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Informativo 221 – Solo, Da água para a terra, ameaça invisível, mamíferos e macroalgas marinhas

1 – Invertebrados do solo são bioindicadores de recuperação

2 – Da água para a terra

3 – Ameaça invisível

4 – Regeneração em mamíferos

5 – Macroalgas: mais 20% na rentabilidade de fazendas marinhas

 

1 – Invertebrados do solo são bioindicadores de recuperação

Estudo busca identificar invertebrados do solo que sirvam de indicadores de impacto e/ou regeneração em áreas utilizadas na exploração de petróleo e gás natural
Desenvolver um trabalho de monitoramento da fauna, a fim de detectar invertebrados do solo que sirvam de indicadores de impacto e/ou regeneração em áreas utilizadas na exploração de petróleo e gás natural na Base de Operações Geólogo Pedro de Moura (BOGPM), em Urucu (AM). Este é o objetivo do Grupo de Ecologia de Invertebrados do Solo e Vegetação, coordenado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e integrante da Rede CTPetro Amazônia, Lucille Marilyn Kriger Antony.
Segundo ela, durante os estudos iniciados em 2003 e consolidados em meados de 2004, com o projeto “Invertebrados do Solo como Indicadores de Recuperação de Clareiras formadas em Áreas de Exploração Petrolífera”, verificou-se que, a partir de análises feitas em amostragens do solo de diversas áreas (clareiras/jazidas) antes do início de operações de reflorestamento, “os invertebrados do solo eram os principais organismos afetados pelas frágeis condições edáficas (do solo), exibindo baixa diversidade e queda na densidade populacional de seus grupos em geral, quando comparados aos sistemas naturais”.
Desde então, vários plantios vêm sendo monitorados em diferentes idades de crescimento – alguns destes desde o ano zero (fase pré-plantio) até o presente, perfazendo sete anos ininterruptos de observações. Ao longo destes anos, há dados sobre plantios com três, cinco, sete, nove, 12, 14 e 16 anos de idade – incluindo as áreas mais antigas reflorestadas pela Petrobras.
Quando o sítio que está em processo de reflorestamento começa a mostrar sinais de melhora, visível não só a olho nu em relação à vegetação, mas com solo mais rico em acúmulo de serrapilheira (líter), matéria orgânica, nutrientes etc., os invertebrados também apresentam comunidades mais ricas e populosas.
Se esta melhora for apenas aparente ou sazonal, a resposta dos invertebrados é imediata e refletida em suas populações, que também oscilam, mostrando pouca estabilidade. “Portanto, invertebrados do solo, particularmente certos grupos faunísticos, podem servir como organismos de monitoramento, como ferramentas práticas de diagnóstico de baixo custo”, afirma a pesquisadora.
Desta maneira, estes estudos podem beneficiar tanto os pesquisadores envolvidos em trabalhos de regeneração de áreas degradadas pela ação do homem quanto agricultores envolvidos nas várias modalidades de sistemas de cultivo agrícola.
Os invertebrados mais comuns são formigas, besouros, aranhas, grilos e baratas. Entretanto, dependendo do estágio em que se encontra o plantio, pode ocorrer proliferação de determinado grupo faunístico.
“Por exemplo, na jazida 23 predominaram as aranhas nos estágios iniciais de crescimento do plantio. Nos primeiros dois e três anos era impressionante a quantidade destes animais que caíam nas armadilhas; esta abundância decresceu com a idade e desenvolvimento do plantio. E é por meio de monitoramentos de médio e longo prazos que se pode detectar estas ocorrências”, diz a pesquisadora.
Paralelamente, entre outros estudos realizados pelo grupo está o de prospecção de viroses e injúrias causadas por ácaros do gênero Brevipalpus (Acari tenuipalpidae), na vegetação das jazidas de Urucu e também na região de Manaus.
Os estudos iniciados em 2004 constataram a ocorrência de sintomas locais em plantas. A estes sintomas estavam associadas partículas virais semelhantes às relatadas nos casos conhecidos de viroses associadas a estes ácaros. Há a possibilidade de em algum desses casos tratar-se de CiLV ou de vírus relacionados que podem constituir-se em limitações ao comércio de plantas ornamentais e cultivos agrícolas.
Também foram observados sintomas de viroses na vegetação ornamental da BOGPM. Os resultados desta pesquisa já estão disponíveis (Rodrigues, José Carlos V.; Antony, Lucille M. K.; Salaroli, Renato S. ; Kitajima, E. W. Brevipalpus-associated viruses in the central Amazon Basin. “Tropical Plant Pathology”, v. 33, p. 12-19, 2008).
Metas para 2010
Este ano, em virtude da evolução das pesquisas, o novo projeto coordenado por Lucille, Uso de Invertebrados do Solo e da Vegetação como Medidores de Impacto e Evolução de Plantios em Áreas de Exploração Petrolífera, e como Ferramentas de Diagnóstico no Monitoramento da Restauração de Áreas Degradadas, ela pretende dar continuidade aos estudos de monitoramento da fauna edáfica nos diversos plantios à medida que evoluem.
Com isso, pretende-se detectar indicadores da recuperação dos sistemas, e intensificar os estudos sobre ácaros Tenuipalpidae (grupo fitófago de grande relevância como agente transmissor de viroses na vegetação), bem como dar início aos estudos de identificação taxonômica e molecular dos invertebrados (do solo e da vegetação), até aqui identificados como indicadores.
Uma vez completada a identificação taxonômica e molecular destes bioindicadores, será montado um banco de seqüências de rDNA de invertebrados de origem amazônica, com o objetivo de descrever e classificar novos organismos. “Esta variabilidade genética pode ganhar ainda mais valor quando devidamente organizada, classificada, documentada e disponível para acesso, sempre que houver demanda (quer seja para pesquisa básica ou aplicações tecnológicas), sendo um componente relevante na estratégia de desenvolvimento econômico de um país”, frisa a pesquisadora. (Sara Warghan, Assessoria de Comunicação da Rede CTPetro Amazônia)

2 – Da água para a terra

Fóssil encontrado nos Estados Unidos ajuda cientistas a afirmar que os animais deixaram de viver predominantemente em meio aquático para habitar o solo firme há cerca de 300 milhões de anos
Um crânio de 11,5cm encontrado próximo ao Aeroporto Internacional de Pitisburgh, no estado norte-americano da Pensilvânia, é a resposta para uma pergunta até então misteriosa para a paleontologia: afinal, quando a superfície da Terra começou a ser povoada?
Há 300 milhões de anos, de acordo com uma nova espécie descoberta em 2004 e descrita na edição de ontem do periódico especializado Annals of Carnegie Museum, publicação do Museu de História Natural de Carnegie.
Os ossos pertenciam a um gênero de anfíbio carnívoro que migrou da água para a terra firme 20 milhões de anos antes do que se imaginava. Parecido com uma salamandra, o animal era da família dos tetrápodes, classe de vertebrados terrestres de quatro membros, e viveu no Período Pensilvaniano Tardio, 70 milhões de anos antes dos dinossauros existirem.
A nova espécie foi batizada de Fedexia striegeli, por ter sido encontrada num terreno pertencente à empresa de transporte internacional FeDex. Seu segundo nome é uma homenagem a Adam Striegel, que encontrou os ossos durante uma excursão geológica quando era aluno da Universidade de Pitisburgh.
De acordo com os cientistas, que há seis anos se debruçam no estudo do crânio, o achado é um dos raríssimos fósseis dos primeiros anfíbios a habitar a Terra, sendo que a migração da água para o solo foi consequência das mudanças climáticas vivenciadas pelo planeta naquela época.
Diferentemente de outros anfíbios do Pensilvaniano Tardio, que saíam da água raramente, o Fedexia fazia parte de um grupo extinto chamado Trematopidae, que vivia na superfície terrestre e só entrava no ambiente aquático para se acasalar ou colocar ovos. O sucesso da existência do animal se deu graças à transição do clima da Terra.
No início do Pensilvaniano, as glaciações na região polar sul produziam constantes flutuações na temperatura do globo. O oeste da Pensilvânia, que, naquela época, era próximo à linha do Equador, estava sujeito a tempestades constantes, criando um ambiente favorável à formação de pântanos – que mais tarde virariam grandes depósitos de carvão – e à disseminação dos anfíbios. Por causa disso, o período também é conhecido como “era dos anfíbios”.
Porém, quando o Fedexia começou a se desenvolver, uma grande quantidade da água que circulava no planeta virou geleiras polares. O nível do mar aumentou e uma porção considerável de terra submergiu. Vastas regiões do planeta ficaram secas e quentes, incluindo o oeste da Pensilvânia. Os pântanos e lagos secaram e muitas espécies de plantas foram extintas. Nesse momento, para se adaptar a um clima que passou de tropical para semiárido, a população de anfíbios mudou de predominantemente aquática para terrestre.
Na época, os anfíbios que passaram da água para a superfície se alastraram pelo globo e se tornaram mais abundantes e variados do que os que continuaram dentro dos lagos.
“A mudança climática criou alterações no ambiente físico. Essas alterações no habitat e na fonte de alimentação provocaram um estresse fisiológico na população de anfíbios que, consequentemente, passaram pela pressão da seleção das espécies e acabaram se adaptando”, disse ao Correio David Brezinski, coautor do estudo.
De acordo com outro autor da pesquisa, o paleontólogo David S. Berman, é possível que parentes próximos ao Fedexia já tenham ocupado a superfície da Terra poucos milhões de anos antes, vivendo, porém, em regiões com características geológicas que dificultam a fossilização. Porém, com a mudança climática, os anfíbios se alastraram pelo globo, passando a habitar áreas que favorecem o acúmulo de sedimentos, como o oeste do estado norte-americano.
Lacuna
“Depois de 5 milhões de anos do aparecimento dos anfíbios, temos uma lacuna de 30 milhões de anos no registro de fósseis, até o advento do Período Pensilvaniano”, disse Berman ao Correio. “Esse espaço de tempo é chamado pelos paleontólogos de ‘Romer’s Gap’, em referência a A. S. Romer, da Universidade de Harvard, que, sem dúvida, foi o mais proeminente paleontólogo de vertebrados da segunda metade do século 20. Ele passou grande parte de sua carreira tentando, sem sucesso, preencher esse espaço vazio”, conta o cientista.
Segundo Berman, provavelmente, todas as grandes linhagens do Pensilvaniano e do período Permiano estão dentro desse gap. Não há explicação razoável para a falta de fósseis desse período, a não ser a ausência de registros geológicos de todos os tipos de sedimentos necessários para preservar seus restos”, afirma.
Já o crânio do Fedexia foi tão bem preservado que ele mantém a aparência tridimensional original. Nenhum esmagamento depois de sua morte ocorreu, de forma que todos os ossos estão nos devidos lugares, algo raro, quando se trata de fósseis com milhões de anos. Graças à perfeição do estado do fóssil, os paleontólogos conseguem ter uma ideia de como seria sua aparência.
De acordo com Berman, ele seria como uma salamandra gigante, com meio metro de largura e o corpo coberto por escamas ásperas. A presença de caninos afiados é uma prova de que ele era carnívoro, embora não seja possível dizer exatamente o que comia – provavelmente, insetos grandes ou anfíbios menores que ele.
Primeiros répteis
Esse período geológico ocorreu na sexta fase da Era Paleozoica e é caracterizado pelo aparecimento dos primeiros répteis e a disseminação das florestas tropicais úmidas.
Alguns cientistas o consideram um período independente; para outros, se trata de uma subdivisão do Período Carbonífero.
Nessa época, a geografia do mundo mudou bastante, com a formação gradual do supercontinente Pangeia. (Paloma Oliveto) (Correio Braziliense, 16/3)

 

3 – Ameaça invisível

Pesquisadores se mostram preocupados com o excesso dos chamados interferentes endócrinos na água. Exposição intensa a essas substâncias causa problemas a várias espécies, como a mudança de sexo em peixes
A existência de lixo doméstico e de resíduos agrícolas, industriais e orgânicos nos rios e oceanos, aliada à falta de tratamento adequado, tem gerado efeitos dramáticos em todo o ecossistema. Um tipo específico de contaminação da água pode estar prejudicando animais, fato até hoje pouco estudado pela ciência. 
Invisíveis a olho nu e presentes por toda parte, em especial nas águas do planeta, moléculas conhecidas como interferentes endócrinos estariam provocando alterações nos órgãos sexuais e na reprodução de determinadas espécies, como mostraram os resultados de alguns estudos.
O problema pode estar por trás, por exemplo, do surgimento de moluscos e crocodilos com dois sexos e do fato de ursos polares terem passado a dar à luz poucos filhotes. Paralelamente a isso, os especialistas também passaram a se questionar a respeito dos efeitos dessas moléculas danosas sobre a saúde dos seres humanos.
A queda acentuada na contagem de espermatozoides em homens, observada nos últimos 60 anos, e a chegada da menstruação cada vez mais cedo entre as meninas poderiam estar relacionadas à ação desses interferentes. Porém, é bom lembrar que na área humana nada ainda foi comprovado.
Tais moléculas são velhas conhecidas da ciência. Os interferentes endócrinos podem estar presentes no ar, nos alimentos, na água, e até mesmo em objetos de plástico. Eles têm excelente capacidade de interação com os receptores de estrógenos, que a maioria dos animais carrega na membrana de suas células.
Disfarçados de hormônio, eles produzem uma mensagem enganosa que pode fazer a célula morrer, se multiplicar ou produzir certas proteínas na hora errada. A exposição muito intensa e por um longo período pode levar à feminização de machos e à masculinização de fêmeas. Mas isso vai depender da espécie, da fase de desenvolvimento na qual o animal se encontra e da quantidade de interferentes à qual foi exposto.
Segundo um dos estudiosos no assunto, o químico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wilson Jardim, essas moléculas podem ser novas ou antigas. “A cada ano, mais ou menos mil novas substâncias são produzidas comercialmente. Também existem as já conhecidas, como os hormônios naturais ou sintéticos”, destaca.
Para ele, são inúmeras as evidências de que compostos com comprovada ação estrogênica no ambiente podem alterar o sexo de peixes e o sistema reprodutor de répteis e de pássaros.
“Assim, em locais que recebem altas cargas de esgoto sanitário doméstico sem tratamento, a feminização de peixes é um fato comprovado. Portanto, no tocante aos impactos ambientais, não temos dúvidas de que algo precisa ser feito urgentemente”, afirma o especialista, que há alguns anos estuda a presença de poluentes químicos nas águas que abastecem Campinas (SP) e região.
Além dos estrógenos naturais e sintéticos, o estudo de Jardim constatou a existência de interferentes endócrinos nos compostos usados para a fabricação de plásticos, como os ftalatos e o bisfenol A.
Pesquisas desenvolvidas com animais em laboratório atestaram prejuízo ao desenvolvimento fetal, além de anormalidades nos órgãos reprodutores, a partir da exposição crítica às substâncias. Há evidência de que o bisfenol A tenha aumentado a suscetibilidade ao câncer de próstata em ratos adultos expostos ao composto logo nos primeiros meses de vida.
Concentração
Na opinião da especialista Mary Rosa Rodrigues, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), os interferentes endócrinos existem no planeta desde que o mundo é mundo.
“A diferença é que, hoje, existe uma concentração muito grande de pessoas nas cidades, o que aumenta a quantidade de interferentes e dificulta o tratamento da água descartada, pois os hormônios não conseguem desaparecer por meio de processos naturais. São cargas altas e contínuas”, destaca. Segundo ela, até mesmo os hormônios excretados por fêmeas de mamíferos, como no caso da menstruação, por exemplo, podem ser nocivos.
A curto prazo, de acordo com Jardim, é preciso investir na tecnologia de remoção pós-tratamento do esgoto. “São inúmeras as tecnologias que se mostraram efetivas, em especial a dos processos oxidativos. A médio e longo prazo, porém, seriam necessários mais investimentos em tratamento de esgoto, um dever do Estado pouco praticado”, alerta o pesquisador da Unicamp.
Jardim explica, ainda, que são necessárias mudanças na prática de venda e de disposição de fármacos. “Muitas vezes, o médico receita sete comprimidos de um determinado antibiótico, mas a indústria farmacêutica produz apenas embalagens com 12. Alguns órgãos recomendam que as drogas vencidas sejam dispostas em vaso sanitário, o que é incorreto. O ideal é que seja feita a devolução nas farmácias ou em locais específicas, para que o descarte seja realizado pelo próprio fabricante”, sugere. (Gisela Cabral) (Correio Braziliense, 15/3)

 

4 – Regeneração em mamíferos

Cientistas removem um único gene em camundongos e conseguem promover regeneração de tecido sem formação de cicatrizes. Estudo será publicado pela “Pnas”
Um grupo de cientistas nos Estados Unidos descobriu um gene que pode estar envolvido na regeneração em mamíferos. De acordo com a pesquisa, a ausência do gene, chamado de p21, deu a camundongos capacidade de regenerar tecido perdido semelhante à de alguns répteis e vermes. O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Diferente do que ocorre normalmente em mamíferos, que curam feridas externas por meio da formação de cicatrizes, a perda do gene p21 fez com que as células dos camundongos geneticamente modificados se comportassem mais como células-tronco embrionárias do que como células adultas.
Os resultados fornecem evidência sólida da relação entre a regeneração de tecidos e o controle da divisão celular. “Como uma lagartixa que perdeu um membro, os camundongos no estudo substituíram tecido perdido ou danificado com tecido sadio e sem sinais de cicatrizes”, disse Ellen Heber-Katz, professora do Instituto Wistar, na Filadélfia, que liderou o estudo.
“Estamos apenas começando a entender as repercussões dessa descoberta. Mas entendemos que esse é um caminho a seguir”, disse. A pesquisadora e colegas usaram os camundongos geneticamente modificados para tentar resolver uma dúvida levantada em 1996 em seu laboratório.
Naquele ano, os cientistas perfuraram as orelhas de camundongos modificados de modo a poder distingui-los em estudos. Algumas semanas depois, foram surpreendidos ao verificar que os furos haviam sumido sem deixar sinais.
Desde então, o grupo deu início a uma pesquisa, em colaboração com outros institutos norte-americanos, com o objetivo de mapear os genes que estariam envolvidos na capacidade de regeneração observada.
Os cientistas verificaram que as células nos camundongos modificados se comportavam de maneira atípica, com diferenças profundas em características do ciclo celular em relação aos demais animais.
Após muitas análises genéticas, o grupo conseguiu identificar que o p21, que está envolvido no ciclo celular, estava consistentemente inativo em células das orelhas dos camundongos que tiveram a regeneração dos tecidos perfurados.
Em seguida, os cientistas reproduziram nova linhagem de camundongos, dessa vez com a remoção propositada do gene p21. A capacidade de regenerar tecido lesionado foi facilmente observada.
O artigo “Lack of p21 expression links cell cycle control and appendage regeneration in mice” (doi:10.1073/pnas.1000830107), de Ellen Heber-Katz e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da “Pnas” em www.pnas.org. (Agência Fapesp, 16/3)

 

5 – Macroalgas: mais 20% na rentabilidade de fazendas marinhas

 

Os maricultores de Santa Catarina podem contar com uma opção extra de renda e trabalho. Além das ostras e mexilhões, poderão cultivar a macroalga, que está em ascedência no mercado brasileiro. A gelatina de carragenana, derivada da macroalga, é importante para indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética. Ela está presente em diversos produtos como cremes, batons, sorvetes, tintas, enlatados, embutidos.

O mercado mundial de macroalgas movimenta, anualmente, cerca de R$ 1 bilhão. Só o Brasil importa R$ 13 milhões da gelatina, mas pode mudar este quadro de importações. Como os países asiáticos, principais produtores de macroalga, estão sendo muito afetados com problemas naturais, como tsunamis, o cultivo do vegetal marinho na Ásia está passando por dificuldades, o que abre caminho para o Brasil se destacar no setor, como explica o pesquisador Alex Alves dos Santos, da Epagri.

— A macroalga já é cultivada em São Paulo e no Rio de Janeiro e nós estamos trazendo o cultivo para observar o crescimento dela aqui em Santa Catarina. O nosso receio era que ele não respondesse bem no crescimento porque as nossas águas são mais frias do que o litoral paulista e fluminense, mas tivemos bastante sorte e ela se adaptou muito bem ao sul do país. O mundo está com a atenção voltada para o Brasil, na produção desta alga, por causa dos problemas que estão acontecendo na Ásia. É um mercado importante que abre mais um caminho para os maricultores brasileiros — comemora Santos.

Como o projeto das macroagas no sul tem relativamente pouco tempo (dois anos), os resultados em relação a ganhos financeiros ainda não podem ser conclusivos, mas o que está acontecendo até agora é que a rentabilidade das fazendas marinhas têm aumentado em 20% com o cultivo da alga. A recomendação é que ela seja cultivada juntamente com os moluscos, pois a alga melhora a qualidade da água para eles.

— Os vegetais marinhos são fáceis de serem cultivados. Imaginamos que eles sejam cultivados em consórcio com os moluscos, porque no momento em que as algas marinhas conseguem melhorar a qualidade da água porque extraem o excesso de nitrogênio e fósforo e usam estes nutrientes para aumentar sua biomassa — explica.

Outro benefício da atuação das macroalgas em conjunto com as ostras e mexilhões é o combate à maré vermelha. Como a macroalga compete por alimento com as microalgas (causadoras das marés vermelhas), o fenômeno, que causa prejuízo aos maricultores, será menos frequente em decorrência desta competição por nutrientes.

Com ótimos resultados obtidos, o próximo passo do projeto é estendê-lo para outros nove municípios do litoral de Santa Catarina, de São francisco do Sul até Palhoça. Segundo o pesquisador Alex Alves dos Santos, só falta a liberação do Ibama e do Ministério da Pesca e Agricultura. Fonte: NEWSLETTER DIÁRIA – Tecnologia em primeira mão, Juliana Royo.