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Informativo 294 – Espécies nas profundezas do Oceano Atlântico; Oceano Índico; Ilha em formação e La Niña

1 – Cientistas descobrem espécies nas profundezas do Oceano Atlântico

2 – A ameaça do Oceano Índico

3 – Ilha em formação

4 – La Niña agrava furacões no Atlântico

 

 

1 – Cientistas descobrem espécies nas profundezas do Oceano Atlântico

Acredita-se que algumas espécies estejam próximas da conexão que falta entre animais vertebrados e invertebrados
Cientistas da Universidade de Aberdeen, na Escócia, anunciaram ter descoberto mais de dez espécies marinhas após explorar as profundezas do Oceano Atlântico.
O fotógrafo David Shale, que registrou várias espécies, disse à BBC Brasil que “muitas destas criaturas nunca foram vistas antes”.
Segundo os pesquisadores, o resultado da expedição pode revolucionar o conhecimento sobre a vida no mar profundo.
O grupo usou uma sonda britânica de exploração controlada remotamente e que é capaz de alcançar uma profundidade de 3,6 mil metros.
Entre as criaturas capturadas pela equipe do programa internacional de pesquisas MAR-ECO, foi encontrado um grupo que se acredita estar próximo do elo evolucionário que falta entre animais invertebrados e vertebrados.
Muitas outras espécies raras foram coletadas durante a viagem de seis semanas a bordo do navio de pesquisas James Cook.
O estudo, que utilizou a tecnologia submarina mais recente, ocorreu em junho. (BBC, 7/7)

2 – A ameaça do Oceano Índico

Nível do mar eleva-se além da média global; Nasa registra temperaturas recordes
Uma pesquisa realizada pela Universidade do Colorado, nos EUA, mostra que o nível do mar elevou-se acima da média global em diversas áreas do Oceano Índico. Em algumas regiões, este aumento é de 13 milímetros por década, o que ameaça ilhas e regiões costeiras. A análise de medições anteriores e o monitoramento por satélite feito por 50 anos permitiram atribuir a alteração dos índices às emissões de gases-estufa.

E a situação tende a piorar, se depender de dados divulgados recentemente pela Nasa.
O primeiro semestre de 2010 é o mais quente já registrado, apesar de o Sol estar passando por um período de menor atividade.
Somado ao segundo semestre do ano passado, este foi o período de 12 meses mais quente da história do planeta. O recorde deve-se, em parte, ao fenômeno El Niño, que se despediu no fim de maio. O relatório da agência espacial americana ressalta, porém, que vai depender da intensidade do fenômeno La Niña, que começou a se formar este mês, a possibilidade de 2010 bater o recorde de calor registrado em 2005.
Existência de um país inteiro em xeque
Estudo sobre o Índico, publicado na edição desta semana da revista “Nature Geoscience”, foi o primeiro a analisar o nível do mar naquele oceano, que concentra cerca de 20% da água da superfície da Terra. Em algumas regiões, os pesquisadores constataram não o avanço do mar, mas o seu recuo.
O fenômeno, registrado nas Ilhas Seychelles e no litoral do Quênia e da Tanzânia, faz parte da dinâmica do oceano: a elevação das águas em alguns setores pode levar à sua regressão em outros.
Menor nação asiática, as Maldivas podem ser a principal vítima das oscilações do Índico.
Os pesquisadores verificaram que o mar cresceu durante o inverno ao redor das mais de mil ilhas que compõem o país. Este aumento do oceano é preocupante, considerando que moram 300 mil pessoas no arquipélago, e que sua altitude média é de apenas 1,5 metro acima do nível do mar.
O aumento deste índice pode provocar impactos de longo alcance no clima global. A protagonista dessas transformações seria uma região do Índico próxima à Indonésia conhecida como “piscina quente”. A temperatura local aumentou cerca de 0,5 grau Celsius nos últimos 50 anos. A culpa, também neste caso, é dos gases-estufa.
– Se o aquecimento provocado pelo homem não perder força, as ilhas localizadas no meio do oceano, a costa da Indonésia e a Sumatra podem ser vítimas de um aumento significativo do nível do mar – alerta Weiqing Han, coordenador do estudo. – Usamos diversos modelos oceanográficos e testamos um sistema que prevê, no oceano, as consequências das mudanças climáticas. Nossos resultados mostram que o homem é o responsável pela variação maior do que a média do nível do mar.
Mais secas na África e enchentes na Índia
Os complexos padrões de circulação atmosférica do Oceano Índico também podem afetar as precipitações, forçando ainda mais o ar da atmosfera para a superfície em algumas regiões subtropicais. Essas turbulências provocariam reações desiguais: aumento da seca na região equatorial do oceano, incluindo o norte da África, e enchentes ainda mais graves, como resultado das chuvas de monções, em Bangladesh e na Índia.
Segundo Han, para documentar as mudanças do nível do mar em uma escala global, os pesquisadores precisam conhecer uma série de especificidades regionais, fundamentais para traçar o destino de ilhas e regiões costeiras.
– É importante entender as mudanças regionais do nível do mar. Seu efeito é determinante nos territórios estudados – ressalta. (O Globo, 14/7)

 

3 – Ilha em formação

Geólogos britânicos dizem que fenda existente no norte da Etiópia está se agravando e pode dividir o continente africano em duas partes, deixando uma delas isolada no Oceano Pacífico. Processo deve levar ainda alguns milhões de anos
No futuro, a África terá uma nova geografia. A parte leste do continente será separada, tornando-se uma grande ilha no meio do Oceano Índico. É o que prevê um grupo de cientistas britânicos que vem monitorando mudanças geológicas na região de Afar, no norte da Etiópia. Segundo os estudiosos, uma fenda de 60km de comprimento se abriu na região em 2005 e, desde então, vem crescendo.
“Na depressão de Afar, a crosta mais exterior da Terra, geralmente rígida, com uma placa com 150km de espessura, foi esticada, afinada e esquentada a ponto de quebrar”, descreve James Hammond, geólogo da Universidade de Bristol.
A equipe também observou que rochas quentes e parcialmente derretidas estão subindo para a crosta e estão ou em erupção na superfície da Terra ou resfriando embaixo dela. “O processo vai acabar dividindo a África em duas partes, transformando parte da Etiópia e da Somália em uma grande ilha”, prevê o pesquisador.
A fenda está localizada no Vale do Rift e chega a 3 mil quilômetros de profundidade. Hammond informa que o centro das placas se move constantemente.
“Mais ou menos na mesma velocidade que crescem as unhas das suas mãos”, compara. No entanto, a junção entre as placas ainda está presa, aumentando a tensão – como um elástico sendo esticado. “Eventualmente o elástico quebra, e nós temos uma acelerada explosão de movimento na fronteira entre as placas”, diz Hammond, ressaltando que essas rupturas são raras, ocorrendo uma vez a cada 500 anos no local.
Vulcões
A fenda é resultado de quatro erupções vulcânicas ocorridas na área nos últimos cinco anos. Segundo Hammond, partes de Afar já estão sob a água. “Há apenas uma barreira natural de 25m de altura na Eritreia que impede a água de inundar totalmente o local. Acreditamos que vai levar 10 milhões de anos para entrar água na fenda do leste da África. “Provavelmente isso ocorrerá mais rapidamente em Afar.”
Um monitoramento de apenas 10 dias verificou a grande expansão da fenda. Segundo Hammond, a camada de magma que encheu a rachadura tinha 60km de comprimento, 8m largura e entre 2km e 10km de profundidade.
Para descobrir esses dados, os cientistas implantaram sismômetros para registrar terremotos, estações de GPS para saber como o chão se move e utilizaram métodos geofísicos e satélites para ter imagens da superfície e do interior do solo.
“Observamos as deformações do solo e coletamos rochas para entender mais detalhes sobre os processos geológicos envolvidos. Com isso, nós não apenas monitoramos os terremotos e vulcões, mas também entendemos melhor os riscos”, explica Hammond. “Também construímos imagens de dentro da terra para, desse modo, compreender o sistema de canalização do sistema da rachadura”, acrescenta. (Silvia Pacheco) (Correio Braziliense, 14/7)

 

4 – La Niña agrava furacões no Atlântico

Temporada promete ser a mais intensa desde 2005, ano do Katrina
O fenômeno La Niña, caracterizado por uma queda na temperatura das águas do Oceano Pacífico, parece estar se formando e pode afetar o clima mundial no segundo semestre deste ano, alertou a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira.
A temporada de furacões do Atlântico deve ser a mais intensa dos últimos anos em razão do fenômeno.
A La Niña se segue ao El Niño, que, com seu efeito contrário (aquecer as águas do Pacífico), estava ativo desde o ano passado e se dissipou no início de maio.
Estação de monções da Ásia será agravada Segundo a WMO, embora ainda não esteja totalmente caracterizada, La Niña deverá provocar uma estação de monções mais forte na Ásia e no leste da Austrália, com chuvas mais intensas nestas regiões, além de uma temporada de furacões mais severa no Oceano Atlântico. De qualquer forma, os modelos da agência da ONU não indicam que o fenômeno será particularmente forte este ano.
– Embora seja provável que as condições de La Niña se desenvolvam nos próximos meses, o momento e a magnitude deste evento em 2010 ainda estão incertos – disse Rupa Kumar Kolli, especialista da WMO.
Há alguns meses, a principal agência meteorológica dos EUA já previa que a temporada de tempestades no Atlântico, iniciada em 1º de junho, seria a mais intensa desde 2005, quando o furacão Katrina devastou Nova Orleans e deixou mais de mil mortos.
A principal preocupação agora é com os efeitos destas tempestades no esforço de limpeza do Golfo do México, onde uma plataforma de petróleo explodiu, provocando um vazamento que já dura mais de dois meses.
– Considerando que há a possibilidade de uma temporada mais ativa, os furacões certamente terão o potencial de remexer mais o mar, assumindo um papel maior na expansão da mancha de óleo – afirmou Kolli. – Mas tudo vai depender da trajetória e força do furacão, além de outros fatores associados a cada tempestade individualmente.
Para o Brasil, de forma geral, La Niña costuma ser positiva. O fenômeno oposto, o El Niño, é que costuma causar tempestades mais intensas, calor e seca no país. (O Globo, 7/7)