para acrescentar até mais de um décimo na altura dos gigantes pré-históricos
Alguns dinossauros eram ainda maiores do que se achava. Um novo estudo concluiu que a cartilagem que conectava os ossos dos gigantes répteis era bem espessa, o que poderia acrescentar até mais de um décimo em sua altura.
A descoberta, publicada na revista de acesso aberto PLoS ONE, da Public Library of Science, tem implicações também em estudos futuros sobre a postura e a dinâmica de movimentos dos dinossauros.
Casey Holliday, professor de anatomia na Escola de Medicina da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, e colegas compararam registros fósseis com a análise dos membros de parentes vivos dos extintos répteis pré-históricos.
“As extremidades de muitos dos ossos longos dos dinossauros, entre eles os ossos da perna, como fêmur e tíbia, são arredondadas, rígidas e não dispunham de estruturas importantes responsáveis pela articulação, como os côndilos, que são projeções ósseas”, disse o cientista.
“Isso indica que cartilagens muito espessas ocuparam os lugares dessas estruturas, formando as juntas. Essas partes, somadas, adicionavam uma altura significativa em algumas espécies de dinossauros”, completou.
De acordo com o cientista, o estudo fornece novos dados para ajudar a entender como e por que répteis e mamíferos construíram suas juntas com tamanha diversidade nas quantidades de osso e de cartilagem.
Holliday e colegas conduziram a pesquisa com avestruzes e jacarés, considerados alguns dos animais vivos mais próximos dos dinossauros, cujos membros são formados por de 6% a 10% de cartilagem. Foram analisados fósseis de tiranossauros, alossauros, braquiossauros e tricerátops.
Os cientistas obtiveram um “fator de correção de cartilagem” para determinar que o tiranossauro, por exemplo, era apenas um pouco maior do que se estimava. Mas o tricerátops e o braquiossauro podem ter sido mais de 10% mais altos. A diferença em altura, no caso do braquiossauro, seria de mais de 30 centímetros.
O artigo Cartilaginous Epiphyses in Extant Archosaurs and Their Implications for Reconstructing Limb Function in Dinosaurs (doi:10.1371/journal.pone.0013120), de Casey Holliday e outros, pode ser lido em:
www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0013120 (Agência Fapesp, 13/10)